10.6.07

10 DE JUNHO - 4


Palavra de honra que hoje tive saudades dos "10 de Junho" da Praça do Comércio e do Presidente Eanes, sobretudo um, de 1977, se não me engano, com Vergílio Ferreira e Jorge de Sena. Ainda só estavam dobrados três anos depois do "25 de Abril" e Sena zurzia, com a sua lucidez amarga, o que estava para vir e o que já se tinha visto. Passaram trinta anos sobre esse "10 de Junho" na Guarda. Cavaco - será que não conhece outro verbo ?- não quer "resignar-se". Como ensinava o Grande Morto de Santa Comba Dão, em política, o que parece, é. E o que parece é que o Chefe de Estado está amplamente resignado ao presente "estado da nação", um estado de opereta, tão fictício com o seu factotum principal, o senhor primeiro-ministro. É verdade que os bananas que ele pastoreia, na sua maioria, estão "resignados". Mas estão "resignados" porque têm medo, uns, e porque lhes convém, a outros. Dou um exemplo. A "escritora" Inês Pedrosa - um "modelo" da "cultura" portuguesa contemporânea que deve agradar, pelo menos, à Senhora de Cavaco Silva - e que ornamenta a "lista de honra de Costa", em Lisboa, escreveu ontem no Expresso um artiguinho em que denuncia a delação e o ambiente kafkiano que se vive no ministério da Educação, também na DREL, de Lisboa. Acontece que os "visados" no artigo da "escritora-solidária-com-Costa" também estão fatalmente com Costa, o melhor prosélito, até há poucos dias, do regime socrático. Pedrosa, cá está, "não se resigna" e lá onde fecha aparentemente uma porta (com o artigo), escancara a janela (com Costa). Pois não, Senhor Presidente, com gente invertebrada eu não me resigno. Chegará o tempo - já aí está, aliás - em que V. Exa. terá de passar da não resignação retórica (a única que até agora revela) para a não resignação efectiva. Eu, como seu apoiante de sempre, não me resigno a que o Senhor se resigne com tanta facilidade a ver passar os comboios e as fragatas.

6 comentários:

João Gonçalves disse...

Censurei um comentário da socialista Clara não sei quê que vem sempre aqui maçar-me. Já disse e repito. Façam um blogue, 3 passos e já está.Também serve para o sr. Filipe Resende cujo estado mental deixei evidenciado em comentários noutros posts. E, sim, aqui há censura. Assumidamente. Sobretudo para os amigos da lista do Costa a Lisboa.É que a minha censura não prejudica ninguém, enquanto que a dos vossos "ídolos", é o que se vê. E isto é para ser delicado.

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves:

Estive presente nesse 10 de Junho de 1977, na Guarda, em que aliás participei, integrando um grupo de estudantes do Liceu local, convidados a integrar a comitiva. Todavia, para além dos dois intelectuais que refere, também Eduardo Lourenço leu um pequeno discurso bastante cauteloso em relação a triunfalismos quanto ao futuro do país. Fica aqui a nota.

Anónimo disse...

Aí está, neste 10 de Junho, a mensagem que sobressai é «mais ímpeto nas reformas da Defesa».
Ó pá fiquei com uma alma nova ...

Arrebenta disse...

O "resignar-se" já está tratado, com a mior brutalidade, no "Braganza"... :-\

Anónimo disse...

Resigna-te João!
Pelo menos, até à eventual reeleição do teu apoiado de sempre, e mesmo assim, tenho dúvidas, mas raramente me engano!
O discurso de hoje (10.06.2007) é uma soberba prova de que a “cooperação estratégica”, digo “cooptação estratégica”, veio para durar, durar, durar (como as pilhas?).
A única preocupação de S.Exª. o PR foi, hoje, a reestruturação das Forças Armadas !
Pudera, o S.Exª é o Chefe Supremo das ditas!
É só brilho e auto promoção!
Nem vi a entrega das medalhas, mas disseram-me que agora é quase tudo para a malta do PSD.
Pudera, no PS já não há cão nem gato que não tenha pelo menos uma.
Os “Roteiros” dos “Pobrezinhos” e dos “Marrões” é só para “Inglês técnico ver”, dar uns passeios e aparecer nos noticiários, pois, sem isso nem dávamos pelo teu apoiado de sempre!
Quando de manhã “passei” pela TV e vi o PR naquela festança, sempre no seu popó blindado, com os seguranças a correr ao lado (tanto medo, de quê?), agentes das “forças especiais” a observar, atentamente, a pouca populaça que ainda se dá ao trabalho de ir ver, pus-me a pensar cá para os meus botões, para que é que serve? Sim, para que é que serve um PR?
Se está calado, não serve de nada!
Se fala de mais, acaba por ser um estorvo!
Em qualquer dos casos é uma despesa!
Para exercer os poderes constitucionais que lhe estão confiados, podia-se arranjar outra solução mais barata e eficiente!
Aliás, por ai a baixo, no nosso “regime” não faltam exemplos de eficiência relativa e despesismo (P.exp.: Tribunal Constitucional).
Não é assim que agora se pensa (na senda neo-liberal de Sócrates & Cavaco) para os funcionários públicos e para os demais cidadãos e instituições em geral?
Até porque toda a vida é composta de mudança e,
Quando um homem sonha o mundo pula e avança!
R.A.I.

dorean paxorales disse...

Nenhum português com oportunidade para tal almeja a chefia de Estado com desejo de ofício. Não há lá veleidades nem missionarismos; a única ambição é a satisfação de uma vaidade: ser o "Presidente".