UM CHÁ NO DESERTO
Ficou-se a saber que será um magnata árabe o futuro detentor dos créditos do Estado, uma espécie de "cobrador do fraque" de luxo. A ideia é que ele "adiante" esse dinheiro "mal parado" ao Estado e que se entenda depois com os devedores. Penso que não será preciso arranjar explicador para se perceber que o essencial da "consolidação" orçamental passa muito mais pelo lado da "receita", num combate "a sério", do que pelo lado da incorrigível "despesa". E que a obsessão doentia pelo cumprimento do Pacto e pelo abaixamento do déficit, amputando o investimento público em áreas decisivas com a qualificação profissional e cultural, não nos leva seguramente a lado nenhum. Os dados e as previsões, neste âmbito, são esclarecedores. Quanto mais lhe "batem", mais o déficit cresce e mais a "economia", nas famílias e nas empresas, sofre. É qualquer coisa que definitivamente não "faz" um programa de Governo com ambições de legislatura que não pode passar a vida a olhar para trás. Aliás, o Primeiro Ministro, que se mostrou "compreensivo" e "apoiante" da França em sede de ruptura objectiva com o Pacto burocrático, está mais do que a tempo de tirar daí as devidas consequências. Por estes dias, o Orçamento de 2004 vai a debate. No actual "estado da arte", com o País na cauda da Europa a 15, atrás da Grécia, não será propriamente um debate, mas mais um chá no deserto.
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