10.11.03

EMBUSTES

A pesca do Dr. Monteiro. Este nosso amigo é a prova provada de que é sempre preferível o original a uma fotocópia, mesmo que seja a cores. Enquanto deu jeito ao Dr. Portas, Monteiro "chegou-se à frente" no CDS/PP, tendo por guião um texto quase todo pensado e escrito pelo primeiro. Com a desculpa de que era preciso um "entendimento" com o PSD, nem que fosse para o minar ou mesmo sobretudo para isso, separaram-se. Portas tomou conta do barco. Monteiro - coitado, nessa altura ainda não estava a ver bem o filme - achou, mais tarde, que podia voltar ao leme com o mesmo propósito "aliancista". Eu é que "fico", foi a resposta conhecida e bem sucedida do Dr. Portas. Monteiro e uns quantos seus fiéis saíram e são agora a "nova democracia". Conhecendo-o, julgo que é mais da mesma "velha demagogia". Até o Dr. Portas, o "original", já é "euro calmo". Ninguém leva a sério umas quantas tiradas de efeito fácil contra a Europa e contra os "políticos", feitas por um "partido". No entanto, respeitamos o desejo do Dr. Monteiro em ir a votos, embora suspeite que mais valia dedicar-se à pesca.

Eu fico. Foi a tal fórmula feliz de Portas, ironicamente retomada pelo Dr. Ferro no PS. Rezam as crónicas que o sujeito foi bastante contundente, lá dentro, para com os seus críticos. Cá para fora, porém, essa combatividade, uma vez mais, não transpirou. Foi um Ferro embotado e desconfiado que apareceu no fim, por entre juras de pias solidariedades e "esmagadores" apoios maioritários. Para quem não tem a memória muito curta, coisas parecidas já se passaram no PSD, com Balsemão e Marcelo. Aliás, é divertidissimo ver o Eng. Sócrates a dizer o que diz, quando toda a gente sabe o que é que ele quer e onde é que quer chegar. Na política não há gratidão nem há ética em excesso. O Dr. Ferro vai ter que viver com isso enquanto quiser continuar por ali. No plano pessoal, eu entendo-o e respeito-o. É pura obscenidade o nível das insinuações e dos ataques feitos ao homem. Acontece que há que acautelar o curso da "política democrática", a qual não se alcança deixando só e à solta no palco, o governo, este ou qualquer outro. Em política, e ao ritmo que isto leva, um ano é uma eternidade. O partido e o País jamais lhe agradecerão o sacrifício.

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