29.6.07

A CONVERSA


Ao fim do dia de ontem, no meio de uma paisagem "silenciosa e estática" na Caloura, em São Miguel, escutava - porque não o via, a sala já estava cheia quando cheguei - José Medeiros Ferreira. Ia a meio da apresentação do livro do seu conterrâneo Daniel de Sá, O pastor das casas mortas (Veraçor Editores). De repente lembrou-se de mencionar o filme absoluto sobre a impossibilidade do amor, Esplendor na Relva, qualquer coisa a que, anos mais tarde, Marguerite Duras viria a apelidar de "luto do amor". Todo o amor é luto do amor, escrevia a Duras, para ser preciso. E Medeiros Ferreira falou desse filme, do livro e do "amor na hora certa". No filme - não li este livro - os dois protagonistas voltam a encontrar-se, anos depois da passagem da "hora certa" que falharam. Eram eles, os mesmos, sem o sentimento. O sentimento deixara de existir. Ficara apenas a recordação, o luto do amor. Sim, o amor também pode ser isto, "o pastor das casas mortas". Depois falámos das liberdades públicas à luz do fabuloso crepúsculo açoriano. Mas essa é a conversa para os próximos meses. Infelizmente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Rica vida, goza enquanto podes e te deixam, João!
As liberdades públicas também estão, infelizmente, em fabuloso crepúsculo.
Boas férias.
R.A.I.