16.4.10

PORTUGAL 2010 OU A BARRACA DE FEIRA


«Os 2 mil milhões de euros, que [a RTP] gastou desde 2003 (13 por cento do défice de 2009), vieram directamente do bolso do contribuinte. Queremos nós sustentar em pura perda esse melancólico emblema do desleixo e da prodigalidade indígena? Uma sugestão: que se venda a RTP e os seus nove canais. E se, como é natural, não aparecer quem compre, que se feche a RTP. Basta o que basta.»

Vasco Pulido Valente, Público

«A televisão tem esta arte de transformar em barraca de feira tudo aquilo em que toca, incluindo a espiritualidade. Ao contrário de Teresa Guilherme, que realmente acreditava naquelas palhaçadas (Programa do Além, SIC, 1997), Júlia Pinheiro não mostra verosimilhança. Mesmo assim, este programa da TVI terá um lugar muito especial na História da Televisão em Portugal, porque, pela primeira vez em décadas, a Pinheiro não grita. Como se estivesse na casa mortuária, graças à gente do "outro plano" ela fala baixinho: Yes, she can! Os mortos têm muita dificuldade em expressar-se, mas Germain tem muita lábia. Fala por eles. Diz banalidades em voz doce e anda ali às apalpadelas até ver se acerta nalguma coisa. No caso de Marina Mota, não acertou numa. A medium diz que há imenso ruído na comunicação post-mortem, como nos telemóveis sob escuta. Mas enquanto houver gente viva, dinheiro para pagar-lhe e audiência para o circo, os "mortos" darão vida a Depois da Vida. Bem hajam os mortos que sintonizam nas frequências da TVI. Pudera que contassem também para as audiências.»

Eduardo Cintra Torres, idem

«Devemos ser gente antiquada incapaz de apreciar o empreendedorismo dos novos fura-vidas, pessoas fora de moda neste país que, face a tanta pornografia, apenas encolhe os ombros. Para mais, o líder do principal partido da oposição entende que tais temas - os que têm a ver com esse detalhe sem importância que é o carácter dos homens públicos - não são temas que mereçam ser discutidos e que o mais importante é rever depressa a Constituição. A maioria dos comentadores aplaudiu e os jornalistas colocaram-no em "estado de graça". »

José Manuel Fernandes, idem

3 comentários:

Anónimo disse...

Quando as manobras financeiras de transvase já não resolverem o pagamento de salários do Estado, o país das telenovelas acorda e deixa de encolher os ombros.

Anónimo disse...

Enquanto houver migalhas na mesa do orçamento, a canalha há-de saciar-se, sem se preocupar com o abismo que nos espera.

Alguém receberá a factura, e aí o tornado sugar-nos-á a todos, porque a rataria desaparecerá rapidamente deixando os incautos na mais profunda miséria.
Cps
S. Guimarães

Anónimo disse...

Portanto, e segundo as contas de Vasco Pulido Valente - nas quais eu confio cegamente - em 7 anos, os 9 (nove!...) canais da RTP custaram ao contribuinte 2000 milhões de Euros. Delicioso. No entanto, dois submarinos, cuja renovação acontece de 40 em 40 anos, custarão cerca de 900 milhões (este preço foi inflacionado pelo esquema "leasing" a pretexto de poupança) e agita-se o cardume das carpideiras modestas. Manada de traidores! Vara de proxenetas! O que a RTP fez de ÚTIL neste meio-tempo poderia ter sido realizado com um estúdio, dois apresentadores (para mim um "pivot" é uma dobradiça axial), um electricista, a menina Olívia (aderecista) e um "rapaz das voltas". 900 milhões a dividir por 40 anos dá 22.5 milhões / ano; 2000 milhões a dividir por 7 anos dá 286 milhões / ano. Vão mas é mamar no Caneiro-de-Alcântara.
Ass.: Besta Imunda