NEM REPRESENTATIVO NEM TRIUNFANTE

O texto de Pacheco Pereira, intitulado "Metabloguismo- sinais de crise", recupera argumentário do saudoso blogger João Pedro George acerca do amiguismo literário, jornalístico e crítico que terá "capturado" - nada como recorrer ao breviário maoísta lançado pelo preclaro prof. Sanches - pela melhor blogosfera. Por outro lado, acrescenta, esta referida blogosfera anda cativa da "agenda" dos jornais e a "agenda" dos jornais marcha cativa desta blogosfera, numa espécie de orgia paranóica em que toda a gente, como cães ciosos, anda a cheirar o rabiosque do vizinho. Se a "agenda" é uma merda, que culpa é que a merda tem? Porém, tem razão. Este país é uma pequenina "quadratura do círculo" que torna inevitável o carrefour. Em todos os domínios, aliás. O solipsismo altivo de Pacheco Pereira não é a regra, de facto. Por exemplo, nem Vasco Pulido Valente resistiu, num balanço, a referir a biografia de D. Carlos, de Rui Ramos, como o único texto em língua portuguesa digno de leitura em 2006. E VPV não se distingue particularmente por ser adepto do "amiguismo". Eu também não, e não me poupo a citar JPP quando a sua lúcida iconoclastia me puxa o pé para isso. Ponha mais livrinhos cá fora que logo vê. Ou em zurzir em amigos, como José Manuel dos Santos - agora, parece-me que "ex" amigo porque afectado pela "síndrome Truman Capote ao contrário" - quando não aprecio o que escrevem. Por falar nisto, fica a sugestão, por menos de € 3, revista incluída (e JPP incluído nela), da compra da Sábado desta semana. Ganham um livro do Francisco José Viegas - declaradamente um amigo - que junta peças do Aviz e do Origem das Espécies, dispostas por ordem alfabética. Algumas Distracções, uma recolha, diz ele, que "não pretende ser representativa nem triunfante" ou, no limite, nem sequer ter "sentido absolutamente nenhum". Não querer ser nem representativo nem triunfante, nos dias que correm, já é conversa que me interessa. É mesmo só quase o que me interessa. Estou farto de prosélitos.