O ano orçamental que se avizinha vai ser fatal para a "cultura", leia-se ministério e adjacências. Sem perder tempo, o director do São Carlos já disse que, pelo menos 20% da programação anunciada com a benção dos dois tutores políticos do ministério, não poderá ser cumprida já que os "custos de funcionamento" são fixos e - julgam ele e o ministério - inamovíveis. Ricardo Pais, entregue à volúpia da sua "autonomia financeira", ainda não piou. Até o soba Mega Ferreira foi forçado a "cortar" na sua programação. Os restantes organismos, a começar pelo Dona Maria, lá vão vivendo a sua mentirazinha devidamente institucionalizada pela tutela. Lá para Março ou Abril, se Deus quiser, andarão todos a bater à porta da profª Pires de Lima e do seu ajudante a reclamar mais euros. Por outro lado, consta que esta semana será conhecido o nome do director executivo-artístico da "colecção Berardo", o único acto "cultural" e financeiro perpetrado pelo governo com a conivência do PR e que constituiu uma submissão declarada do Estado aos legítimos propósitos "artísticos" do senhor comendador e a anulação do CCB enquanto tal. Supostamente, portanto, quem não tem dinheiro, não tem vícios. Só que, no meio desta grande ilusão que é a "cultura", a senhora ministra decidiu criar um "museu do mar da língua" - o tipo que se lembrou deste nome devia ser imediatamente condecorado - e, para o efeito, gastar 2.5 milhões dos euros que não tem na recuperação do "barracão onde há sessenta anos funcionou o Museu de Arte Popular, em Belém". Segundo fonte credível - se é que existe alguma credibilidade nisto - , "o novo museu pretende ser "um centro de interpretação das navegações, que junte a língua portuguesa e os Descobrimentos". Palavra de honra. De facto, não sei como é que o país conseguiu sobreviver até hoje sem uma coisa destas, digna de um Carlos Pinto Coelho, de uma Bárbara Guimarães ou de um Hermano Saraiva em permanente fim de carreira. Como é que a profª Pires de Lima - que não consegue convencer ninguém com a escolha "neo-realista" que fez para o Teatro Nacional - se foi lembrar de tão transcendente obra que seguramente servirá para apascentar a matilha habitual que se arrasta nestas inutilidades quase desde a tomada de Ceuta em 1415 ou, pelo menos, desde os gloriosos tempos da famosa "comissão dos descobrimentos" dos idos de 90? Tudo isto é ridículo e trágico. E só me dá mais motivos para pedir, uma vez mais, a extinção do ministério da Cultura ou, na impossiblidade de isso acontecer, de o afogar no sublime "mar da língua".
5 comentários:
Devia-se AFOGAR nesse "mar" a Ministra da Cultura mais todos os iguais a ela para ver se não sobra nenhum e ficam, definitivamete EXTINTOS para não haver mais IGNORÂNCIA e falta de sapiência na gestão do Ministério.....BASTA !!!!
Essa do mar da língua é um achado.
Mas há mar e mar, há ir e voltar.
Esse mar, acho eu, vai ficar-se pelo ir.
A expressão "mar da língua" é de facto um achado. Tem um não sei o quê de naughty, de tabu... o vai-vem; o vir e o ir; o fundir euros! Será a compensação da Sra. Ministra pelos mamarrachos -por outro nome- que teve de engulir do Comendador?
kk
O Museu
Mar da língua? Mau gosto!
Língua de mar? Também não!
Língua com sabor a mar?
Mar com sabor a língua?
As palavras e água do mar?
A água do mar e as palavras?
A mar a língua?
Um "expert" ... uma comissão ...um grupo de trabalho...um concurso nacional, precisa-se!
Que inveja é esta dos brasileiros? Deus meu! Não chega o Instituto Camões?
Podiam adaptar por exemplo o Museu da Marinha para isso, para quê mais funcionários, mas um director de Museu, mas dinheiro gasto em época de vacas magras?
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