21.11.03

REFÉNS

Antes da deslocação de George W. ao encontro de Blair, em Londres, e antes das duas bombas que rebentaram em Istambul, pela mão invisível da Al Qaeda, Pacheco Pereira escreveu no seu blogue o seguinte:

Nota-se, cada dia que passa, um maior esmorecimento na defesa da intervenção no Iraque. É natural, tudo o que podia correr mal, parece correr mal. Não se vêem os resultados esperados, o descrédito que caiu sobre as administrações americana e inglesa por causa das armas de destruição massiva (e por contágio, sobre todos os que, como eu, lhe atribuíram um papel fundamental na legitimação da intervenção) limita a sua acção, é cada vez maior o cansaço e hostilidade da opinião pública, a sensação crescente de um beco sem saída, a hesitação que se nota com a combinação entre o número de mortos e as manobras eleitorais americanas, tudo parece apontar para um falhanço de consequências devastadoras para este início do século.

A única coisa que posso (e podemos) fazer é continuar a discutir e a defender as razões porque é preciso perseverar e não dar sinais de hesitação, ou melhor, não hesitar. Há caminhos políticos, militares e diplomáticos que, com firmeza, podem inverter a situação e corrigir os erros. E chamar a atenção para que, nada havendo de comum no terreno entre o Iraque e o Vietname, as consequências de um fracasso no Iraque serão muito mais pesadas do que as do Vietname. (Lembrando algumas dessas consequências: os boat people, as guerras de Angola e Afeganistão, etc., etc.).


JPP utiliza frequentemente o termo "hesitar" e "hesitação", como bons exemplos do que se não pode agora fazer perante o fracasso destas jornadas contra o terrorismo e contra o Sr. Hussein. Reconhece a inabilidade e a impreparação para a aventura e, sobretudo, a inexistência das famosas armas de destruição massiva que teriam justificado a intervenção. Pode ser que eu me engane, mas não vislumbro quaisquer caminhos políticos, diplomáticos ou militares que combatam, para já, eficazmente o flagelo. O que se fez no Iraque teve, em relação ao terrorismo, o mesmo efeito que dar um murro numa colmeia. Esses heróis assassinos, que se imolam e que imolam inocentes no seu combate, são verdadeiras abelhas em fúria contra o agressor. O Ocidente capitaneado pelos EUA do Sr. Bush, demonstrou não possuir uma única ideia para a gestão do Iraque. Não percebe rigorosamente nada do que se passa e do que é aquele "caldeirão" permanentemente a ferver. Verdadeiramente o que Bush e os seus aliados "intelectuais" e no "terreno" conseguiram, não foi "libertar" o Iraque do seu tirano - até aqui, o mais que se alcançou foi a queda de uma estátua...- nem libertar o Mundo da ameaça terrorista. A gloriosa intervenção apenas nos transformou, e aos putativos libertadores, em reféns.

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