«Uma geração que transforma a saúde de cada um na questão principal e obsessiva do dia-a-dia é uma geração sem causas e profundamente egoísta. É a mesma geração em que as mulheres não têm filhos para não estragarem a linha e a carreira, em que os políticos vivem deslumbrados com o que os fazedores de imagem lhes mandam fazer e se sentem obrigados a praticar desporto em público e fumarem às escondidas, em que os que se tomam por vedetas públicas correm a anunciar às ‘revistas sociais’ que têm um novo amor, com medo que a gente pense que estão sozinhos (como se não estivéssemos quase todos…), em que os ricos perderam qualquer vergonha e vivem nas «off-shores» e nas fundações para fugirem ao fisco e os banqueiros recebem fortunas para se irem embora e pararem de roubar os accionistas. Esta é a cultura que está no poder, agora. Não admira que grande parte do mundo seja governada por simples oportunistas.»
Miguel Sousa Tavares, in Expresso (via Jumento a quem também "furtei" a foto)
3 comentários:
Cansado de ouvir e ler os defeitos da actual geração, denunciados pelos mais ilustres comentadores deste país, onde se inclui o 'isento' e descomprometido analista do artigo em questão, eu pergunto, também ao autor do artigo, de quem é a culpa da "nova" geração de não ter ideais, esperança no futuro, desinteresse pela situação económica e política do país ?
Seja qual fôr a resposta, a minha "análise" é a de que, a culpa do desnorte e de todas as incertezas dos jóvens, sou eu, somos nós e, também, o sr. Sousa Tavares.
É que, em vez de comentar, todos NÓS devíamos AGIR, INTERVIR, EXIGIR.
Não basta denunciar nos bastidores: é necessário estar presente, a reclamar de viva voz.
Tudo isso é muito fácil e bonito de se dizer. O pior é que quando chega o tempo de colocar o papel na urna, alinham logo com os mamíferos. A última frase desmente a própria prática. É assim.
Será que verdadeiramente alguém quer expôr a realidade portuguesa?
Façam as contas e vejam se alguns titurares de cargos públicos, com os dinheiros que ganham podiam ter a vida faustosa que gozam, comprando as casas que compraram.
A verdade é que o sistema está absolutamente viciado! Um PM que colaborava num esquema de "trambique" numa Câmara Municipal, cujo título académico está envolvido em nevoeiro; um Cardeal que estava na AR para votar os diplomas convenientes ao negócio que geria; gestores públicos incompetentes pagos a peso de ouros; e, gestores privados bandidos pagos a peso de ouro para que impere o silêncio.
Este sim, é o retrato do país real. Portugal tem efectivamente três grande problemas: Justiça, Educação e Distribuição da Riqueza.
Justiça - igualdade de direitos - porque o demo-liberalismo assenta no funcionamento da Justiça (o "rule of law"), sem ele nada temos...
Educação - igualdade de oportunidades - porque aí deve residir a verdadeira possibilidade de ascensão social, o crescimento pelo mérito!
Distribuição da Riqueza porque a sua justa entrega permite estabilidade social e crescimento económico. Como pode o consumo português crescer senão pelo crédito? Praticamente ninguém tem acesso à liquidez... comcordo com Silva Lopes, não temos dinheiro para pôr toda a gente a viver bem, mas esta situação é quase criminosa. Algum dia alguém devia fazer as contas de quanto custa para o nosso PIB ter tanto dinheiro parado, entregue à contas particulares quando podia circular...
A corrupção não é um mal que nos aflige, é um sistema que nos governa a todos os níves. Custa muito ver os autarcas a serem acusados de corrupção quando o sistema prevalece deste o topo da governação! Ninguém publica os negócios milionários que a maioria dos governantes puseram em prática. É curioso que Martins da Cruz e Lynce caíram por meterem uma cunha a uma menina para entrar na Universidade de Medicina em Portugal mas que os negócios que poem em causa o país passem em claro: venda da Petrogal, negócio da TAP, aparelho de combate a fogos, submarinos, Portucale, etc!
Em todos os países se fazem negócios, em todo o lado se ganha dinheiro, o problema é que em Portugal se põe em causa o país por eles e, lá vamos nós cantando e rindo...
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