Só agora li o artigo da Fernanda Câncio e de uma sua colega do Diário de Notícias, intitulado "Estado português financia "actos de culto católico" em Roma". O texto versa e discute a manutenção, a expensas do Estado, do Instituto Português de Santo António em Roma, bem como o funcionamento da Igreja de Santo António dos Portugueses. De acordo com o artigo, o PRACE prevê a transumância do instituto da tutela do Ministério das Finanças para o MNE, coisa que as jornalistas e uma sumidade de direito internacional, Jonatas Machado, ouvida (alguém que me proporcionou uma aula divertidíssima, em Coimbra, numa pós-graduação que frequentei) , contestam. Aliás, o título do artigo é, de per si, perfeitamente eloquente. Para além disso, as jornalistas escudaram-se na "indignação" de uma coisa chamada "Associação Cívica República e Laicidade" que, como lhe competia, já pediu "esclarecimentos" ao dr. Teixeira dos Santos. Estamos a três anos de comemorar um século sobre a "implantação da República". Pelos vistos, em cem anos, não aprendemos nada com a sua desgraça e com o seu jacobinismo primário. Será que um instituto que, como se escreve no artigo, possui uma "estrutura simples", com um reitor e um secretário, faz a ruína do Estado português? E a igreja, idem? Eu sei que não é por isto que se escreve e protesta. É o princípio constitucional da separação da igreja e do Estado, e a laicidade deste último, que move estas boas almas, igualmente filhas do Senhor como os que frequentam o instituto e a igreja. Muito bem. Também estou de acordo, com uma condição. É que a Fernanda, a sua colega, os "associativos" jacobinos e o prof. Jonatas, na sequela deste artigo - imagino que daqui para diante terão "pano-para-mangas" - preparem outro a defender a abolição dos feriados religiosos (católicos) que os ditos "associativos" querem transformar em "feriados pessoais ou de outras religiões". E expliquem isso bem explicadinho ao "povo" - o mesmo que a República, há cem anos, jurou defender com o sucesso que se conhece - para ver se ele gosta. Por mim, estou esclarecido. Basta-me olhar para as fotografias que "ilustram" o site da "Associação".
25 comentários:
outra vez a conversa dos feriados, joão? essa já tem barbas. e, sobretudo, não tem nada a ver com aquilo de que estamos a falar, mesmo se a mim tanto se me dava se cortassem do calendário uma série de feriados tipo 'ascensão não sei do quê' que a maioria do tal povo goza sem um minuto de pensamento para o que significam ou sequer que título têm. ah, o jonatas machado é constitucionalista, não especialista em direito internacional, que não seria nunca para aqui chamado. claro que pode não gostar dele ou preferir outro, mas infelizmente há sempre a constituição, que até ver é só uma e diz sobre esta matéria coisas razoavelmente incontroversas. mas pode sempre ser alterada. podemos sempre voltar à teocracia e defender o apedrejamento público de adúlteras, panascas e laicos, não necessariamente por esta ordem. é uma ideia (gosta de quando eu misturo tudo, como faz o joão? é giro, não é?).
Você é tramada, mas aqui a "brigada do reumático" também. O Jonatas é um iconoclasta do direito e, por acaso, a sua última obra versa o direito internacional. É claro que é constitucionalista. Quem não é? A diferença dele para os outros, é que tem graça. Não é apenas "jurista". E não, não temos que voltar a nenhuma teocracia. Da mesma forma que não devemos voltar ao jacobinismo para temperar o "liberalismo económico" da esquerda moderna. E, Fernanda, esperava melhor de si. Já reparou nas múmias que apascentam a "associação"? Com rapaziada dessa, quem não se sente confortado com o Ratzinger? Eu não hesito. Beijinhos.
Ai que arrufos a que estes dois se entregam!
Olhem lá, se a Igreja enxertou as suas festividades nas épocas dos ritos pagãos, bastará agora à República fazer o mesmo. No Natal, por exemplo, passaremos a comemorar o nascimento de Teófilo Braga. Não nasceu nesse dia? Não faz mal: também o nazareno não nasceu a 25 de Dezembro.
Será que estas Senhoras comemoram o Natal ou apenas aproveitam para fazer compras. Porque não são coerentes até ao fim !?...
Vá la Senhorinhas defendam a extinção do Natal. Os feriados religiosos não estão previstos na Constituição...
ó joão, o meu tempero é mais vinagre balsâmico. também pode ser wasabi -- aliás, eu preferia, se estiver a pensar numa coisa do género, que em vez de esquerda caviar me rotulasse de esquerda wasabi, que é mais ecológico e apropriado -- e picante.
quanto ao resto, deixe-me que acrescente que alguém com um tão arreigado respeito pela lei ordinária que até aceita que a gnr pare a tiro carros que se limitaram a desobedecer a uma ordem de paragem deveria, por maioria de razão, querer respeitada a constituição, letra a letra. a não ser que seja conforme.
anónimo, gostei dessa do teófilo braga. até sei quem
é e tudo, ao contrário da tal da ascensão.
«Pelos vistos, em cem anos, não aprendemos nada com a sua desgraça e com o seu jacobinismo primário.»
Nem com o clientelismo religioso que vai além das igrejas e abençoa certas famílias e castas universitárias...
Aliás.. Muito desse tem de certeza muito mas muito mais de cem anos...
E quanto à R&L.. Acho que nem sequer gostam de Jacobinos.. São mais Condorcet.
Cara f.
Noutros lugares, o comportamento de JG seria apelidado de zexual arrazement...
Não ligue, passa com a Lua.
"Por mim, estou esclarecido. Basta-me olhar para as fotografias que "ilustram" o site da "Associação"."
Ó Filho!! Qualquer um usa avental nos tempos que correm! Ainda o outro dia foi "Sua Majestade Real" servido No GOL. Não sabemos se com TAF's ou não... mas que lá foi, foi...
E parece que ainda não aprendeu aquela regra da vida: Com avental ou o terço, não importa o teu berço. Só falam contigo os que têm a conta offshore do tamanho da tua...
Aliás por falar em contas offshore, parece que até o S.António as tem no Vaticano e na Madeira...
A circunstancialmente relevante f. espalhou-se outra vez. Vai-se tornando um divertido hábito. O bom povo republicano agradece e aplaude. "Ascensão não sei do quê". Brilhante. "Voltar à teocracia e defender o apedrejamento". Erudito e honesto.
Não é só a glória que é fácil. O disparate também é.
hercule-poirot
Fernanda, encore: apesar de jurista, não tenho nenhum temor reverencial pela constituição. Aliás, até já escrevi que, em muitos aspectos, ela é inconstitucional, no sentido grandioso que, por exemplo, os "founding fathers" dos EUA dão ao termo constituição. Quanto à gnr, é evidente que não sou adepto de correr desobedientes à bala. Já agora, também é forçoso condenar as "lagartas" que a gnr apresentou ontem por causa dos direitos humanos... dos pneus? Mais vale extinguir as polícias ou transformá-las numa espécie de "exército de salvação", com pandeiretas e trombones, em vez de armas, "lagartas" outros adereços. Tudo na vida deve ser trilhado com bom senso. Até, ou sobretudo, disparar um tiro ou escrever um artigo. Não era Shakespeare que dizia que a pena é mais poderosa do que a espada? E, mesmo assim, repare, Fernanda, até Jesus - sim, esse da ascensão e do "Risorto" - disse que vinha, não para trazer a paz, mas a espada. Entendidos?
Convem lembrar que na Igreja de Santo Antonio dos Portugueses se levam a cabo varios espectaculos de promocao cultural (e nao so da cultura Portuguesa)como tive oportunidade de (por acaso) verificar numa visita turistica a Roma. É uma instituicao que funciona há anos e que não é unica em roma : veja-se a utilização da igreja de S. Luigi del Franchesi pela Toda Poderosa e Laica Republica Francesa.
Antes de se escreverem asneiras por questão de principio seria bom investigar o lado pratico e "common sense" da questão.
é, joão, estou muito preocupada com os direitos humanos dos pneus. e das próprias lagartas, já agora. e era mesmo de temor reverencial à constituição que eu estava a falar. sabe, quem me tira o temor reverencial tira-me tudo -- não passo sem ele.
ora ainda bem que reina por aqui o bom senso.
bom dia! -- como diz o outro
O efeito f. no Governo, pelo Público:
"Governo pretende encerrar 22 cadeias até 2010".
O Estado não deve financiar instituições religiosas, obviamente. Os seus fiéis é que as devem financiar. Eu peço desculpa, mas isto parece-me básico. Quanto aos feriados religiosos, é óbvio que se mantém em parte por inércia cómoda e noutra parte por respeito pelas tradições. Eu gosto e dá-me jeito. São dias em que não se trabalha, etc. Eu não percebo é o que tem uma coisa a ver com outra. Quer dizer que se o Estado um dia quisesse construir Igrejas e pagar salário aos padres, se iria dizer que sim, é legítimo, uma vez que até já existem feriados religiosos?
alfredo
Alfredo
Bá lá sejam amigos.
Bocês são tão irrelebantes ...
Vêde no que sempre deram os que nunca se bergaram à benção dos padrinhos fossem eles quais fossem.
Tratai lá das bossas bidinhas e multiplicai-bos.
Os poderes são os poderes e resta-bos fazer-lhes o frete.
E quantas bezes, quantas bezes, não fazeis bós os fretes pensando que estais a a agir de boa consciência. Tudo é muito manipulável.
Então O IPSA faz assim tanta mossa! Já repararam nas"ajudas" que as autarquias dão às Fabriqueiras? Peçam um mapa dos subsídios das autarquias, qualquer que seja. Também é dinheiro público! Amigos, é assim, tapa-se de um lado, destapa-se do outro. E isto de não ser Fabriqueira(?) e ser Instituto ainda por cima em Roma, é obra do Estado Novo a ser seguida por todos, senão, inferno connosco, todos, todinhos, a diáspora portuguesa. O mais que pode ocorrer é que com a reforma do Estado da Nação o dito Instituto passe a Direcção Geral..... e, prontos, ficamos todos na mesma. Já agora o Bispo ou Duque que está à frente do Instituto também não está em idade da reforma, então qué lá isto! Putos ao Governo, reformo tudo, fundo tudo, extingo tudo, aumento impostos, solteiros, abaixo com eles, cambada que não soube constituir família, essa mesma, a Sagrada(!) electricidade mais cara do mundo, Gloria da Nação. Amigos, agora a sério. Não queiram endireitar tudo de uma vez. Para além do direito constitucional, existe uma Ciência da Administração, que é preciso ler, estudar, investigar. Estamos a cometer excessos, ridículos, com pesar o digo. Não confundamos a nuvem com Juno. Termino como começei, vão analisar os orçamentos das autarquias sobre esta problemática. Um espanto! Mas o que é que se pode fazer? Bom senso, bom senso, resolve muitas coisas,principalmente as ninharias das inconstitucionalidades. Temos agora um referendo, muito importante. Foquemo-nos nisso, porque o povo anda tão chateado que corremos o risco de haver outro Não, não, pelo não ao referendo, mas pelo Não ao Governo. O raio do poder entontece. E as sondagens podem não traduzir a realidade.... Até lá.
a f. é fantástica!
É que tem tantas certezas e tão absolutas, tantas convicções, tantas causas, todas tão certas!
É tudo tão absoluto, naquele mundo!
E depois é muito rápida no pensamento e na expressão do mesmo. É assim uma espécie de Blitzkrieg das causas boas e certas.
E corajosa, ai de quem ousar dela discordar!
Talvez um dia, quando o disparate lhe sair da cabecinha, comece a pensar e, nessa altura, pode ser que sirva para alguma coisa.
ainda alguém se admira de isto estar como está?
a sra f. não sabe o que é nem quem foi nem o diabo a quatro e vai daí é jornalista e até tem emprego, e pronto candidamente mostra a sua ignorância ao povo.
acho bem, isto é um pais republicano.
Não tenho qualquer procuração do IPSA, do seu reitor ou de qualquer funcionário do mesmo. Acrescento que sou agnóstico, ainda que reconheça no cristianismo uma das matrizes fundamentais da minha educação e da civilazação ocidental. Quem não o reconhece ou é ignorante ou não está de boa fé. Assim, chocou-me o artigo da Sra D. Fernada Câncio e da Sra D. Maria José Margarido, pelo que revela de ignorância a respeito das actividades levadas a cabo no IPSA. Frequentando Roma com uma certa assiduidade, conheço as actividades levadas a cabo pelo IPSA que ultrapassam em muito "os actos de culto católico": o IPSA mantém uma biblioteca e um arquivo aberto a investigadores e historiadores; tem publicações sobre a história das relações entre Portugal e Roma; organiza concertos de música erudita com intérpretes portugueses ou de música de compositores portugueses; tem vários cd's editados, que vão da música antiga à contemporânea. Ora, as senhoras jornalistas não fazem qualquer referência a estas actividades, que muito fazem pelo bom nome de Portugal numa das capitais do mundo. Talvez conheçam muitos exemplos de institutos republicanos, laicos e socialistas que prestem um melhor serviço à promoção da cultura portuguesa, em Roma, ou em qualquer outro sítio. Nesse caso, porque não os divulgam para nosso esclarecimento?
Quero crer que as senhoras jornalistas apenas "pecaram" (oops, perdoem-me a costela judaico-cristã) por falta de informação e que nada as move contra este ou qualquer outro instituto só por ser católico.
António Manuel Casaca
caro antónio manuel casaca
não sei que edição do dn leu, mas aquela em que surgiu um artigo assinado por mim e pela m josé margarido trazia um texto sobre essas actividades do instituto a que faz referência, e a outras que não refere. é possível que a confusão se deva ao facto de a edição de net do dn não apresentar, incompreensivelmente no meu entender, tudo o que é publicado na edição impressa.
além disso, o que está obviamente em causa não é a valia de várias das actividades do institituto mas o facto de, por decreto (e portanto por definição) e na prática, este se dedicar a actos de culto católico, coisa que aliás o seu reitor reconheceu.
e tem toda a razão: nada nos move contra esse instituto 'só por ser católico'. é apenas uma aberração face à constituição. e isso, lamento, é notícia. compreendo que haja quem não o compreenda -- e até sou capaz de compreender as razões pelas quais o não compreendem. e compreendo mais: compreendo que dê jeito insinuar que o problema é das jornalistas, que terão 'causas', uma das quais passará por atacar/perseguir/denunciar institutos católicos. temo, porém, que a causa da insinuação passe exactamente pelo viés que se atribui às jornalistas.
e contra isso, como diz o povo, batatas.
ah, e caros anónimos de várias extracções: façam o favor de não fazer da vossa argúcia um tão triste retrato, nessa fervente incapacidade de descodificar ironias. já vai sendo uma canseira tanta leitura literal.
Leitura literal! Gostei! Literalmente:anónima.
Também é contra a lei o casamento entre pesoas do mesmo sexo e não é por isso que f. deixa de a defender.
Também é contra a lei a interrupção voluntária da gravidez por livre e discricionária vontade da mulher e não é por isso que f. deixa de defendê-lo.
Porque é que no caso concreto do IPSAR a preocupa tanto a alegada inconstitucionalidade?
Estranha dualidade de critérios, não vos parece?
E a minoria dos monárquicos que sofre horrores com o feriado do 5 Outubro?
Será que esta pobre minoria não devia ter direito a um feriado especial qualquer em troca do 5 de Outubro? Aliás, anda aí imensa gente que aproveita o 5 de Outbro sem pensar um pouco na data...
E o 10 de Junho? Porque raio devem os emigrantes gramar dom o 10 de Junho? Respeitemse as diversos minorias emigrantes. Que lhes seja permitido celebrar o Dia Nacional da Ucrânia, a Independência do Brasil de Cabo Verde,...
E a minoria fascista que tem de aturar o 25 de Abril? Pode ser que eles queiram trocar este feriado pelo 28 de Maio.
E o 1º de Dezembro, o Dia da Restauração? Já pensaram como isto oprime os Iberistas convictos? É outra minoria que temos de respeitar...
Jónatas Machado é o autor disto?
http://www.portalevangelico.pt/noticia.asp?id=2669
Em caso afirmativo, abrem-se possibilidades interessantes.
Enfim...
Cumprimentos,
PG
Jornalista de causas.
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