4.12.03

FECHAR OS OLHOS II


1. Consta que o acesso aos subsídios de desemprego anda razoavelmente atrasado. Por acesso, entendo a percepção do dito, a entrada do dinheiro nas contas das pessoas. E isto numa dupla vertente: atraso no primeiro pagamento e atraso nos pagamentos já em curso. Confrontado com esta última situação, diante das câmaras da RTP, pelo menos, o Dr. Félix revelou um incómodo e uma irritação nada católicos, questionando a jornalista pela impertinência. Saiu qualquer coisa como isto, antes do "não comento": "então a senhora vem aqui maçar-me, a mim e ao meu colega da Educação (era uma sessão sobre a deficiência e para lançar mais um programa), e um alto funcionário do Ministério, por 3 dias de atraso?" Eu não sei o que isso é, felizmente, e o Dr. Félix muito menos, mas para quem está a contar os tostões para o dia certo, para as despesas certas e para as incertas, e que não tem outra fonte de rendimento, três dias podem representar uma eternidade. Não é preciso ser adepto da teoria dos "descamisados" ou da "social da igreja", tão cara ao actual poder instalado na Praça de Londres, para perceber isto.

2. Conta o Jornal de Notícias que "apenas 156 820 trabalhadores portugueses (2,9% da população activa) participam anualmente em acções de formação, de acordo com um inquérito do Eurostat (2002). A média da União Europeia (UE) é de 8,5% e a maioria dos países do alargamento ultrapassa-nos. O aspecto mais desconcertante dos números recolhidos de várias fontes reside na conclusão geral: o investimento é pouco e a formação não compensa os trabalhadores". Depois cita o economista Eugénio Rosa, representante da CGTP na Comissão de Acompanhamento do Programa Operacional de Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), integrado no III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), que explica que, "dos fundos disponíveis em 2002 (663 milhões de euros), apenas 57% (380 milhões de euros) foram executados", ficando " 283 milhões por aproveitar". este programa é o mais representativo de todos: "35% (outros programas representam entre 0,3 e 17%) do Fundo Social Europeu (FSE), excluindo Lisboa e Vale do Tejo, região que beneficia de um programa operacional específico com um peso de 10% no FSE". O resultado, segundo o jornal, é simples: "empregados com pouca formação e empresas que não incentivam a uma melhoria deste cenário." Também na adminstração pública, a história não melhora, uma vez que apenas 27% dos fundos disponíveis, em 2002, foram efectivamente utilizados: "5,8 milhões de euros, 1,5% do total executado em todos os eixos do programa".Sem comentários.

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