23.11.03

JFK




Gore Vidal conta que, estando numa festa acompanhado por Tennessee Williams, e passando por eles o senador J.F. Kennedy, o dramaturgo teria comentado:"que belo traseiro!". Num texto recente, sobre mais uma biografia do presidente americano, Vidal corrobora uma história ventilada por um agente dos Serviços Secretos que vigiava Kennedy, na qual Jack, dentro de uma banheira a que tinha que recorrer frequentemente como terapia para as suas costas doentes, fazia amor com uma ilustre desconhecida, e que, no momento crucial, pediu para a dita meter a cabeça completamente dentro da água, já que - parece- tal situação provoca determinados espasmos na zona erógena feminina, que aumentam razoavelmente o prazer viril. John Kennedy tinha tudo para ser bem sucedido. Como Oliver Stone fez dizer a Nixon no filme homónimo, JFK representava o que os americanos queriam ser, e ele, Nixon, o que eles efectivamente eram. Jack era novo, bonito, sexy, como diríamos hoje, libertino, inteligente e rico. Levou para a Casa Branca o glamour e a alegria trágica da sua vida pessoal - a oficial e a outra - , ao lado de uma jovem e bela primeira-dama, e um par de belos filhos pequenos e fotogénicos. Foi o primeiro político a explorar, com infinita sagacidade, as vantagens da imagem televisiva. Nesse sentido, partilhou com os americanos e com o mundo os seus mil e tal dias de presidência, de tal forma que, depois dos disparos fatais de Dallas, há 40 anos, uma sensação de orfandade objectiva percorreu o globo, como nunca antes tinha acontecido. Mesmo as suspeitas de ligações perigosas e corruptas, supostamente alimentadas pelo pai, para a promoção política do antigo senador, nunca chegaram verdadeiramente a manchar a lenda. A imagem sorridente de JFK ficou para sempre cristalizada, como que num limbo, nos milhares de álbuns fotográficos que o imortalizaram. Não o conseguiremos jamais imaginar velho.

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