3.11.03

O PORTUGAL DOS PEQUENINOS FEITO PELAS SUAS LEITURAS III

Para um céptico como eu, o Livro do Eclesiastes, é uma consolação. Nos dias que passam, conviria a muito boa gente lê-lo de vez em quando. O cidadão livre, que é um homem esclarecido, lembrou-se desta prosa dita "pessimista". Em boa hora o fez. No começo de mais uma semana indiferente, sabe bem ler qualquer coisa de "diferente" e perene que recorda aos espertinhos que "tudo é poeira e vento que passa".

Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.

(Eclsiastes 1, 2-11)

Sem comentários: