26.10.11

A LINHA


«Melville: (...) gosto de todos os homens que mergulham. Qualquer peixe pode nadar perto da superfície, mas é preciso ser-se uma grande baleia para descer a cinco milhas e mais... Os mergulhadores do pensamento voltaram à superfície com os olhos injectados de sangue desde o princípio do mundo.» Reconhecemos com facilidade que há perigo nos exercícios físicos extremos, mas o pensamento é também um exercício extremo e rarefeito. A partir do momento em que pensamos, enfrentamos necessariamente uma linha onde se jogam a vida e a morte, a razão e a loucura, e esta linha arrasta-nos.»

Gilles Deleuze

2 comentários:

Isabel disse...

Que nos resta, se não formos arrastados? Espuma, apenas...

o tal leitor disse...

Muito francês,apesar da referência ao Melville e à sua baleia de estimação. Mas o pensamento,felizmente, não tem que ser convulsivo e dramático. Pode ir às profundidades com reflexão calma e análise equilibrada. Veja-se o Kant,veja-se o pensamento analítico anglo-americano,e se quisermos ir mais longe,o Platão tratou de tudo e mais alguma coisa com ironia e humor à mistura,e não só nos primeiros diálogos. Não temos todos que sofrer com o Kierkgaard. O pensamento analítico é menos palpitante e cinematográfico, mas mais seguro e racional. E é isso que faz falta,a vários títulos.