Simpatizo politicamente com Rui Rio. Aprecio o seu germanismo, a forma pragmática como lida com as coisas. Deu-me gozo as derrotas que infligiu ao PS do Porto, uma seita corporativa da pior espécie. E a maneira como obrigou à normalização das relações entre a política e o futebol. Dito isto, fiquei satisfeito com a absolvição do Augusto M. Seabra pelo Tribunal da Relação do Porto depois do autarca portuense o ter processado por ter sido apelidado de "energúmeno" num artigo sobre o trambolho da Casa da Música. Os advogados da Câmara - e Rio - reagiram mal e pretendem recorrer com um argumentário idiota baseado na figura quase sagrada e institucional do presidente da Câmara. Pretender que existem vacas sagradas só porque são eleitas é um mau sistema. Nem as vacas são sagradas - não existe tal - nem a circunstância da eleição representa bondade de per si. O regime - do topo às juntas de freguesia - está prenhe de gente irrelevante, medíocre e esquecível que não o deixa de ser tal por ter sido eleita. Não é o caso de Rui Rio o que lhe confere maiores responsabilidades em não espremer esta teta seca. A liberdade de expressão, a crítica e a acrimónia fazem parte do pacote democrático. Da mesma maneira que saudei as vitórias de Rio - e muitas mais, nacionais ou outras, lhe desejo - também me regozijo com o acórdão da Relação do Porto, uma boa peça para esfregar na cara daqueles que, fazendo parte da "elite" do regime, se imaginam mais iguais do que os outros.
6 comentários:
Plagiando respeitosamente:"(O dr.)Rui Rio é dos poucos políticos que podia convidar para jantar sem temer pelas pratas".
Acrescente-se que é um dos que verdadeiramente se interessa pela "res publica",sem demagogia e com um bom-senso quase ímpar neste país de opereta.
Eu estou de acordo.Rui Rio tem dado provas de uma indepedência notável.Isto incomoda muita gente.Tanto, que se RR tivesse o mais pequeno rabo de palha, há muito que teria sido cilindrado.
E, com todos os defeitos que certamente tem,está muinto acima do nível a que estamos habituados na nossa classe política.
Tenho alguma dificuldade em compreender o epíteto de energúmeno.
O Tribunal verá as coisas por outro prisma.
Também gosto do Rui Rio.Os jacobinos do Porto não gostam dele, mas deviam...
Excelente texto, que subscrevo na íntegra, mas que considero ser excelente, para além da minha subscrição.
Caro João Gonçalves
Essa é boa: "normalização entre política e futebol"!!!!!!! Não se esqueça de referir:
– Normalização entre política e cultura
– Normalização entre política e interesses públicos
– Normalização entre política e toxicodependência
– Normalização entre política e urbanismo (está por dentro do projecto da Av. Infante D. Henrique????)
– Normalização entre política e funcionários da CMP
– e por aí fora...
Gosto muito destas criaturas (ou poderei chamar ainda pior?) que falam, falam, falam, sobre a cidade do Porto e sobre a região Norte e não percebem nada do que lá se passa. Ou melhor não querem perceber. Tem todo o direito de gostar de RR. Eu até percebo: é um energúmeno que não incomoda ninguém na capital, está mortinho por sair da cidade, não defende NADA os interesses nem da cidade nem da região. O caso La Feria, a passar-se na capital, iria certamente provocar urticária. Mas como é lá para o norte até se diz que o homem é "dedicado", "respondável", "credível". E o exemplo do futebol é o pior que se pode dar porque é muito fácil contra argumentar. O jb fez isso muito bem.
Viva os energúmenos!
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