O senhor conselheiro Pinto Monteiro voltou a falar. Depois do episódio do telemóvel com uns ruídos esquisitos e da "corte" do MP que ele aparentemente não domina, o procurador-geral vem agora defender publicamente a "corte" contra o poder político e "ameaçar" com a sua saída se as magistraturas forem "funcionalizadas". Pinto Monteiro sabe que apenas a judicial é órgão de soberania. A sua, é hierarquizada e, pela segunda vez em pouco tempo, o senhor conselheiro demonstra não a dominar. Ou seja, não é tanto o poder político que pretende "controlar" o Ministério Público. É Pinto Monteiro quem não "controla" a sua estrutura. Sempre fui adepto da colocação do MP sob a alçada do ministério da Justiça, por isso estou à vontade para escrever isto. A justiça, depois das alterações ao penal e ao processo penal, ficou mais perigosa do que já estava. Algumas decisões judiciais recentes de tribunais superiores são de levar as mãos à cabeça. Os advogados estão demasiado centrados nas suas excelsas pessoas e na sua gloriosa corporação e, por último, Alberto Costa não existe. Existe apenas a vontade horizontal do PS socrático de tudo controlar. É mais seguro ter uma criança numa ambulância dos bombeiros a caminho de Badajoz do que recorrer à justiça. A "cultura" da justiça portuguesa é, no essencial, anti-democrática. Com a sua entrevista - ninguém na posição do senhor conselheiro "ameaça" demitir-se: demite-se mesmo ou mais nada - Pinto Monteiro veio lançar combustível à queimada lenta de um "sistema" arruinado, profundamente injusto e socialmente inadequado. É bom que pense duas vezes antes de voltar a falar.
5 comentários:
Amigo João.
Desta vez concordo plenamente consigo.
O problema não é o MP ficar na tutela do MJ, o problema é que o MP perde o seu "condado", e por conseguinte as suas "fazendas", "herdades" e "quintas".
Mas entendo que uma coisa é o MP ficar debaixo da tutela do MJ, outra é os Magistrados e o Juízes serem funcionários públicos.
A imagem dos FP já é má que chega, não precisam de a tornar pior.
O problema destas discussões, que deviam ser saudáveis e úteis, é que grande parte delas são “Show-off”.
Quer o nosso governo, quer as outras partes, estão mais interessados em defender a sua posição, custe o que custar (nem que seja preciso mentir e atirar barbaridades para os jornais e televisões), do que explicar as suas posições com verdade e principalmente ouvir os outros!
Um Abraço.
Nuno Costa.
Veja o João Gonçalves onde já vão as declarações do Procurador-Geral e, sobretudo, "misturadas" com o quê. [O excerto que reproduzo está no «Daily Mail» de hoje]:
- «Portuguese police have admitted before they believe the chances of finding Madeleine alive are slim - but never so blatantly as the country's Attorney General.
Earlier this year tough-talking Pinto Monteiro compared Portugal's public prosecution service to a medieval fiefdom in an extraordinary attack.
He also admitted he had no control over the police and could not guarantee they were not acting outside the law».
caro joão,
permita-me esta achega ao tema:
http://setevidascomoosgatos.blogspot.com/2007/11/todo-n-e-de-toalha-cintura.html
«O PGR deu mais uma entrevista, desta vez à Visão.
Nela afirma «Haver alguns sinais de que pode estar em perigo a autonomia do Ministério Público».
À consideração do PS que está no código genético dessa autonomia desde os tempos de Salgado Zenha».
(MF, nos «Bichos Carpinteiros»)
Como é que um homem que tem o sentido de humor de Medeiros Ferreira apela, ainda, ao código genético do PS ? Acho que vou passar o 25 de Dezembro com ele e tentar persuadi-lo de que o Pai Natal já não traz brinquedos ...
Cavaco e Sócrates deviam pô-lo na rua,JÁ!
Com este senhor não vamos a parte nenhuma.
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