13.10.06

"A DOÇURA DE UM VIVER TRANQUILO"


Foi preciso o "pai da blogosfera" perguntar e responder acerca de "por que razão a democracia tem medo de Salazar? (Público de 12 de Outubro, sem link) para se pensar minimamente no assunto. Isto por causa da tal coisa dos "Grandes Portugueses" que a RTP e a Sra. D. Maria Elisa vão promover, na qual, inicialmente, o nome do antigo presidente do conselho estava banido. Salazar foi tão notável - como escreveu António José Saraiva - que "passou" para o actual regime muito da sua "herança espiritual". O receio da independência, a ausência do confronto, o terror da polémica, a obsessão "sistémica", o aprumo autoritário, o conformismo embezerrado, a facada nas costas, o horror do "outro", etc., etc, estão tanto ou mais vivos hoje do que no ano de 1970 em que Salazar morreu. E é assim porque a democracia "espalhou" estas deficiências de carácter pela rua. Não é por acaso que Mário Cesariny - insuspeitíssimo - na recente entrevista ao Sol, "explicou" a quem soube perceber que este regime liquidou alguma da expontaneidade e da imaginação que a ditadura forçava a desenvolver clandestina ou descaradamente. O "respeitinho" democrático, num certo sentido, é bem pior do que o "a bem da nação" de Salazar. No Estado, por exemplo, o dito "respeitinho" mandou que nos ofícios se substituísse esta expressão pela inócua "com os melhores cumprimentos", como se fossemos todos primos e primas. Nos casos mais doentios e hipócritas, costuma acrescentar-se "pessoais", à mão. A diferença entre Salazar e as hodiernas "elites" é que, sendo todos manhosos, a manha de Salazar não lhe "puxava" para a trafulhice e para a cupidez insaciável, própria de desbragados e de deslumbrados sem eira nem beira. Prendia, censurava, batia, exilava, todavia conseguia ser menos provinciano - apesar das origens humildes e das galinhas nos jardins de São Bento - do que estas "elites" paridas à pressa a partir do nada. Salazar, a propósito do país, disse a Christine Garnier que era preciso preservar a "doçura de um viver tranquilo". Não é isso, por outras palavras, aquilo que a "esquerda moderna" nos promete? Um "viver tranquilo"...?

13 comentários:

Anónimo disse...

Continuo na minha:

- temos sido governados por malta que foi educada e formada por ele, ao ponto de (neo?)-liberais(?)gostarem do seu cooperativismo;

- somos governados por instituições que funcionam de facto segundo o espirito dele, como é qualquer repartição pública;

- os resultados são o que são;

- não dava um passo sem os exterminadores da PIDE a abrir caminho;

e dizem que é grande?

Anónimo disse...

É por essas e por outras que "ele" é o "pai da blogosfera". E arredores, acrescentaria eu.

Anónimo disse...

O JG é sempre oportuno e vai "direitinho" ao cerne das questões!! Plenamente de acordo com tudo o que disse, é tudo Verdade! Quer se queira, quer não, a verdade é que Salazar, com todos os seus defeitos de governação, ´fica muito acima do nível dos chulos pseudo-democratas que por aí andam......

João Villalobos disse...

Caro João,
Preocupo-me contigo. Anda daí almoçar e eu reconcilio-te com os esplendores da democracia nacional. Abraço

Anónimo disse...

Não é nada comigo, mas senhor João Villalobos: Esse convite cheira-me a uma democrática corrupção.
:)

Sauridio

Anónimo disse...

Isto está cada vez melhor.

Eu diria mesmo mais: o Franco, com todos os seus defeitos, era mil vezes melhor que essa escumalha de gravata do centro; esses parlamentares medíocres que só sabem é enganar o povo.

Não por acaso isto sabe a populismo direitista de antanho. Estranho. Ou talvez não.

Volta Oliveira - estás perdoado!

Anónimo disse...

Já repararam que todas as semanas aparece o retrato do Salazar neste blog? Por tudo e por nada lá aparece a efígie do homenzinho... Não será um caso para psicanalisar?

Anónimo disse...

SE FOSSE SÓ PSICANALISAR!

Anónimo disse...

Acho que o Salazar era comunista.

Anónimo disse...

Só se for seu pai, meu não é de certeza.

Anónimo disse...

no regime do estado novo..a divida externa estava controlada...o crescimento economico era incontestavel, as reservas de ouro ocupavam o 4ºlugar no ranking mundial com as suas 889toneladas...nao entravam 11milhes de euros por dia...nem havia um FEDER a cobrir 70% dos custos...o pais é reduzido as fronteiras medievais e o estado permance grande e gordo com 200tal deputados...muitos tachos e regalias para quem ladra aos calcanhares de todos.."sou pela democracia pelo povo" e tanto têm tirado ao mm mas tanto que da dó...realemnte o povo portugues merecia um grande rebuçado por tanta piolhice politca por tanto larapios a ir.lhe aos bolsos..ininterruptamente...governo atras de governo...

AM disse...

“Ele Vive”, anda por aí, está entre nós, no meio de nós... e o episódio da queda da cadeira, a ter acontecido (o que se dúvida...), não passou de uma divertida “practical joke”. Que divertido, que fino sentido de humor... Sr. Presidente do Conselho. De dente arreganhado, o “cadáver adiado” (rejubilem), está bem, e "recomenda-se". Vai a votos, o tratante, em pose democrática, e a amealhar chamadas de valor acrescentado...

Anónimo disse...

Salazar não era burguês. Governou como quem governa a quinta.
Os que governam agora são burgueses e como dizia o poeta o que os burgueses portugueses tem de pior é o de serem portugueses. Isto é Salazares encapotados, com todos os seus defeitos e nenhuma das virtudes.