«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
31.7.09
HUBRIS
À meia-noite começa oficialmente a silly season. Este ano é prolongada até 27 de Setembro. Até apareceu a Joaninha, na Sic-Notícias, a confirmar que foi convidada para deputada do PS pela "quota do dr. Soares da terceira encarnação". O autor material do convite foi o secretário de Estado do eng.º Lino, Paulo Campos, filho de António Campos, um velho amigo do detentor da quota. Pelos vistos, outro rapaz com uma relação difícil com a verdade. Palavra da Joana. E quem é que não acredita naqueles olhos e naquela voz? A hubris é uma coisa terrível.
Adenda: Campos (o júnior) veio depois com umas explicações que não explicaram nada. Só retive que ele "defendia os interesses do PS". Com "defensores" deste nível bem pode Sócrates dar ao pedal. Sozinho como ele gosta. Ah, senhor primeiro-ministro, as fúrias não o poupam. Leia os clássicos no intervalo dos anúncios.
Adenda: Campos (o júnior) veio depois com umas explicações que não explicaram nada. Só retive que ele "defendia os interesses do PS". Com "defensores" deste nível bem pode Sócrates dar ao pedal. Sozinho como ele gosta. Ah, senhor primeiro-ministro, as fúrias não o poupam. Leia os clássicos no intervalo dos anúncios.
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QUEM QUALIFICA O QUÊ E COMO
A propósito do milhão de computadores entregue por Sócrates, Lino e Lurdes Rodrigues - isto é, pelos contribuintes - por aí, especialmente no que concerne aos Magalhães, um amigo avisado fez o comentário certeiro esta manhã ao café. Nenhum computador deveria entrar numa sala de aula sem ser pela mão de um professor.
Adenda: Ler isto.
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"CONSCIÊNCIA CRÍTICA"
«Um em cada três eleitores portugueses não votou nas europeias por falta de confiança ou insatisfação quanto à política (28 por cento), revela o primeiro Eurobarómetro realizado após as eleições de 7 de Junho. Na lista das razões para ter ficado em casa, o Eurobarómetro hoje divulgado revela que 23 por cento dos inquiridos respondeu : desinteresse pela política. Um em cada dez dos inquiridos é da opinião que o voto não tem consequências e não muda nada (11 por cento). São números que acompanham a opinião geral na Europa.» Lê-se no Público. Sublinhado meu. A isto pode chamar-se perfeitamente "consciência crítica" do eleitorado. E da boa. Vá lá, profissionais da "consciência crítica". Mexam-se. Há uns que estão de férias há quase dois meses e outros vão agora. Depois não se queixem.
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HUBRIS
O PS-Açores, do sr. César, reagiu ao acórdão do Tribunal Constitucional através do sr. Ricardo Rodrigues. Pensava que o PS tinha atingido o o seu acme da semana com o anúncio do bebezão Silveira sobre os cheques-bebé. Não. Rodrigues superou o continental. No pathos e na falta de sentido do ridículo. Falou em "centralismo" do TC, de Cavaco e, imagine-se, de Ferreira Leite que tem muito a ver com o assunto. Também mencionou "a maioria dos analistas e escreventes" provavelmente para contrapor ao seu crónico analfabetismo funcional. Aos poucos o PS conhece a sua hubris.
A "CAUÇÃO"
Na "conversa em família" na SIC- Notícias debateu-se o famoso encontro de blogues com Sócrates. Pacheco Pereira falou em "caução" e Lobo Xavier foi pelo mesmo caminho. Pelo menos seis bloggers claramente desafectos ao PS - José Mário Silva, Rodrigo Moita de Deus, Tomás Belchior, João Maria Condeixa, Tiago Moreira Ramalho e eu próprio - estiveram lá e não consta que viessem "infectados" ou que tivessem "caucionado" o que quer que fosse. Penso que JPP e Xavier (outros talvez sim) não estavam à espera de uma cena de boxe político e de ordinarice. Depois, o José Pacheco Pereira e o "Toninho" Xavier são as derradeiras pessoas com autoridade para falar em "caução" a propósito disto. Enquanto nós estivemos quatro horas com Sócrates, eles estão o ano inteiro com o "número dois" de Sócrates, semanalmente e numa televisão, sabendo que Costa é candidato à maior câmara do país contra a coligação que integra os partidos de que ambos são militantes. Eu, pelo menos, tenho a vantagem de não ter de arremessar o cartão contra ou a favor de quem quer que seja. A enorme de não ter de "caucionar" ninguém ou de me armar em patrulheiro moral da blogosfera. Como recomendaria o meu amigo João Pedro George, tentem, finalmente, «encarar a coisa filosoficamente: «foda-se.»
30.7.09
POBRE LISBOA
António Costa escolheu a D. Simonetta Luz Afonso - uma espécie de eternidade "cultural" do regime - para candidata à presidência da assembleia municipal de Lisboa pelo "acordo coligatório" que junta o PS, o ex-Zé faz falta e Helena Roseta. A escolha, aliás, é emblemática. A senhora aposentou-se da função pública mas, a pedido de várias famílias, continuou a dirigir o Instituto Camões. É mais uma insubstituível. De resto, aparecem Catarina Vaz Pinto - uma irrelevante secretária de Estado da Cultura de Carrilho que sucedeu ao funesto "clac" Rui Vieira Nery e que entretanto casou com o bonzinho Guterres - e uma tal de Dalila Araújo que é governadora civil de Lisboa, manifestamente uma cacique do partido (tinha estado no gabinete do Joãozinho quando ele presidiu à CML). É a quadratura do círculo com catorze anos de atraso, tantos quantos andamos a aturar o PS e, em particular, o António Costa (no interregno da direita era o líder parlamentar). Pobre Lisboa.
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A ARANHA DA VIDA
Depois de jantar, passei por uma livraria e peguei no livro As Cantinas e Outros Poemas do Álcool e do Mar, de Malcolm Lowry, seleccionados e traduzidos por José Agostinho Baptista (Assírio & Alvim, 2008). Serve este, "roubado" ao José Mário Silva.
OS BÊBADOS
O ruído da morte está neste bar desolado
Onde a tranquilidade se senta inclinada sobre a sua oração
E a música abriga o sonho do amante
Mas quando moeda alguma compra este fundo desespero
Nesta casa tão solitária
E de todos os destinos o mais solitário
Onde nenhuma música eléctrica destrói o bater
Dos corações duas vezes quebrados mas agora reunidos
Pelo cirurgião da paz no peróneo da desgraça
Penetra mais profundamente do que os trompetes
O movimento da mente que aí faz a sua teia
Onde as desordens são simples como o túmulo
E a aranha da vida se senta, dormindo.
A LEI ORDINÁRIA
O Tribunal Constitucional deu razão ao Chefe de Estado em relação às dúvidas que levantou acerca do Estatuto do sr. César dos Açores. Há um ano meio mundo "indignou-se" por Cavaco ter interrompido o estúpido remanso das férias para falar ao país sobre o que se preparava. Os deputados - e estiveram todos de acordo mesmo os que, depois, como os do PSD, propuseram a fiscalização sucessiva do Estatuto sem seguir as observações do Presidente aquando da votação - alteraram, na prática, o equilíbrio de poderes através de uma lei ordinária. No duplo sentido do termo. Agora foram postos no seu devido e ignorante lugar pelo Tribunal. O pior é que não aprendem nada.
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PARABÉNS À PRIMA
Infinitamente mais perigosa que a H1N1 é a justiça portuguesa. A nossa Fatinha Felgueiras foi absolvida em 1ª instância, em Felgueiras, (será que o procurador da Mota já lhe deu os parabéns?) e Carmona Rodrigues e os seus vão a julgamento em Lisboa. Dizia-me há uns anos uma colega magistrada que tinha sido treinada para analisar prova. Pelos vistos, ainda têm muito ginásio pela frente.
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UM ACADÉMICO PORTUGUÊS
António Nogueira Leite é uma luzidia figura da academia económica nacional que o país, muito apropriadamente, ignora. De vez em quando é chamado a ornamentar debates televisivos, em especial os promovidos pela D. Fátima Campos Ferreira. Nogueira Leite, porém, encarnou no derradeiro governo do bonzinho Guterres como secretário de Estado de Pina Moura. Algures, convenientemente antes do pântano, foi-se embora. Recentemente esteve ao lado do "jovem" Passos Coelho na sua cruzada infinita pela chefia do PSD. Ter-lhe-á, porventura, dado conselhos (académicos) da especialidade. É mais um liberal à moda portuguesa e imagino como isso terá inspirado a extraordinária e imaginativa cabeça do "jovem" Passos. Agora, Nogueira Leite é aproveitado pelo Simplex - leia-se, pelo PS blogosférico - para denegrir o deputado Miguel Frasquilho, do PSD. O argumentário é digno da acaciana figura do senhor professor doutor. «É por escrever o que às vezes escreve que o deputado Miguel Frasquilho é desconsiderado na Academia. tenho pena, pois é bom rapazinho "http://twitter.com/anleite/status/2909325345".» Repare-se na maiúscula "Academia" - a que ele pertence, pelos visto, com orgulho - e no paternalista "rapazinho" aplicado a Frasquilho, um frequentador da nojenta política que Leite debicou com Pina Moura, um verdadeiro "modelo" nacional de político desinteressado. É por haver na "Academia" tanto provinciano soberbo como Nogueira Leite - a quem os aninhos na academia estrangeira não mudaram a essência - que o país está assim tão bem e se recomenda. Da universidade para os governos, dos governos para as televisões, de Pina Moura para Passos Coelho, a cartilha de Nogueira Leite é uma velha conhecida destes trinta e cinco anos. É pena que, sendo tão novo, já esteja assim.
Adenda: Paulo Gorjão - alguém que está sempre bem informado acerca dos meandros do métier político, nacional e internacional, e que se tomou de amores serôdios pelo "jovem" Passos, passe o termo - esclarece que o professor doutor Nogueira Leite, para além dos atributos referidos, também integra o Instituto Sá Carneiro (logo, segundo as simplificações intelectuais do Paulo, está com Ferreira Leite) e que Miguel Frasquilho apoiou o referido "jovem" aquando da disputa interna do PSD (logo, e na mesma linha, é a demonstração viva da generosidade político-partidária dos apoiantes de Coelho). Com o devido respeito, em que é que isso muda a natureza das coisas e dos homens? De Nogueira Leite? De Frasquilho? De Passos Coelho? Da "Academia"? A sua? A minha, por ter estado a falar com José Sócrates? Pensava que o Paulo já era mais crescidinho do que isto.
A NÃO PERDER...
Estes "ecos para o bloguista instruído", do Almocreve. Há para todos os gostos dentro daquela "liberdade respeitosa" (também prefiro "responsável") advogada pelo secretário-geral do PS na Lx Factory. Eu puxo pelos meus. «Corre por aí, que o SIMPLEX, que se tornou um blog reputadamente honrado e esforçadamente socrático, acaba de publicar o primeiro fascículo do 25 de Abril de 1974. Aceita fotos de Valter Lemos ou na alternativa de José Miguel Júdice. Utilíssimo para postar a pregadores desenganados.»
UMA SUGESTÃO
O PSD continua a insistir na mole figura do seu vice-presidente Aguiar-Branco como porta-voz. O país não lhe liga, não sei se alguém já deu por isso. Por que não, pois, experimentar gente como Paulo Mota Pinto ou, mesmo, Paulo Rangel que, desde que ganhou a "sua" eleição, nunca mais foi avistado? É só uma sugestão.
29.7.09
UM PAÍS SEM CRÉDITO
Para além de continuar a empenhar a classe média, o PS propõe-se prosseguir alegremente com o TGV e com o aeroporto de Lisboa na Margem Sul. O PS não devia ignorar que tais "investimentos públicos", pela circunstância de incorporarem matéria importada em barda, vão engrossar o praticamente insustentável endividamento externo do país, o principal problema da próxima legislatura. Não são os cheques-bebé, os cheques-dentista, os casamentos, mais isto ou aquilo que vão contribuir para moderar o imoderado défice externo. Um país desacreditado - no duplo sentido do termo -, por mais TGV's e Magalhães que tenha, nunca deixará de ser um país desacreditado. É isso que o PS pretende?
DA NECEDADE
Uns valentões de uns quantos bloggers anónimos (e um ou outro assinado) julgam que ter estado numa sessão promovida pelo PS com alguns blogues corresponde a uma qualquer "rendição" a Sócrates. Nem vale a pena gastar cuspo com a pobre insinuação. Nem tão pouco com insultos pessoais. Talvez esses valentões pretendessem fazer o que os "populares" costumam fazer às portas e nas traseiras dos tribunais quando chegam os réus. Como um desses anónimos é magistrado, provavelmente enxergará melhor a imagem do que outros mais néscios. Pena é que permita assuadas primitivas à sua porta.
A CULTURA SEGUNDO PINTO RIBEIRO OU A "ANIMAÇÃO CULTURAL" DO PS
«O ministro ainda vegeta mentalmente nos tempos do Manifesto anti-Dantas, um dos textos polémicos mais estéreis, mais infecundos e mais mal escritos de toda a história da cultura portuguesa.»
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O "SUMO"
«Para papalvos entenderem: por classe média baixa e desfavorecidos leia-se indigentes que nada terão para deduzir, porque nem sequer ganham para o gastar. Por ricos entenda-se classe média, os mesmos, os de sempre.» É, na realidade, o "sumo" do programa eleitoral do PS. Malhar mais e melhor na classe média. À dra. Ferreira Leite basta-lhe recordar isto dia sim dia não. Nem precisa de um "programa".
A EUROPA COR DE ROSA DA D.TERESA DE SOUSA
A D. Teresa de Sousa que debita no Público - e, por vezes, na Sic - sobre "temas internacionais", escreve que a Europa ainda se pode safar com Blair ou González à frente. Presumo que se refere (não a leio, só vi mesmo a frase solta) ao cargo de presidente da União previsto no funesto Tratado de Lisboa que, se Deus quiser, jamais conhecerá a luz do dia. Àqueles dois potentados políticos a D. Teresa podia juntar o nosso antigo pai da pátria, o dr. Soares. Apesar de ele não simpatizar com Blair (pelo menos dantes não gostava dele, mas quem aprecia Chávez por que é que não há-de gostar de um sonso risível como Blair?), creio que Soares se reveria na menção. Depois do ruído que tem andado a produzir contra o dr. Barroso, merecia a referência da D. Teresa, uma velha maoísta convertida ao pior europeísmo. Assim como assim, agora são todos socialistas. Como a D. Teresa.
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COSTA, O HOMEM PRETEXTO
Ainda sobre o debate de Costa e Lopes. Foi fraco mas deu para perceber quem é que, dos dois, concorre efectivamente por e em Lisboa. Aliás, amanhã, na sua semanal conversa em família com Lobo Xavier e Pacheco Pereira, António Costa, o comentador político, deverá acrescentar mais uns pós com vista ao último trimestre do ano. Pelo andar da carruagem, Costa, durante os quinze dias que medeiam entre 27 de Setembro e 11 de Outubro vai ter de pensar em tudo menos em Lisboa. Lisboa, desde 2007, é apenas um pretexto na carreira um homem habituado a virar frangos, na bela expressão do Rodrigo. Qual é o lisboeta que, no seu perfeito juízo (descontando os "intelectuais" da "claque", o sr. Saramago, a troika Sampaio, Soares-pai e Soares-filho, o fadista do Carmo, o coerente "Zé" e a ainda mais coerente Roseta), vai entregar a Câmara a um homem de passagem? A um pretexto?
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UM PROGRAMA BEBÉ
Para quem anda ávido de "programas" - ainda não perceberam que, depois de 27 de Stembro, os "programas" não vão servir para nada - o PS preenche hoje os requisitos mínimos apresentando, pela voz do admirável líder, um. Todavia, o bebezão Tiago Silveira, porta-voz oficial do partido, já anunciou uma "medida" do referido "programa". Trata-se de um cheque-bebé (havia o cheque-dentista) no valor de duzentos euros para incentivar a natalidade, por um lado, e para incutir "sentido de responsabilidade" nos ditos bebés à medida que vão crescendo, por outro, dado que só aos dezoito anos poderão mexer no dinheiro. Explicado de viva voz pelo Tiaguinho é de decretar uma semana de riso nacional. Se isto é um "programa", bem podem ir limpando o rabiosque dos putativos bebés a ele.
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ELA MESMA
A dra. Manuela Ferreira Leite vai aparecer numa conferência promovida pelo "socrático" Diário Económico, dirigido por um rapaz, por coincidência, chamado António Costa. O tema, já anteriormente proposto ao primeiro-ministro em exercício, é "transformar Portugal". Os jazigos políticos estão atafulhados de criaturas que pretenderam "transformar Portugal". A última, aliás, está em funções há quatro anos. Só desejo que a presidente do PSD seja incisiva, enxuta e nada retórica. E, sobretudo, que não pretenda "transformar" nada como se fosse mágica. Basta ser ela mesma.
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LISBOA BÁSICA
«Confesso que não fiquei minimamente esclarecido [com o debate Lopes-Costa]. E, não sei porquê, lembrei-me do eng. Fernando Santos e Castro, que foi presidente da edilidade entre 1970 e 1972 e que, há 40 anos, construiu o viaduto de Alcântara, sobre a linha do caminho de ferro Cais Sodré-Cascais. Era uma construção considerada provisória e por isso sem preocupações de beleza (ainda que a segurança estivesse garantida) mas servia uma necessidade fundamental: a passagem de veículos do lado da Estação Marítima de Alcântara para o lado da Avenida da Índia. Era intenção do presidente substituí-la mais tarde por outra estrutura, essa de carácter definitivo, que conjugasse a utilidade com a a estética. Entretanto Santos e Castro foi nomeado governador-geral de Angola. Outros presidentes lhe sucederam. O viaduto, esse ainda lá está.»
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Pedro Santana Lopes
28.7.09
«QUE É O HOMEM SENÃO UMA ALMA PEQUENINA DENTRO DE UM CADÁVER?»
«Ninguém fica incólume após ter mergulhado a fundo neste livro, dominado pela figura do Cônsul afogado em mescal enquanto relia a derradeira carta da única mulher que alguma vez amou nesse México povoado de luzes e sombras em Dia de Finados.» O Pedro Correia sobre Malcolm Lowry e Under the Volcano. Lido e relido várias vezes e em diferentes circunstâncias. Nem precisava ter escrito mais nada. Faz cem anos que nasceu. Ainda bem que andou por cá. Mal mas andou.
PARA A PRÓXIMA
Que grande treta de debate entre António Costa e Pedro Santana Lopes sobre Lisboa nas Sic's. Depois admirem-se da abstenção. Clara de Sousa não existe como locutora ou moderadora política. E os candidatos já conheceram melhores dias na televisão. Demasiada intendência, demasiado passado. Deve ser do calor. Fica para a próxima.
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O IMPERADOR E A DONZELA
Para entreter os veraneantes, criou-se uma "polémica" Joana Amaral Dias. Ao contrário de Medeiros Ferreira que augura um brilhante futuro a esta vaidosa militante da esquerda, dá-me ideia que a seráfica senhora - convenientemente desaparecida em parte incerta - meteu o pezinho na poça. Ela e quem, pelo PS, falou com ela qualquer coisa misteriosa. Esta técnica de sedução serôdia destes esquerdinos não conduz o PS a lado algum. Nem Joana Amaral Dias que depois de devidamente humilhada pelo dr. Louçã, através de uma "purga" que praticamente a silenciou durante três pesados anos, quer dar-se ademanes de indispensável aos olhos da nebulosa esquerda portuguesa de que Sócrates se reclama imperador "democrático". Estão bem uns para os outros.
"RIGOR" E "CREDIBILIDADE"
Há para aí uns três anos, ainda era ministro de várias pastas, António Costa afirmava que o governo tinha vencido "todos os testes de credibilidade" em matéria da alegada "reforma da administração pública". O mesmo Costa, porém, agora na pele de presidente da Câmara de Lisboa, falhou logo o primeiro como recandidato autárquico. Meteu-se numa trapalhada qualquer com vídeos de propaganda, rasurando uma parte dessa propaganda em que acabava por dar razão, de viva voz, a Santana Lopes. É neste estado deficitário de credibilidade que Costa enfrenta mais logo um debate na SIC com Lopes. Só que isso é o menos. O trânsito caótico, a paralisia da cidade, a destruição metódica do acesso ao Tejo, a começar na Praça do Comércio, o "acordo coligatório" com Roseta, o "Zé" irresponsável, etc., etc., em suma, o nada do seu precário mandato à frente da capital, merecem o escrutínio de Santana Lopes. Era "rigor", não era?
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DOR DE PINHO
O missing in action Manuel Pinho, demitido por causa de uma sms poderosa (para recorrer a um termo caro a José Sócrates), foi homenageado em Ovar por uns quantos empresários. O homem, apesar das férias, continua magoado. Pinho não teve tempo para aprender que, em política, não há gratidão. A maneira como se referiu à política portuguesa - leia-se, à forma como foi removido por causa de uns corninhos mostrados a um deputado num momento infeliz - evidenciou uma pessoa ressentida. E não pareceu que fosse com a oposição.
27.7.09
PORREIRO, PÁ
Afinal, parece que houve um "choque tecnológico" ao contrário que impediu a transmissão do encontro de Sócrates com uns quantos bloggers. Resumindo e concluindo, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro mostrou por que é que é um líder admirável ou um admirável líder, conforme as preferências. Aguentou estoicamente quatro horas de perguntas/respostas, desde as mais preparadas pelos "camaradas" até às inesperadas dos três ou quatro bloggers minoritários ditos da direita. Começou por dizer que «dizem que os blogues dizem mal de mim e eu queria confirmar.» Pela amostra, não pôde confirmar nada. Fiquei a saber que «acredita na transparência como condição da liberdade» e que é um adepto do "realismo" e do "pragmatismo". Falam-lhe de "promessas", ele maça-se levemente e às "promessas" prefere "propostas". Não gosta de "acusações" nem de "insultos". Também nada disso ocorreu. Estávamos todos muito cordatos uns com os outros, salvo duas jovens promessas do PS que esperavam "mais" da "direita" presente e que levaram o trabalho feito de casa. O Público não escapou ao olho do líder numa resposta. «Vocês são todos pessoas adultas para acreditarem em tudo o que vem no Público.» As ditas minorias, agora alegremente "quotizadas" nas listas do PS, também não. «Eu tenho 51 anos e tenho vergonha da forma como a minha geração tratou os homossexuais.» Também asseverou que «não tem nenhum complexo de esquerda» quando lhe perguntei o que é que tinha a oferecer ao eleitorado do centro e da direita que lhe deu a maioria absoluta em 2005. "Imagine que eu estou indeciso entre si, o incumbente, e uma outra eventual futura incumbente, senhor primeiro-ministro. Convença-me." Deu-me três exemplos. Segurança social e idade legal da reforma igual para todos, abertura de todas as escolas básicas até às 17.30 e a educação. Menos professores, mais alunos, mais sucesso escolar, menos insucesso escolar entre 2005 e 2009. Fiquei, naturalmente, esclarecido. Sobre a cultura, Sócrates acha que a «animação cultural do país é necessária para o nosso desenvolvimento» e que «o investimento cultural é um investimento na sociedade através dos seus agentes culturais.» E, sobretudo, convém «apostar nas cidades porque têm mais oferta cultural.» Até referiu um termo maldito do PREC, a "dinamização cultural". É o que quer fazer presumivelmente já sem Pinto Ribeiro, "dinamização cultural". Não acompanha a visão "orçamentalista" (leia-se, de reforço da dotação do MC) sem "objectivos". Essa, aliás, não é a "visão" dele e que era a "tónica" de um governo "a que ele pertenceu". Estava, sem falar, a falar de Carrilho. Depois veio uma "revelação". «Não sou metódico, sou pouco apaixonado pelo cálculo.» E, claro, «tenho um optimismo histórico.» Daí acreditar em que «há muitas políticas que se fazem sem dinheiro.» Não faltaram os carros eléctricos, o "cluster industrial", a "revolução tecnológica em curso" e, em relação à segurança do Magalhães, a necessidade do «desenvolvimento da coisa.» Nesta altura, cerca das 20.30, Sócrates já tinha mergulhado de cabeça na sua doce fantasia. «Não fazer investimento público é imoral.» Lá lhe foi puxando o pé para o TGV que, imagina, nos retirará miraculosamente da periferia. O Paulo Querido já não me deixou perguntar ao primeiro-ministro se fazia ideia de quantos milhões a mais de endividamento externo tinham crescido naquelas agradáveis quatro horas de amena cavaqueira. Cá fora, e antes de entrar no carro, confessou à rapaziada da "direita" que só foi uma vez na vida a uma manifestação. Contra a guerra do Iraque. De resto foi porreiro, pá. Boa noite e boa sorte.
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José Sócrates
SÓCRATES BLOGOSFÉRICO
Passe a publicidade, o encontro de José Sócrates com bloggers pode ser visto aqui. E, muito provavelmente, em blogues como o 31 da Armada. O comentário fica para depois, com calma. Quanto ao resto, nomeadamente certos comentários imbecis, make no mistake.
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UMA LEITURA E UMA AMIGA
A Joana deu-se ao trabalho de ler, com manifesta minúcia, o livro ali à direita. Que eu desse por isso, deste microcosmo, foi a única. A Joana sustenta uma presença discreta e quase silenciosa nesta nossa blogosfera tão tagarela e superficial. E, depois, tem sempre uma "vista" invejável para o Tejo. É uma amiga que isto me trouxe para compensar, de alguma forma, os que isto tem levado. Os amigos são os que nos aturam à medida que o círculo se fecha sobre si mesmo. A Joana é uma delas. Ela sabe (como sabe) que não tenho nada para a troca.
«Um olhar muito próprio, impiedoso e cortante, e de um apurado sentido crítico que o impede de ceder a qualquer tipo de complacência ou, usando as suas palavras “respeitinho”, seja por pessoas ou por instituições (1). Desmonta impiedosa e lucidamente as intenções e os mecanismos decisórios (2), denuncia os falsos ídolos (3) e denuncia pressões políticas de vários tipos a vários organismos ou instituições (4). O retrato traçado ao longo das páginas do livro destes últimos anos é um retrato desencantado de um país errático que não se encontra nem se sabe. JG não esconde o seu desencanto pelo regime que sustenta a nossa democracia, parece que o considera esgotado, ou pelo menos exausto (5) e esse desencanto e desalento muitas vezes surgem como premonitórios pois é apartir do presente que JG projecta no futuro (6) um insucesso, uma derrota ou ainda mais um impasse, que infelizmente se confirmaram.Todas estas críticas políticas assentam numa visão também ela desencantada do mundo actual e JG é especialmente perspicaz nos retratos “psico-sociais” - uso o plural pois JG sabe distinguir os diferentes tipos que fazem a aparentemente colorida e heterogénea sociedade (no fundo tão igual) - com os seus tiques comportamentais e as suas modas, bem como na crítica de costumes (7). No entanto, o que dá substância - matéria e alma – ao seu olhar crítico e desencantado sobre o nosso país pequenino e sobre a sociedade actual é a fé e a defesa aguerrida dos valores que considera básicos na civilização ocidental: o primado do Homem, a liberdade e a defesa da vida. São estes os pilares em que assenta o seu olhar e que impede os seus textos de se tornem estéreis, frios e (des)almados como se fossem meros exercícios de deprimida retórica política e social. JG acredita na liberdade que se conquista com o saber e com o pensar, e os seus textos são sempre estímulos e provocações, nem sempre simpáticas, nem sempre de agradável leitura, nem sempre óbvias a que se aprenda e se pense, quanto mais não seja para dele discordar. (Notas:(1) pág.126 “Emporio”, pág. 135 “Querido Líder”, ...(2) pág. 148 “Os ‘Testes de Credibilidade’”, ...(3) pág. 200 “Wotan/Sócrates”, pág. 225 “o Ministro TOYS R US”, pág. 286 “O Mundo Segundo Sócrates”, pág. 265 “AGITROP”, pág. 400 “Soares e os Males da Existência”, ...(4) Pág. 243 “A Senhora Diectora”, pág. 218 “Inala sem Engolir”, ...(5) Pág. 290 “Pensar Nisto”, ...(6) Pág. 125 “O Homem Médio”, pág. 143 “Sócrates e o Lugar-Comum”, ...(7) Pág. 231 “Os Novos Monstros”, pág. 236 “Sampaio, o Outro”)»
26.7.09
UM ENCONTRO
José Sócrates disponibilizou-se para participar, amanhã, dia 27 de Julho, pelas 17.30, numa blogo-conferência aberta aos social media e à comunicação social que decorrerá em Lisboa com provável transmissão em directo via Sapo. É uma ideia do deputado do PS Jorge Seguro depois desenvolvida pelo Paulo Querido (que modera) e cada um dos participantes terá direito a uma pergunta ao secretário-geral do PS e primeiro-ministro. Não posso deixar - até porque serei dos mais insuspeitos bloggers participantes - de elogiar a iniciativa e, naturalmente, Sócrates já que, como escreveu o Paulo Querido no mail que me enviou, «é um dos principais candidatos a aceitar expor-se num ambiente não filtrado e com maus exemplos no passado, reconhecendo que esse ambiente merece a atenção.» É a falar, como adultos, que nos entendemos. E a escrever. Não há aqui, minha, outra ambição.
NÃO TEM RAZÃO?
A "intelectualidade" - vulgo Clac - que se anda a saracotear ao lado de António Costa, em Lisboa, não dá muita importância a assuntos de dinheiro. É mais "ideias". Aliás, Alberto Gonçalves, no DN, resume bem a coisa. «Os "intelectuais" dos CLAC deixam a desejar em intelectualidade e, ao serem apresentados seriamente enquanto tal, são um apurado retrato do atraso pátrio. E só.» Quanto ao próprio Costa, verifica-se que a propaganda não bate certo com o candidato-presidente e o candidato-presidente não bate certo com a propaganda. A claque, se puder, que dê uma ajudinha. Em verso ou "ponto cruz".
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LENDO OUTROS OU DA MORTE E DA TRANSFIGURAÇÃO
1. A Cultura de Sócrates vista pelos "seus" a propósito de um "Museu da Viagem". «O problema não são os museus. É a sua multiplicação, que custa dinheiro, fazendo com que Lisboa não disponha de um único que possa medir-se com os seus congéneres de Madrid, Veneza, Roma, Paris, Londres e Nova Iorque. O episódio caricato da pretendida e falhada extensão do Hermitage de São Petersburgo foi um bom exemplo da leviandade com que se gerem os dinheiros públicos.» (E. Pitta) Ou Leonel Moura, porventura a pensar nele: «Imagino que o Ministro da Cultura se refira à navegação na Internet, porque da tecla dos grandes feitos do antigamente que não consegue passar dos Descobrimentos, estamos todos fartos.(...) O Pavilhão de Portugal devia transformar-se num centro de experimentação artística, um laboratório de práticas avançadas, um lugar de encontro das artes e das ciências.Esse sim seria um projecto mobilizador.»
2. Por que é que também embirro com o ponto de exclamação. «O ponto de exclamação é um excesso de ruído que não acorda ninguém, uma espécie de martelo pneumático colocado no final de uma frase.» (F.J. Viegas)
3. Joaninha voa mas voa onde e quando quer. «Agora alguém no PS pensou ter chegado a hora de lhe dar a escolher entre manter-se no BE sem cargos ou entrar nas listas de deputados por aquele partido, como independente, em lugar francamente elegível. Declinou. Visto assim ninguém fica mal na fotografia. Para quê então ataques e desmentidos por parte daqueles que se não deram conta de estarem perante uma rara e forte personalidade política?» (Medeiros Ferreira)
4. Miguel Vale de Almeida ou a perda da inocência aos cinquenta. «Há formas de prisão, reclusão, fechamento muito piores do que o destas fadas: trata-se de alguém aprisionado a uma abstrusa necessidade de se justificar. » (C. Vidal)
5. João Galamba, para grande lástima da sua "direita amiguinha", pode não ser candidato. «Disseram-me que João Galamba pode não ser candidato a deputado. Era a informação que tinha. Se não for, é pena.» (P.P. Mascarenhas)
6. O "ciclo" em vigor. «Estamos a transmitir tragédia em ritmo revisteiro que pouco tem a ver com a "tempestade perfeita". Malhas que outros impérios tecem.» (J. A. Maltez)
7. Só Deus escreve por linhas tortas porque é um direito próprio. Seu. «A nossa noção de causalidade é macroscópica e “sentida”. No nosso universo sensível o tempo e as coisas são diferentes - as coisas têm muito mais tempo que nós - e a criação ex-nihilo ou é obra de Deus ou da magia.» (J.P. Pereira)
8. John Berryman. Para sossegar o João Galamba. «O mundo está gradualmente a tornar-se um sítio onde já não me apetece estar.»
Clip: Richard Strauss, Poema Sinfónico "Tod und Verklärung". Berliner Philarmoniker. Herbert von Karajan
2. Por que é que também embirro com o ponto de exclamação. «O ponto de exclamação é um excesso de ruído que não acorda ninguém, uma espécie de martelo pneumático colocado no final de uma frase.» (F.J. Viegas)
3. Joaninha voa mas voa onde e quando quer. «Agora alguém no PS pensou ter chegado a hora de lhe dar a escolher entre manter-se no BE sem cargos ou entrar nas listas de deputados por aquele partido, como independente, em lugar francamente elegível. Declinou. Visto assim ninguém fica mal na fotografia. Para quê então ataques e desmentidos por parte daqueles que se não deram conta de estarem perante uma rara e forte personalidade política?» (Medeiros Ferreira)
4. Miguel Vale de Almeida ou a perda da inocência aos cinquenta. «Há formas de prisão, reclusão, fechamento muito piores do que o destas fadas: trata-se de alguém aprisionado a uma abstrusa necessidade de se justificar. » (C. Vidal)
5. João Galamba, para grande lástima da sua "direita amiguinha", pode não ser candidato. «Disseram-me que João Galamba pode não ser candidato a deputado. Era a informação que tinha. Se não for, é pena.» (P.P. Mascarenhas)
6. O "ciclo" em vigor. «Estamos a transmitir tragédia em ritmo revisteiro que pouco tem a ver com a "tempestade perfeita". Malhas que outros impérios tecem.» (J. A. Maltez)
7. Só Deus escreve por linhas tortas porque é um direito próprio. Seu. «A nossa noção de causalidade é macroscópica e “sentida”. No nosso universo sensível o tempo e as coisas são diferentes - as coisas têm muito mais tempo que nós - e a criação ex-nihilo ou é obra de Deus ou da magia.» (J.P. Pereira)
8. John Berryman. Para sossegar o João Galamba. «O mundo está gradualmente a tornar-se um sítio onde já não me apetece estar.»
Clip: Richard Strauss, Poema Sinfónico "Tod und Verklärung". Berliner Philarmoniker. Herbert von Karajan
POR AMOR DE DEUS
Há qualquer coisa a unir estas duas criaturas - Alberto João Jardim e Maria de Lurdes Rodrigues - sem que ambas suspeitem disso. A ministra foi "anarca" e agora acha que as políticas são mais relevantes do que as pessoas. Ainda acaba em domadora de leões por efeitos hipnotizadores. E Jardim continua "anarca" já que pretende "lutar para acabar com o fascismo". Por amor de Deus.
SEM DILEMAS HAMLETIANOS
Tanta coisa, tanta coisa, e afinal, João, tudo se resume a um lugar na lista de candidatos a deputados do PS. Estamos sempre a aprender com o velhote. «And therefore as a stranger give it welcome./There are more things in heaven and earth, Horatio,/Than are dreamt of in your philosophy.»
UM LIVRO
No dia seguinte a ter assistido a esta peça, a actriz Ana Margarida Pereira ("Jean Fordham") sofreu uma paragem cardíaca e foi internada no Santa Maria. A Ana Margarida tem vinte e seis anos e vida e talento pela frente. A peça foi interrompida. Do fundo do coração (e eu só vi a Ana Margarida naquela noite), desejo que recupere depressa. Quem não assistiu à peça, pode lê-la numa tradução de Pedro Gorman para a Quimera e TNDMII. «Graças a Deus que não sabemos ver o futuro. Nunca poríamos os pés fora da cama.»
Foto: Tracy Letts, autor de Agosto em Osage
Foto: Tracy Letts, autor de Agosto em Osage
25.7.09
A ENTIDADE E O REGIME
Há dias foi divulgada num canal de televisão uma sondagem que dava António Costa cerca de nove pontos acima de Santana Lopes, em Lisboa. Hoje leio que «na manhã seguinte, [PSL pediu] a uma pessoa que trabalha [consigo] para ir logo à Entidade Reguladora para a Comunicação Social, onde a Lei manda fazer o depósito prévio à divulgação pública de cada sondagem. Pediu para consultar e foi negado, com a resposta de que a ERC precisava de dois dias para analisar. Mas já fora divulgada na véspera, 45 minutos depois de entrar na ERC!... Como é isto possível?» É. E é como me elucidou um amigo por mail. «Não sei se reparou que a ERC agora recomenda à RTP que dê mais visibilidade ao PSD nos noticiários (vem no Público de hoje). (...). Agora, que se aproximam eleições e as sondagens não favorecem o partido do poder actual, já se preparam para formar uma nova maioria que agrade ao talvez próximo poder. Esta gente mete nojo.»
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NÃO TEM RAZÃO?
«O que sinto hoje nas ruas é um movimento muito forte. Há pessoas que me dizem que nunca votaram no meu partido mas que, desta vez, o vão fazer. Essa imagem já passou, até pela evolução do actual governo nos últimos anos. De mim nunca disseram que não era licenciado, ou que fiz quatro cadeiras com o mesmo professor, ou que me licenciei num domingo. Nunca disseram uma série de coisas que aconteceram nestes últimos anos e que levaram as pessoas a pensar: "Mas o outro é que era mau?"Até hoje ainda está por explicar a dimensão política dos episódios que se passaram, sobretudo perante a dimensão dos episódios deste governo.»
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Pedro Santana Lopes
DESFOCADO
Pinto Ribeiro, a pessoa que está a fazer de ministro da Cultura, apareceu numa entrevista. Mais uma. Cheio de si mesmo e de "contentamento" (pela triste figura que fez ?), Ribeiro ameaçou-nos com mais um museu da Viagem, debaixo da pala do arquitecto Siza, uma coisa que, segundo ele, vai ser "extraordinária". Quem vier depois dele que pague e acabe. Quanto ao que lhe competia ter feito - "mais com menos dinheiro" - nada. É o retrato de um homem permanentemente desfocado num lugar que não lhe estava destinado. As coisas que não disse, por exemplo, sobre o São Carlos (e o que não fez revelando a sua impotência perante um director artístico manifestamente incompetente "herdado" do anterior secretário de Estado e uma gestão errada que até queria "fundir-se" com o D. Maria...). Não vê, felizmente, a hora de regressar ao seu gabinete de advocacia de onde nunca devia ter saído.
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José António Pinto Ribeiro
CONTRA A "RENOVAÇÃO NA CONTINUIDADE"
Há pouco vi Sócrates no Altis sentado ao lado do "ideólogo" Vitorino a anunciar o seu "programa" em "três pontos", estilo "renovação na continuidade" do funesto Marcello Caetano dos últimos dias. É para o poupar a essa pequena tragédia que também existe este blogue. Já lá deixei isto, isto e mais isto.
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24.7.09
A CAUSA DELES
Depois de Vital, Ana Gomes ou Luís Nazaré, o circunspecto membro da direcção benfiquista do sr. Vieira, só lá faltava o ex-profeta Correia de Campos, emigrado em Bruxelas como os dois primeiros. Gomes ainda anda por cá por causa de Sintra. A partir de 11 de Outubro já estará fora a tempo inteiro. Graças a Deus e ao amigo benfiquista do Nazaré.
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Vital Moreira
É MENTIRA?
Não quero que falte nada ao João Galamba. Aliás, fico sempre embevecido quando pressinto que a inteligência emotiva se sobrepõe a tudo o mais. O seu recente "psismo", não passa, aliás, disso. Outro dia comparou-me à melancolia eslava - feroz, fria, silenciosa e aparentemente indiferente - de uma famosa personagem de Dostoievsky. Até me babei. Agora é o Doutor Salazar, a três dias do aniversário do seu passamento. O João não deve ter lido bem isto. «Salazar apareceu depois da ditadura da República - contra ela -, ficou à frente da sua durante quase meio século, gerou toda a oposição ao Estado Novo, desde o PC até à oposição "burguesa" - a do exílio e a das prisões - e "fermentou" as Forças Armadas da "guerra colonial" que o derrubaram depois de morto. A diferença entre Salazar e as "elites" ditas democráticas é que, sendo todos manhosos, a manha de Salazar não lhe "puxava" para a trafulhice e para a cupidez insaciável. O século XX, português e político, foi o século de Salazar. E a estupidez revolucionária de apagar vestígios em pontes, estátuas e ruas não rasurou a coisa.» É mentira?
NÃO CONSEGUIMOS
Em relação a Junho de 2008, o número de desempregados cresceu em mais de cem mil no mês passado. Faltam só cinquenta mil para os famosos cento e cinquenta mil. Só que, tragicamente, é ao contrário. Não conseguimos.
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23.7.09
AMANHÃ NAS "BANCAS"
Na "explicação" do livro Portugal dos Pequeninos escrevi que «no desalinho da sua contingência, um blogue pode ser mais fidedigno do que uma notícia.» E acrescentei que «é, seguramente, mais livre pelo que deve ser, num certo sentido, mais responsável.» Porquê? Porque «à impunidade de certa comunicação social não se pode contrapor com mais impunidade a coberto do anonimato.» O que serve para este blogue, serve para todos os blogues. Amanhã estará "nas bancas" - representadas pelos computadores e pelos aparelhos equiparados que andam no bolso de alguns - um novo blogue com um propósito claro, sempre com assinatura por baixo. Recusar, a 27 de Setembro próximo, a continuidade da fantasia representada pelo actual primeiro-ministro. Tal significa apoiar outra solução ao contrário do que sugerem alguns tagarelas, anónimos e não anónimos, da blogosfera alinhada respeitosamente atrás de Sócrates e que anteciparam, com o ruído habitual, o lançamento do novo blogue. Desde ontem à noite, o primeiro-ministro (que já era admirável segundo os seus epígonos, dos sofisticados aos primitivos) passou a ser um homem providencial. Nem a Salazar ocorreu alguma vez a brilhante ideia de que ainda estava para nascer quem fizesse melhor do que ele. Soubemos pelo próprio que, afinal, já tinha nascido. Em Vilar de Maçada, há cerca de meio século. É também este providencialismo de opereta - feito apenas de som, fúria e imagens - que é preciso derrotar a 27 de Setembro. A isto, os autores do blogue respondem com o apoio - sereno, crítico, livre e, como no meu caso, independente - a Manuela Ferreira Leite. Em democracia, ganha-se e perde-se. Nestes últimos quatro anos perdeu-se muito da débil qualidade de vida democrática do país. Nós queremos simplesmente que Manuela Ferreira Leite, sem demagogias nem retóricas fáceis, a recupere.
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UMA NOTÍCIA (FINALMENTE) AGRADÁVEL
Aqui.
Mozart: Piano Concerto No. 9 "Jeunehomme", in E flat major, K. 271 (1st mov). Mitsuko Uchida.Mozarteum Orchestra. Jeffrey Tate. Saltzburg, 1989
ALEGRE
Com pompa e circunstância, dignas da sua vaidosa figura, Manuel Alegre deixa o Parlamento. Bajulado pelo Bloco, encarado com pragmáticas reticências pelo PC e moderamente aturado pelo PS de Sócrates, Alegre imagina para si mesmo um imenso desígnio. Fora o congresso da Aula Magna, o primeiro da seita depois da revolução, e a humilhação recente que inflingiu a Soares, Alegre não serviu politicamente para mais nada. Espera, a partir de agora, condicionar o seu partido, e a esquerda em geral, a partir do limbo. Se isso acontecer, significa que temos a esquerda mais estúpida da Europa. Nada de que eu já não desconfiasse.
LINO DESCONTROLADO
O governo em funções inventou uma coisa (entre milhares delas, sobretudo virtuais) chamada "controlador financeiro". Supostamente o "controlador financeiro" seria uma espécie de delegado das Finanças em cada ministério destinado a acompanhar a execução orçamental. Alguns desistiram da função a meio do caminho. A solidão e a irrelevância não são boas conselheiras. O "controlador" do eng. º Mário Lino advertiu-o da asneira que representava, para o Estado, o negócio com a Liscont da Mota-Engil sobre o terminal de Alcântara. Lino, que só ouve (e mal) os seus assessores de imprensa e de blogosfera, ignorou o esforçado "controlador", na circunstância uma "controladora" e insuspeita economista. Só mesmo as eleições poderão "controlar" Lino, removendo-o para o justo anonimato empresarial de onde nunca devia ter saído.
IDIOTEX
Parece que alguns dos pseudo-cómicos oficiais do regime "parodiaram" Ricardo Pais (o encenador e antigo director do Teatro S. João do Porto) no Largo do São Carlos, comparando-o a Júlio Dantas. Teriam usado o famoso "manifesto" de Almada Negreiros para "gozar" Pais. Apesar de não entender o cabimento de uma macacada deste género em frente (e organizada) pela OPART que, em má hora, gere o único teatro lírico nacional, penso que atingimos um ponto de abastardamento nacional (basta atentar num 1º ministro que afirma, sem se rir, que ainda está para nascer um 1º ministro capaz de fazer melhor do que ele...) em que qualquer palhaçada dita "cultural" será sempre um mal menor. Sobretudo julgo que, a bem da "avaliação" do "respeitável público", nada deve ser proibido ou excluído. O "público", aliás, gosta de se ver (bem) representado. Mas regressemos a Dantas porque Pais deixou de me interessar há uns anos. O melhor do artigo da Helena Matos no Público nem sequer é a malfadada cronologia do improvável "socratismo" de que os referidos cómicos "idiotex" narram exemplarmente o esplendor. O melhor - por ilustrar o contrário destes tempos de gente que possui todas as qualidades dos cães menos a lealdade - é o que a Helena debita sobre Dantas. Até porque o "pim" de Almada liquidou-o aos olhos da parola intelectualidade indígena. E não merecia.
«Não me interessam muito as razões que levaram estes actores a estabelecer esse paralelo entre Júlio Dantas e Ricardo Pais. O que eu queria mesmo era um pretexto para falar do Dantas e sobretudo desmanchar aquele sorrisinho consensual, género "tão moderninho que eu sou!", que nasce quando o nome do dito Dantas é pronunciado. Durante anos o que conheci de Júlio Dantas foi o que dele escreveu Almada Negreiros. Um trabalho sobre o primeiro filme sonoro português, A Severa, fez-me interessar pela figura do tão ridicularizado Dantas. Não foram as excelentes letras dos fados que me levaram a considerar que talvez o Dantas não fosse apenas o boneco que dele fizera Almada. Foram sim umas cartas. Mais propriamente as cartas que escreveu a um preso de seu nome José Carlos Amador Rebelo. Até ao dia 6 de Fevereiro de 1931, Amador Rebelo era uma figura conhecida nesse meio cultural que anunciava ir revolucionar e organizar o cinema português em moldes modernos. O que o levara a esse mundo foi o seu talento não para o cinema mas sim para arranjar dinheiro. Quando Leitão de Barros avança para a realização do primeiro filme sonoro português, a Sociedade Universal de Super Filmes, produtora da fita, procura Amador Rebelo, que garante boa parte do capital de A Severa. Acontece que desgraçadamente o dinheiro não era de Amador Rebelo mas sim do BNU, onde Amador Rebelo tinha o invejado cargo de inspector-geral e de onde desviara o dinheiro para financiar A Severa. Às onze da noite do dia 6 de Fevereiro de 1931, João Ulrich, então director do BNU, entrou no Torel para apresentar queixa por desfalque contra Amador Rebelo. Desde esse momento a grande preocupação da gente moderna da cultura e do cinema foi desvincular-se desse homem a quem até há uns dias enviavam telegramas pedindo dinheiro para fazerem a sua obra: "A escola Alves Reis, em cuja árvore genealógica entronca José Amador Rebelo, seu jovem e aproveitado discípulo deve ser expropriada e arrasada" - lê-se na revista Cinéfilo escassos dias depois da denúncia do BNU. Amador Rebelo seria preso e julgado. E é aí, na cadeia, que entra o nome de Júlio Dantas, pois, ao contrário de outros, fossem eles cineastas, escritores ou artistas muito mais modernos, revolucionários e tidos como menos oficiosos, Júlio Dantas não se esquece de Amador Rebelo e escreve-lhe para a cadeia procurando encorajá-lo. Certamente efeminado e postiço como lhe chamou Almada, vaidoso e egocêntrico como o descreveu pitorescamente Marcelo Caetano, a verdade é que Júlio Dantas é também o intelectual que desempenhou com qualidade os cargos que teve e o homem que não fez de conta que não conhecia um amigo e que, nos anos 20, se opôs ao grupo moderníssimo de radicais que pretendia retirar duma livraria do Chiado exemplares das Canções de António Botto. Júlio Dantas tem representado convenientemente o papel do intelectual em que literal e historicamente falando é moderno malhar mas a vida (e no caso de Júlio Dantas a própria morte) e a sua teia de compromissos, fraquezas, glórias e princípios é sempre bem mais complexa do que as certezas inscritas nas frases dramaticamente sonoras e frequentemente belas dos manifestos.»
«Não me interessam muito as razões que levaram estes actores a estabelecer esse paralelo entre Júlio Dantas e Ricardo Pais. O que eu queria mesmo era um pretexto para falar do Dantas e sobretudo desmanchar aquele sorrisinho consensual, género "tão moderninho que eu sou!", que nasce quando o nome do dito Dantas é pronunciado. Durante anos o que conheci de Júlio Dantas foi o que dele escreveu Almada Negreiros. Um trabalho sobre o primeiro filme sonoro português, A Severa, fez-me interessar pela figura do tão ridicularizado Dantas. Não foram as excelentes letras dos fados que me levaram a considerar que talvez o Dantas não fosse apenas o boneco que dele fizera Almada. Foram sim umas cartas. Mais propriamente as cartas que escreveu a um preso de seu nome José Carlos Amador Rebelo. Até ao dia 6 de Fevereiro de 1931, Amador Rebelo era uma figura conhecida nesse meio cultural que anunciava ir revolucionar e organizar o cinema português em moldes modernos. O que o levara a esse mundo foi o seu talento não para o cinema mas sim para arranjar dinheiro. Quando Leitão de Barros avança para a realização do primeiro filme sonoro português, a Sociedade Universal de Super Filmes, produtora da fita, procura Amador Rebelo, que garante boa parte do capital de A Severa. Acontece que desgraçadamente o dinheiro não era de Amador Rebelo mas sim do BNU, onde Amador Rebelo tinha o invejado cargo de inspector-geral e de onde desviara o dinheiro para financiar A Severa. Às onze da noite do dia 6 de Fevereiro de 1931, João Ulrich, então director do BNU, entrou no Torel para apresentar queixa por desfalque contra Amador Rebelo. Desde esse momento a grande preocupação da gente moderna da cultura e do cinema foi desvincular-se desse homem a quem até há uns dias enviavam telegramas pedindo dinheiro para fazerem a sua obra: "A escola Alves Reis, em cuja árvore genealógica entronca José Amador Rebelo, seu jovem e aproveitado discípulo deve ser expropriada e arrasada" - lê-se na revista Cinéfilo escassos dias depois da denúncia do BNU. Amador Rebelo seria preso e julgado. E é aí, na cadeia, que entra o nome de Júlio Dantas, pois, ao contrário de outros, fossem eles cineastas, escritores ou artistas muito mais modernos, revolucionários e tidos como menos oficiosos, Júlio Dantas não se esquece de Amador Rebelo e escreve-lhe para a cadeia procurando encorajá-lo. Certamente efeminado e postiço como lhe chamou Almada, vaidoso e egocêntrico como o descreveu pitorescamente Marcelo Caetano, a verdade é que Júlio Dantas é também o intelectual que desempenhou com qualidade os cargos que teve e o homem que não fez de conta que não conhecia um amigo e que, nos anos 20, se opôs ao grupo moderníssimo de radicais que pretendia retirar duma livraria do Chiado exemplares das Canções de António Botto. Júlio Dantas tem representado convenientemente o papel do intelectual em que literal e historicamente falando é moderno malhar mas a vida (e no caso de Júlio Dantas a própria morte) e a sua teia de compromissos, fraquezas, glórias e princípios é sempre bem mais complexa do que as certezas inscritas nas frases dramaticamente sonoras e frequentemente belas dos manifestos.»
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UM HOMEM DE «MÉTIER» OU DEZ ANOS DE SÓCRATES
Ler a crónica do José Pacheco Pereira na Sábado em linha. «Aquilo que parecia em 1999 uma ode ao desenvolvimento baseado no futebol - em Aveiro a “maior zona de requalificação” do país, os estádios “muito sofisticados” “com três estúdios para televisão pelo menos“, “criar novas centralidades”, “novas oportunidades” etc., etc. - e que se repetiu a propósito de muita coisa, dos gadgets como o “Magalhães” a falhanços como as Cidades Digitais e a Via CTT, nos anos da maioria absoluta até desfalecer em Junho de 2009, hoje parece muito frágil. Quando o ouvíamos em 2005, 2006, 2007, 2008, a falar da “revolução” que os seus projectos de desenvolvimento iriam trazer ao país, deveríamos ter tido mais memória do passado deste governante, mas falhámos no escrutínio do que já então era possível ter e que se devia ter. Sócrates vai falar do mesmo modo na sua campanha eleitoral porque ele não sabe fazer de outra maneira. É por isso que é bom voltar a estes vídeos com dez anos para o perceber melhor.»
Nas inesquecíveis palavras do próprio - do "verdadeiro artista - ontem no Porto, ainda está para nascer um primeiro-ministro como ele. Duvidam?
Nas inesquecíveis palavras do próprio - do "verdadeiro artista - ontem no Porto, ainda está para nascer um primeiro-ministro como ele. Duvidam?
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22.7.09
O "ÍMPETO"
Cada vez que ouço falar em "ímpeto reformista" do governo Sócrates (ou em "proactividade"), sofro ataques de riso de proporções bíblicas. Três heróis do liberalismo português contemporâneo, respectivamente os drs. Joaquim Goes, António Carrapatoso e Rui Ramos "balançam" o executivo à conta do seu inefável "Compromisso Portugal", na Sic-Notícias, com o pequeno Ferreira dos "negócios". Apesar dos elogios ao mencionado "ímpeto", estes nossas amiguinhos - sempre, como salienta Carrapatoso, com o credo da "libertação da sociedade civil" na boca - deixaram de conceder o benefício da dúvida ao ex-admirável líder. Nunca é de mais recordar em que consiste esta coisa do "Compromisso". Foi criado em 2004 ainda sob o regime de Barroso. No Convento do Beato, Carrapatoso e os seus amigos celebraram então a "sociedade civil" (não sabem, aliás, fazer outra coisa como se não vivessem no Portugal do seu "compromisso" o que quer dizer que não o conhecem) e aplaudiram a "veia reformista" do executivo de então. Fizeram o mesmo com o de Sócrates a quem "lançam" os mesmos lugares-comuns marcianos que dirigiram ao governo da defunta AD. Como aprecio o Rui Ramos (também ele funcionário público), custa-me vê-lo tão mal acompanhado. Que eu tivesse dado por isso, o "Compromisso Portugal" nunca foi a votos embora aprecie "influenciar" todos os governos a fim que sigam a sua maravilhosa cartilha "liberal". Há pessoas que passam quinze dias na Noruega, seis anos em Inglaterra ou três meses nos EUA e imaginam logo que a miserável west coast do fatal ministro dos corninhos pode dispensar a promiscuidade entre a "sociedade civil" e o Estado. Ou que a "libertação" daquela contra este nos retirará finalmente do abismo. Todavia Portugal não se muda "academicamente" e muito menos com "empreendedores" que falam de cátedra de "competitividade" mas que andam permanentemente pendurados às bordas do regime. Os pareceres da antiga Câmara Corporativa - o "Compromisso Portugal" da época do Doutor Salazar - eram intelectualmente mais honestos do que estas "intervenções" impetuosas das nossas pseudo-elites. Cansam.
COSTA, O COBRADOR SEM FRAQUE
À consideração do dr. Costa, o ainda presidente da CML. «A Câmara Municipal de Lisboa sabe que um dos grandes problemas que atravessa é a desertificação da cidade, porém, insiste em aplicar medidas para sangrar ainda mais os cidadãos que persistem em querer morar em Lisboa. O que é que estão à espera? Que nos mudemos também de Lisboa deixando esta cidade completamente deserta?»
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OS "PROGRAMAS"
Andam para aí uns cromos a pedir "programas de governo". Critica-se Ferreira Leite por ainda não ter apresentado um. Por contraposição, os mesmo cromos acham que as sessões de propaganda do admirável líder (em que se limita a repetir os "sucessos" do seu maravilhoso governo e a prometer mais do mesmo, mesmo que seja do mesmo que não cumpriu) se equiparam a um "programa". Ora, como os mesmos cromos não cessam de papaguear, o cenário a sair das eleições de 27 de Setembro é de total imprevisibilidade. Nenhum português fora do circuito destes cromos quer saber de programas para nada. Sócrates apareceu muito arrumadinho de ideias em 2005 e vejam no que deu. Comparem os cartazes, as "novas fronteiras" e o powerpoint com os resultados. Nem sequer os cromos - muitos deles não passam de meros analfabetos funcionais - querem saber de programas para nada. Só querem ruído.
FRACASSOS ESPELHADOS
Abriu, como se fosse um ersatz da Expo 98 - e precisamente por ali - o "campus judiciário" de Lisboa. Teve direito a Sócrates, a Alberto Costa, a Supremo e a PGR. O venerando conselheiro Pinto Monteiro, aliás, não se poupou em elogios escolásticos à obra. Uns quantos juízes, porventura "em protesto", não apareceram. Dizem que a coisa não tem"dignidade". Com a desculpa da mudança, há já algum tempo que alguns dos agentes envolvidos na administração da justiça e na prossecução da acção penal não "apareciam" nos respectivos processos. Ainda por cima vêm aí as férias judiciais. Moral da história. Quer o SNS, quer a Justiça são "áreas" a evitar. Seja no "campo" ou num edifício. Sob a capa da modernidade espelhada, não progredimos no que interessa verdadeiramente às pessoas: saúde e justiça.
BASTONEX
Quando Marinho Pinto foi eleito bastonário dos advogados, pareceu-me que fazia bem à circunspecta Ordem um tipo pouco consensual e não enfeudado aos grandes escritórios cúmplices de qualquer poder político. Infelizmente, Marinho Pinto deu nisto e perdeu toda a credibilidade. Até a revista da Ordem parece mais uma "acção socialista" a juntar-se a tantas outras.
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ACABAR O MUNDO
DÉCIMAS ALENTEJANAS
MOTE
Quero e não posso esquecer-te
Devo odiar-te mas não quero
Sinto perder-me ao perder-te
Não tenho esperança mas quero
VOLTAS
Invadiu-me esta paixão
Naquela tarde de Agosto
Quando olhei para o teu rosto
E tu olhaste pró chão
Disse-me o meu coração
Que tu me correspondeste
Bem sei que em casos destes
Pode haver mal entendido
Mas já não me sai do sentido
Quero e não posso esquecer-te
Cheguei a ter a sensação
Quando me olhavas com ternura
Eu navegava num mar de ventura
Com o vento de feição
Agora que vejo que não
Embora me custe dizer-te
Naufraguei ao conhecer-te
Nas ondas da amargura
E o meu mal já não tem cura
Sinto perder-me ao perder-te
(João Chouriço Paias, Póvoa)
Foto: Die Walküre, TNSC, 2007
A "LISTA" DO SENHOR CARREIRAS
Se esta "lista" corresponder à realidade final - e salvo a cabeça de lista e duas ou três excepções metidas lá pelo meio - é caso para dizer que o melhor que o PSD tem para oferecer a Lisboa é mesmo o Pedro Santana Lopes.
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