17.2.05

DOMINGO, MALDITO DOMINGO

A partir da noite de hoje e durante o dia de amanhã vamos ser inundados por sondagens. Ao meu telemóvel, por amizade, chegou parte da sondagem do Expresso, já que omite a percentagem de indecisos e de abstencionistas. Não julgo que haja, nesta matéria, grandes novidades. Domingo promete-nos, e aos partidos, algumas certezas e demasiadas dúvidas. A certeza é a vitória do PS. Daí para diante é só dúvidas. A primeira diz respeito ao PS e é a questão decisiva destas eleições. O Partido Socialista chega a domingo sem saber se leva no bolso a maioria absoluta. Isto acontece porque nem o país tem a certeza que o PS a merece, e nem o PS se apresentou ao país em condições de inequivocamente a merecer. Outra incógnita é a dimensão da derrota do PSD. Não deverá ser tão profunda e humilhante como se poderia prever. O PSD mantém um "núcleo duro" de confiança que na hora do voto se deve manifestar, independentemente do desastre Santana Lopes. O PP está no mesmo "barco". Não deve nem merece alcançar os dois dígitos. Esta rídicula "fase terminal" de alegada disputa de deputados com o PS não lhe vai servir para nada. A CDU/PCP, a mais honrada campanha, não sairá muito prejudicada destas eleições e o BE deverá crescer em votos e deputados sem que isso represente necessariamente a "terceira" força. Restam os indecisos e os abstencionistas. Até à 25ª hora os partidos vão tentar tudo para que uns se decidam e para que os outros votem. Visto do lado destes, que não é o meu, a motivação para se mexerem deve ser ínfima. Esta campanha foi demasiado pequenina para os problemas que estão aí para resolver. Os portugueses vão votar desiludidos. Desiludidos com o passado, com todos os passados, e desiludidos quanto ao que aí vem. Faltou realismo a esta campanha justamente no momento raro em que os portugueses estavam disponíveis para o realismo. A ética é estarmos à altura do que nos acontece, com ensinava o filósofo. Depois desta miséria, é só isso que podemos esperar para nós no domingo.

Sem comentários: