18.10.06

O "PATERNALISMO CULTURAL"

Esta questão colocada pelo João Miranda tem a sua razão de ser. O "paternalismo cultural" sustenta aberrações que passam por ser "criativas", "originais" ou o raio que as parta, todas devidamente subsidiadas pelo OE. Felizmente - nunca pensei vir a utilizar este advérbio para a "cultura" - o orçamento de Estado para 2007 obriga os organismos na sua tutela - designadamente o Instituto das Artes que gere a subsidio-dependência destes "criativos" - a baixar a bitola. Por outro lado, e apesar das leis orgânicas dos teatros nacionais definirem a criação de "novos públicos" como um dos objectivos do respectivo desempenho, não só nunca se percebeu muito bem o que é que isso quer dizer, como, com raríssimas excepções, jamais foram dados passos para chamar aos teatros outros espectadores que não os triviais. É por isso que se deve questionar a subsistência do ministério da Cultura "qua tale". Se é para gerir a mercearia, qualquer outro organismo menos complexo o poderá fazer. Para que as coisas existam e, depois, não tenham nem condições financeiras para funcionar, nem se possua a noção do que é prioritário - os bens culturais móveis e imóveis, em suma, o património físico e intelectual -, mais vale estar quieto. Que o IA não tenha dinheiro para subsidiar "grupos" como os que se encontram "barricados" no Rivoli, não me tira o sono. Que o Estado não tenha dinheiro para conservar livros ou manter museus abertos, já me aborrece. O resto é paisagem e o comendador Berardo.

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