LEVANTA-TE E RI
Li nos jornais a "mensagem de Natal" que Durão Barroso nos dirigiu. Talvez por não haver muito mais para oferecer, o primeiro-ministro recorreu ao jargão. Estamos no bom caminho- normalmente estamos sempre no bom caminho, seja qual for o governante -, o rumo traçado é o único possível, sabe-se que há dificuldades, mas há uns sinais- muito ténues, mas "sinais" - de que para o ano isto começa a melhorar e preocupa-o o desemprego, nada que os tais "ténues sinais" não possam vir a atenuar em breve. Depois, fazendo a ligação entre o combate ao desemprego e o "futuro", Durão Barroso lembrou-se dos "jovens" e, numa catalinária meio despropositada, passou a elogiar a "energia" da nossa juventude como exemplo a seguir pela sociedade em geral para que, nem que seja virtualmente, possamos ultrapassar mais depressa o estado depressivo e larvar em que estamos depositados. Com o devido respeito, D. Barroso não podia ter escolhido pior exemplo. Os "jovens" que o atrem estão-se seguramente nas tintas para a coisa pública e os lugares-comuns produzidos não ajudam. Todos os estudos, sociológicos, sondagens e outros, ultimamente publicados, são reveladores dos "interesses" dessa camada social que tanto entusiasma o chefe do Governo. Seja universitária, liceal ou outra, o certo é que a nossa juventude, com algumas honrosas excepções, não se recomenda a ninguém. Espreita-a um futuro razoavelmente negro no qual ela própria não se deverá distinguir. Ao apelar à "juventude" e ao seu "entusiasmo", e no actual "estado da arte", Durão Barroso só lhe pode querer estar a dizer, por entre os escombros e com um amável sorriso: "levanta-te e ri". Não há muito mais a esperar.
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