Por razões profissionais, encontrava-me ontem em pleno epicentro da manifestação dos 70, 80 ou tal mil. Só ouvia o barulho e nem sequer fui à janela espreitar. Às tantas alguém veio dizer-me que a "cabeça" da manifestação já seguia pela Rua Braamcamp enquanto os mais atrasados ainda berravam pelos arrabaldes da Rua Augusta e da Praça do Comércio. Com ou sem as camionetas - essas, sim, havia em barda que eu vi, quando regressava a casa -, já que nunca assisti a nenhuma que não comportasse camionetas, a "manif" foi imponente. É claro que nenhum governo - salvo o famoso "quinto" do General Vasco Gonçalves em 75 - caiu por causa da rua. Depois de 76, todos os que caíram, caíram no sítio certo, em Belém e no Parlamento, com as miseráveis excepções dos fugitivos Guterres e Barroso. Eduardo Pitta, num acesso "socrático", dá mais importância à "maioria silenciosa" que viu passar os fandangos com indiferença soberana, do que aos "profissionais" das "manifs" a toque de caixa do PC. Não é por nada, porém tendo a concordar mais com a leitura que José Medeiros Ferreira faz da "maioria silenciosa", já que andou "pelo terreno", um pouco como eu à distância: "O que me impressionou mais foi a enorme paciência de todos perante o contra-tempo. Nem uma vez ouvi a célebre expressão "Vão trabalhar". Alguma coisa anda a fermentar..."
1 comentário:
Caro João Gonçalves,
É que hoje (ontem ) os pacientes automobilistas ( maioria silenciosa ??!!) não disseram
"Vão trabalhar"
pois verificaram que a maioria da minoria dos manifestante já estava em idade de reforma...
Era ser demasiado cruel !
Cumprimentos
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