11.12.07

O SENHOR REITOR

Concordo com o governo no que respeita à figura do director da escola. Quando entrei no liceu - um liceu "progressista", o D. Pedro V, em Lisboa, mesmo antes do "25" - havia um reitor, lá professor. No PREC, o reitor foi sumariamente despedido e substituído por "eleições democráticas dos órgãos de gestão das escolas". Vieram os "conselhos directivos" constituídos por estimáveis criaturas oriundas dos partidos, em primeiro lugar, e da escola, depois. As "associações de estudantes", que supostamente "dialogavam" com o "conselho directivo", e a sinistra figura da "assembleia de escola", uma espécie de revolução institucional permanente que assegurava a "democraticidade do ensino", faziam o resto. Estas falácias condenaram as escolas, os liceus e as várias gerações de alunos ao controlo da FENPROF, à incompetência, ao oportunismo político, à indisciplina e à atomização da responsabilidade. Não há que ter medo das palavras.Bem vindo, senhor reitor.

12 comentários:

VANGUARDISTA disse...

Foram precisos 33 anos para se perceber que na escola, na fábrica, no campo, no barco, na família… Um só a mandar e os outros obedecem!
Um barco com mais de um comandante , encalha ou vai ao fundo!
Por sinal o Reitor do D.Pedro V, de 71 era um bom “traste”! Talvez por ser já então um “progressista”!
Ou eu vinha mal habituado dos Salesianos, onde fiz a primária e o preparatório, e caí no meio da selva progressista, onde irremediavelmente chumbei, sendo remetido para o Passos Manuel, para uma “turma de repetentes”, onde tropecei no 25 Abril 74, nas RGA’s, nos C.D. de professores recém alinhados em comunistas, no Miguel Portas (que até era, para a época, um esquerdista decente e educado) e num rol de javardos (professores e alunos) que me quiseram “sanear” (imagine-se: um puto “fascista” de 14 anos que ia para a escola de Mobilette).
Voltei para o D.Pedro V em 75, para defender a “casa” do cerco dos Srs. Operários do Metro e aturar o C.D. progressista.
Tanto progresso só poderia dar merda!

Apache disse...

O problema não está no “Reitor” (como lhe chama), em qualquer organização há um líder. O problema é que esse “Reitor” vai ser nomeado pelo órgão sucessor das actuais Assembleias de Escola, um organismo onde estão representados, os professores, os encarregados de educação, os alunos, autarquias e as associações locais. Quer mais partidarismo e clientelismo que este?

Anónimo disse...

O problema é que essa figura não vai ser o mais capaz e o mais competente. Vai ser o do cartão partidário que está a dar, vai ser o mediocre que se sabe insinuar nos corredores certos, vai ser o ignorante cheio de prosápia de reformas idiotas...mas enfim, apesar disso, melhor do que a irresponsabilidade e a bandalheira dos últimos trinta e três anos apetece dizer que qualquer solução serve.

Anónimo disse...

contei 22 aspas, não sera capaz de melhor?

Carlos Sério disse...

Claro, bem vindo senhor reitor.
O professor que até aqui era além de professor, pai, mãe, assistente social, administrativo, gestor, orientador pedagógico, etc, etc, que via chegar às aulas alunos maltratados e com marcas de violencia, e que comunicava com a assistencia social da Câmara, com o Tribunal de menores, com a família, etc, etc, agora fica mais sossegado. Basta-lhe escrever num papel, senhor reitor, na minha aula,apareceu ... , tocar a campainha, e mandar a empregada entregar a missiva ao senhor reitor. Para sossego dos professores bem haja o novo regulamento.

Anónimo disse...

estou certo de que não é a presença ou não de um 'reitor' (figura quase paternal) que vai resolver os problemas do ensino e das escolas.

não é o problema da sua eleição ou de como é feita, e por que é feita, ou deixa de ser que vai tirar ou acrescentar legitimidade ao que ele fizer ou não fizer.

curem em saber, além das trivialidades invejas e rancores do costume, que competências terá essa figura. a quem presta contas, como e quando. cuidem lá de saber se ele pode ou não contrariar as 'directvas pedagógicas', ou mesmo os programas idiotas que o ministério da educação impõe ás escolas alunos professores.
se nada puder quanto a estas coisas, será mais uma figura no protocolo municipal.

mais do mesmo.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Seja qual for a organização em causa, os seus lugares de topo são ocupados por pessoas da confiança do "dono" - para usar uma linguagem chã.

Tratando-se de organizações "fechadas" (partidos, clubes desportivos, associações profissionais, recreativas, etc.), esses lugares de topo podem (e em geral são-no) ser ocupados por escolha entre os seus membros.

Mas, inversamente, numa organização aberta, isso já não é assim; numa empresa, p. ex., os chefes dos serviços não são eleitos pelos funcionários, pela simples razão de que os donos das empresas não são eles.

Da mesma forma, se uma instituição de ensino PRIVADA quiser eleger quem mande nela, é lá consigo;

mas uma outra, pública, está noutras condições: o dinheiro que movimenta não é apenas de quem paga as propinas mas também (ou essencialmente) dos contribuintes todos.

Por isso, é perfeitamente aceitável (para não dizer mesmo EXIGÍVEL) que os representantes de quem paga o ensino tenham a última palavra sobre quem gere os respectivosestabelecimentos.

Se tem o nome de "reitor" ou de "director", pouco interessa para o caso.
.

Anónimo disse...

É de ficar estarrecido perante o facto de ainda existir alguém que acredita nestes governantes e neste país! Haja coerência!
Não sejam como o outro que quando olhava para o mundo era como se fosse sempre a primeira vez. Deixemos a poesia ser tratada como uma coisa séria!

Anónimo disse...

Esta medida tão bem cogitada, mais não será que o enxamear das escolas por comissários políticos de incompetência larvar, que não têm qualquer noção do que é dirigir uma escola. Naturalmente que os rankings das Escolas q terão um futuro Director subirão abissalmente, mais não seja para que as estatísticas de Portugal junto da União mostrem um país repleto de licenciados, desculpem de mestres, não queria dizê-lo de doutores. Assim q é!

Carlos Medina Ribeiro disse...

«Esta medida (...) mais não será que o enxamear das escolas por comissários políticos (...)»

Talvez tenha razão. Mas, se a alternativa é a situação actual (cujos resultados são bem conhecidos), estou como diz um velho amigo meu, cínico em relação a estas e outras coisas de igual jaez:

«Como não sou especialista, não sei se é bem ou se é mal. Por isso, guio-me pelos resultados...»
.

Anónimo disse...

Também andei no D. Pedro V antes do 25 de Abril, e relembro agora o que aqui se disse.

O reitor era um homem entradote e coxo, e a alcunha dele era "sobe-e-desce" por causa da maneira como andava. Morava numa transversal à Av. do Brasil e não era mau tipo: sendo de poucas palavras, quando a bronca ia grossa acabava por tentar safar os alunos envolvidos.

Pior que ele era um primo de Marcello Caetano, alto e careca, que tinha um Rover 2000 TC, e a quem apelidávamos de "careca megalítico".

Digo eu...

Saloio

Anónimo disse...

Embora ainda não tenha lido no original a nova lei de gestão, encaro também com agrado a nova figura de reitor ou director, pelo menos numa primeira análise, sobretudo se lhe retirarmos todos os alibis para fugir à responsabilidade de gerir os destinos da escola. Seria bom que mudasse de vez a forma de tomada de decisão que consiste em transferir sempre para baixo a resolução de problemas (muitos criados pela legislação da tutela)e respectiva responsabilidade. Mas será que com a nova lei de gestão se porá fim à desresponsabilização? A culpa deixará de ser "do Conselho pedagógico que assim aconselhou", "do coordenador disto e daquilo que assim decidiu"? Ou continuará tudo na mesma, no CE estará, como agora, quem quer lá estar de entre os amigos do regime instalado na escola- não necessariamente na assembleia que é mais cosmética que outra coisa, reune de vez em quando a ratificar o que os lobbies fizeram passar no Pedagógico (este, apesar de consultivo, ainda risca actualmente o essencial). O que há na nova lei que impeça que o Director ratifique simplesmente eleição dos coordenadores em vez de os nomear e assumir a responsabilidade dessa nomeação? O que o impede de cumprir escrupulosamente o que o Pedagógico decide, em tudo o que não contrarie a tutela?
Não será que vai continuar tudo na mesma com a agravante de que o senhor director passa a ser mais controlado pelos partidos directamente, via câmaras municipais, se articularmos isto com o projecto de municipalizar também as escolas secundárias?
Eu já defendi a gestão dita "democrática" mas hoje nada de democracia existe na eleição de uma única lista de pessoas bem ancoradas, que irão obedecer canilmente às ordens mais ilógicas, às determinações mais idiotas ou mesmo "ilegais" que venham da tutela, por qualquer via sobretudo a telefónica que é a mais adoptada (percebe-se porquê) pela actual equipa ministerial....
O que impede de chegar a reitor quem não tem uma ideia sólida para a escola nem uma filosofia educativa e muito menos um projecto educativo???? A explicitação destas questões não acontece em lado nenhum, o "Projecto educativo" continuará a ser, na maioria das escolas, um conjunto de princípios gerais vindos da treta do "eduquês" e da escola "inclusiva" e tudo continuará na mesma....perdoem-me o pessimismo.