
A "globalizaçao" liquidou o prazer de viajar. Encontramos mais dos mesmos por todo o lado. Gente indiferenciada, vestida a preceito - as calças a caírem dos rabos, os capuzes, o negro, o Ipod -, contingentes de reformados, de gordas e de gordos, de mulheres e de homens com ar lésbico, de fotógrafos amadores que tiram retratos a tudo o que mexe, de ingleses das claques de futebol que mal sabem falar a língua deles. A Rambla de Barcelona podia ser no Rossio ou no Intendente. Pássaros, "estátuas" que mexem ao som da moeda, "pintores", "cantores", é toda uma fauna insuportável a que o "turista" acha graça. O "multiculturalismo" invadiu as principais cidades europeias. O mau gosto que lhe está associado, também. Praticamente só se suportam as actividades ditas "elitistas", no meu caso, ir à ópera. As pessoas que a frequentam poupam-se da rua durante o dia e, depois, desaparecem para casa rapidamente. A horda "democrática" é ridícula e, graças ao "low cost", tornou-se perigosamente ubíqua. Chegados a este ponto, dá-me ideia que se viaja melhor num livro, numa ópera ou num concerto de Juan Diego Florez do que andando por aí. Já há quanto basta de figuras tristes.