FUNDAÇÕES OU AFUNDAÇÕES?
Numa entrevista ontem editada no Público, o Dr. Monteiro, que preside à administração da Casa da Música do Porto, afirmou que, o mais certo, é aquela estrutura acabar em fundação, na sua opinião, a fórmula jurídica mais adequada ao seu funcionamento. Entre fundações e "empresarializações", os "gerentes" das coisas da cultura - e não só - e as respectivas tutelas, tentam demonstrar-nos que esta é a via da salvação. Por um lado, explicam eles, é mais "barato", uma vez que se alivia o Estado dos encargos com essa maçada que é a "cultura". E por outro, torna a coisa "mais profissional", dado que a "gestão privada" ou equiparada é sucesso garantido. Se isto fosse verdade, estávamos realmente conversados. Ora acontece que não é. Na prática, é o orçamento de Estado e uns poucos mecenas quem acaba por pagar estas "fundações" e estas geniais "empresas". Depois, o facto de se "aproximar" a respectiva gestão do jargão privado, nunca foi , em parte nenhuma do mundo e muito menos em Portugal, sinónimo de "excelência" anunciada. O desastre que foi a Fundação São Carlos, nos anos 90, ajudaria a perceber. Veja-se também o "modelo" Amaral Lopes para a administração do D. Maria que, qual pescadinha de rabo na boca, anda para trás e para diante para ser aprovado. Ou a "reestruturação" em curso no referido S. Carlos. A legislação aprovada entre 1997 e 1998 nem teve tempo para ser integralmente aplicada, estando já a ser inutilmente destruída em prol destes pios princípios da "modinha" neoliberal. Quanto aos actuais e futuros protagonistas destas aventuras, o melhor é nem dizer nada. O Dr. Monteiro é um bom exemplo, fala por si e por "isto". Para tudo não ser tão completamente mau, fica a saudação a Ricardo Pais - que ainda um dia perguntará a si próprio o que é que anda ali a fazer - pela adesão do "seu" D. João do Porto à União dos Teatros da Europa. O mérito é todo dele, e não foi preciso nenhuma mítica "fundação" para lá chegar.
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