17.11.03

UM BREVE REGRESSO

Disfarçado de "carta ao director", Vasco Pulido Valente regressou ontem, por breves instantes, ao nosso convívio. Foi no Público e acerca do "Equador", de Miguel Sousa Tavares. Verifico, satisfeito, que a verrina permanece intacta, apesar das contrariedades com a saúde. Eu tenho uma leitura diversa do livro de Sousa Tavares, e não o acho "popular". Contudo, porque penso que muito boa gente não deu pela prosa, aqui fica registada a "carta" e os desejos profundos de melhoras.

"Equador" é um romance popular, com a típica obsessão do género pela comida, a roupa, a paisagem, a meteorologia e o sexo. Fora isso, é também uma absurda idealização do autor, entre o patusco e o patético. Esta literatura tem, e merece, o respeito concedido a qualquer indústria alimentar. Mas, para seu mal, e por evidente snobismo, Sousa Tavares decidiu transferir as suas proezas de grande sedutor e a sua famosa "consciência trágica" para o princípio do século passado, época sobre a qual nada sabe. E, claro, a inveja não perdeu a oportunidade. Agora parece que há uma polémica, cuja natureza não se entende, e que Sousa Tavares se apressou a garantir que em "2000 informações histórico-factuais" do seu romance não existem mais do que duas dezenas de erros, já devidamente corrigidos e, de resto, em si irrelevantes. Por mim, uma pergunta: por que razão gasta o PÚBLICO tinta, espaço e trabalho com a incultura quase cómica de Miguel Sousa Tavares? Gostava de perceber. Acredite.

Vasco Pulido Valente

Hospital Amadora-Sintra



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