30.7.09

A ARANHA DA VIDA


Depois de jantar, passei por uma livraria e peguei no livro As Cantinas e Outros Poemas do Álcool e do Mar, de Malcolm Lowry, seleccionados e traduzidos por José Agostinho Baptista (Assírio & Alvim, 2008). Serve este, "roubado" ao José Mário Silva.

OS BÊBADOS

O ruído da morte está neste bar desolado
Onde a tranquilidade se senta inclinada sobre a sua oração
E a música abriga o sonho do amante
Mas quando moeda alguma compra este fundo desespero
Nesta casa tão solitária
E de todos os destinos o mais solitário
Onde nenhuma música eléctrica destrói o bater
Dos corações duas vezes quebrados mas agora reunidos
Pelo cirurgião da paz no peróneo da desgraça
Penetra mais profundamente do que os trompetes
O movimento da mente que aí faz a sua teia
Onde as desordens são simples como o túmulo
E a aranha da vida se senta, dormindo.

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