BONECO DE LUXO
Calhou folhear um exemplar da revista Caras. Trazia na capa o "glamoroso" José Castelo Branco, mal recomposto de uma noite passada nos calabouços modernaços da Judiciária, ao Conde Redondo. Vale a pena ler a entrevista com a criatura. Eu ri-me com algumas passagens. Castelo Branco, uma inteira criação de si próprio, não deixa de ter algum sentido de humor e uma "lata" infinita. O que há de curioso neste tipo de gente, é que nunca se chega a perceber bem de onde brotou. Presumo que as suas vagas biografias sejam compostas de umas quantas mistificações bem estudadas, com uma pequena dose de felizes coincidências. Se bem atentarmos, há por ali uma espécie de gramática comum, em que todos se entendem muito bem uns aos outros, e que escapa, quase completamente, à mediania remediada. Enquanto esta é apenas "contentinha", aqueles deixam-se permanentemente retratar contentes, mesmo depois de sofrerem uma ou outra contrariedade. Foi assim, na Caras, com Castelo Branco. Passou pelo episódio das jóias como uma verdadeira "serpente emplumada". De algum modo, lembra-me a personagem de Holly, de Truman Capote, na sua novela Breakfast at Tiffany's, com a diferença de que, em Castelo Branco, o final, até agora, tem sido aparentemente feliz. O regime já tinha o seu "bobo da corte" na agora loira e um pouco gasta pessoa de Herman José. Com Castelo Branco, e enquanto vegetamos deprimidos entre números e promessas de altas velocidades, temos um boneco de luxo talhado à nossa medida.
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