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6.12.07

MÓNICA E CESÁRIO - 2

Dr. Barreiros: fico lisonjeado com a comparação com Jorge de Sena, nas suas palavras, um "compulsivo maledicente". Dá-me ideia que já li o que tinha a ler - livros - de Maria Filomena Mónica, da mesma maneira que penso que ela já escreveu os livros que tinha a escrever. Repare que, praticamente desde as gloriosas "memórias", Mónica não prodigaliza um parágrafo aproveitável. E já estou a incluir no balanço quase todos os parágrafos das referidas "memórias". Pessoa/Caeiro, um panteísta como Cesário é, por sinal e na minha modesta opinião, o menos suportável dos heterónimos. Mesmo a famosa referência de Campos ("mestre, meu mestre querido...") não chega para fazer esquecer os irritantes transportes campestres do poeta "guardador de rebanhos". Quando tinha 17 anos, apreciava e comovia-me com tanta verdura. Aos 47, é-me impossível.

4.12.07

MÓNICA E CESÁRIO



Maria Filomena Mónica escreveu um livrinho sobre Cesário Verde que não tenciono ler. Por causa da proeza, Mónica não tem parado de conceder entrevistas e, num artigo do Público de hoje, dá conta das suas melancólicas deambulações aos locais onde nasceu, viveu, trabalhou, passou e morreu o poeta de "o sentimento de um ocidental". Sempre gostei de Cesário mas jamais me passaria pela tola erguê-lo a "exemplo" da melhor poesia portuguesa. Joel Serrão redigiu uma bela "explicação" sobre o bardo para a velhinha edição da Portugália e, se bem me lembro, Jacinto Prado Coelho tem um ou dois ensaios concludentes. Mónica apenas se "apaixonou", como uma previsível adolescente, pelos versos de Cesário e, evidentemente, pela sua curta vida, aliás, pouco entusiasmante. O artigo do Público é esdrúxulo e não põe nem tira nada ao que interessa para a "compreensão" da poesia de Cesário Verde ou da já mencionada inexcitante vida do autor. Ao falar de Cesário, como de costume, Mónica fala dela própria e do seu caprichismo burguês. Deu voltas e voltas e acabou na Lapa, mais exactamente no quentinho pequeno-burguês da casa dela. Ficam-lhe mal estes ademanes solipsistas. Experimente antes um piquenique.