O Filpe Nunes Vicente tem razão. Só se deve ligar à merda quando andamos distraídos. Todavia, o episódio do Rivoli - como tem sido bem sublinhado por Pacheco Pereira que é insuspeito de ser bronco - releva igualmente de outras coisas. A farsa que o sr. Alves e a sra. D. Regina têm vindo a montar, desde o Teatro até ao Tribunal de Pequena Instância Criminal do Porto, com a cumplicidade - não sei se analfabeta, se propositada, o que é mais grave - de vários jornalistas, não pode obter a complacência do Estado por interposta Isabel Pires de Lima. A ministra da Cultura que, sobre o assunto, tem revelado uma dislexia inadmissível - na boca dela, o episódio já foi de "original" a "ilegal" - parece que vai "receber" esta gente na segunda-feira. É um gesto gratuito e politicamente errado. Daqui para diante, qualquer "criativo subsidio-dependente" fica autorizado a fazer o que bem lhe apetecer porque a sra. ministra está "disponível" para qualquer coisa. Não foi ela, aliás, que usou essa extraordinária expressão "tecido cultural" para se referir a estes mendigos "culturais" que o IA, pago por nós, alimenta? Para se perceber que, no meio, não existe vergonha na cara, a inevitável dupla Cintra e Silva Melo com que o Estado anda sempre ao colo, em declarações indignadas ao Público (sem link), profere barbaridades deste género:
"Saúdo a vossa determinação, coragem, sentido do dever, sacrifício e generosidade. E é claro que vos agradeço: vocês revelaram, com esta vossa acção desamparada e crua, como, ao contrário do que se diz, existe uma política cultural da direita, de que Rui Rio será o claro guia (mas outros se seguirão, fotocópias que aguardavam o gesto original). (...) Vocês revelaram a constante inconsistência da política do Ministério da Cultura (...). Que vos ponham ao frio, à sede, à fome e à polícia (em nome, é claro, da democracia, do mercado ou mesmo da cultura); (...) que se troque o espaço comum de liberdade, criação, dúvida e prazer - que deveriam ser os teatros - pela cultura da diversão são histórias que não começaram ontem, nem começaram com esta Câmara do Porto, que tem a vantagem de ser clara na alarvidade dos seus propósitos e na brutalidade dos seus meios."
Jorge Silva Melo, director dos Artistas Unidos
"O que têm estado a fazer é muito importante para levantar problemas que transcendem o próprio caso sinistro do Rivoli. Toda a política de espectáculos é uma aberração, porque não tem relação com o problema fundamental dos espaços (...). Quando as salas vão parar às mãos de gente sinistra, o que cada vez é mais provável (...), a actividade ainda apoiada (...) deixará de existir, porque deixará de fazer sentido apoiá-la. E assim se chegará (o próprio Estado) ao puro comércio nas artes do espectáculo. O que é ainda mais grave é que isso não preocupará as maiorias e (...) a batalha é mais difícil. Mas pelos vistos sem ocupas nem chega a haver guerra."
Luís Miguel Cintra, actor e director do Teatro
da Cornucópia
Para tiradas destas - sobretudo as de Cintra que não tem pingo de motivo para se queixar, já que as de Silva Melo são meramente delirantes - não existem respostas racionais. Elas valem por si. Ou seja, o mesmo que nada.
Jorge Silva Melo, director dos Artistas Unidos
"O que têm estado a fazer é muito importante para levantar problemas que transcendem o próprio caso sinistro do Rivoli. Toda a política de espectáculos é uma aberração, porque não tem relação com o problema fundamental dos espaços (...). Quando as salas vão parar às mãos de gente sinistra, o que cada vez é mais provável (...), a actividade ainda apoiada (...) deixará de existir, porque deixará de fazer sentido apoiá-la. E assim se chegará (o próprio Estado) ao puro comércio nas artes do espectáculo. O que é ainda mais grave é que isso não preocupará as maiorias e (...) a batalha é mais difícil. Mas pelos vistos sem ocupas nem chega a haver guerra."
Luís Miguel Cintra, actor e director do Teatro
da Cornucópia
Para tiradas destas - sobretudo as de Cintra que não tem pingo de motivo para se queixar, já que as de Silva Melo são meramente delirantes - não existem respostas racionais. Elas valem por si. Ou seja, o mesmo que nada.
7 comentários:
O Rui Rio é um personagem estranho, diria mesmo bizarro, por quem alimento uma avassaladora indiferença e tenho como uma espécie de restos de um Portugal que não sabe se vai ou se fica, mas aquela gentalha do Rivoli, manienta, pesporrenta, enleada numa soberba gordurosa, é muito pior, é fruto do Portugal de hoje, ou, pelo menos, de um certo Portugal tendencialmente suburbano, que segue as cavalitas da ignorância como se se fosse menos bruto estando dois palmos acima de quem os carrega. Em suma, definitivamente não gosto desta carneirada forunculamente intelectual. Vão todos ao mesmo barbeiro e pronto-a-vestir para serem... diferentes!!! Mas, num acesso de bondade minha, até admito que esta manatada está bem para o Rui Rio e vice-versa.
"O pacheco Pereira que é insuspeito de ser bronco"
Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!
o sr pacheco pereira é insuspeito de ser bronco?! (deve-me escapar o significado de bronco)
ilegal e original na mesma frase e/ou para descrever um acontecimento revela dislexia?!
alguém neste circo tem vergonha na cara, ou vergonha da cara?
(- ó sra quanto custa o quilo de vergonha?
- ó freguesa, olhe quessa é cara mas é da boa, até a pode usar na cara.)
tem razão rb: estas personagens estão boas umas para as outras, precisam é de um autor de qualidade.
voluntários? (além da joana amaral dias...)
Ah... a Joana essa boazona do porche... acordou tarde mas fez um conta-ataque a varrer com a artilharia toda e ainda tem a aviação em reserva...
Ai se os pobres de facto tomassem o poder o que seria da menina...
O dr. António Costa, que, entre outras coisas, é Ministro de Estado, mandou a PSP prender os ocupantes do Rivoli e apresentá-los no Tribunal de Instrução Criminal. A dra. Pires de Lima, por seu turno, convidou-os para os seus aposentos no Palácio da Ajuda, onde, segundo os jornais, os receberá na próxima semana.
Já se sabia que a ministra da Kultura odeia o presidente da Câmara do Porto. O que se ignorava é que também não gosta do ministro do Interior e faz gala em faltar-lhe ao respeito.
É um facto político que não tenho visto suficientemente comentado pelos especialistas na matéria – incluindo nestes o meu querido amigo João Gonçalves.
Nunca fui ao teatro no Porto.
Teatro no Porto? Tinha lido sobre o Teatro Experimental, e conhecia a Seiva Trupe, que vi num festival de teatro em Almada.
A oferta cultural em teatro no Porto sempre foi paupérrima. Isso sabia. Agora já têm um Teatro Nacional e navegando na net tomo ainda conhecimento:
--“ os anos noventa viram surgir uma série de pequenas companhias que trouxeram um novo impulso à produção de teatro na cidade. Para este crescimento sem precedentes contribuiu decisivamente o aparecimento de escolas de formação de actores e de técnicos.
Foi neste contexto de multiplicação da oferta de formação que se constituiram grupos como "As Boas Raparigas vão para o Céu, as Más para Todo o Lado", o "Teatro Plástico", o "Teatro Bruto", o "Teatro Só" ou o "MetaMortemFase", para referir apenas alguns.”
Tanto grupo a formar-se e sem salas ...
O Rivoli aparece prontinho a ser utilizado e de rajada... emprega 45 funcionários. Tantos? A fazer o quê? Quantos destes pisavam o palco e construíam a cena? Onde estão os responsáveis pela gestão? Ah!... Agora estão a demitir-se!
O Teatro Plástico entretanto já fez 10 anos. É subsidiado pelo IA – como todos os que tem uma actividade regular, consistente e de qualidade (isto sou eu a presumir). Leio que não têm público. Depois de 10 anos de actividade é preocupante. Problema da cidade, deles ou do teatro que fazem? Fico triste por eles...não os acuso de subsídio-dependência - isso caro JG é mais conversa de liberais que só falam “economês” e que pode ser aplicada também aos teatros nacionais, museus, bibliotecas ...
E agora? Que fazer a tanto desempregado? Quanto vai custar ao país os subsídios de desemprego?
Poderão sempre alugar uma garagem(ou pedir emprestada um fábrica de cervejas desactivada) - vi pela 1ª vez o Auto da Alma, numa pequeníssima garagem e nunca mais o esqueci. O teatro alternativo sempre foi pobre e marginal. Assim é também o país. QUE SINA!
Rui Rio – não suporto o homem – está no seu direito. Prefere o fogo de artíficio, os carros, a música pimba,o lazer .... democraticamente, nada a fazer.
Quanto ao Luís Miguel Cintra e ao Jorge Silva Melo... o que li, tem um nome: solidariedade.
(Perdão pelo testamento)
A anterior comentarista esqueceu-se do elevadissmo numero de espectadores das multiplas companhias, fruto certamento do excelente trabalho desenvolvido.
Aliaz directamente propocional ao numero de Rivolicionarios...
Até parecia o numero de espectadores do Zezé e do Toni...
Ah sim... Isso não é Teatro, desculpem...
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