23.1.06

OS PERDIDOS (actualizado)

Esta eleição presidencial registou um verdadeiro exército de derrotados. À semelhança do que aconteceu no final do ano, elenco, à medida que me for lembrando, as coisas, os gestos e as pessoas em causa.
  • o discurso de derrota de Jerónimo de Sousa que veio "branquear" a imagem simpática que tinha deixado na campanha ou o regresso do estalinista de Pires Coxe;
  • o discurso de derrota de Louçã, que é candidato a tudo e mais alguma coisa que lhe dê tempo de antena evangélico, prometendo mais "luta";
  • o discurso de derrota de Alegre, interrompido a frio por Sócrates, onde insistiu no seu equívoco vazio que deve ter deixado as "esquerdas" à beira de um ataque de nervos;
  • os cortesãos de Mário Soares, mais do que o próprio;
  • a chorona Helena Roseta que falou na SIC directamente para a estratosfera;
  • as reportagens de Anabela Neves na SIC contra Cavaco;
  • o Padre Melícias que nunca escamoteou o seu odiozinho pouco católico a Cavaco;
  • a Joana Amaral Dias que é duplamente derrotada, dentro e fora do BE;
  • o Diário de Notícias;
  • a sobranceria das esquerdas acerca de tudo e de todos, particularmente em matéria de subtileza "cultural";
  • Santana Lopes, na sua segunda volta como derrotado;
  • os meus amigos que sobrepuseram a sua "lucidez" política à amizade;
  • o "aparelho" do PS, nas pessoas de Jorge Coelho, Lello, Edite Estrela e outros e de alguns membros do governo que decidiram ir brincar às presidenciais;
  • alguns blogues cujos "discursos" e respectivas ilustrações, muitos já realizados depois dos resultados, mostram pouco discernimento democrático;
  • o inefável dr. Cadilhe, a quem o País fez a desfeita de mandar o "Pai do Monstro" para Belém;
  • os míseros 50,59% de Cavaco Silva (2 745 491 votos), tão relembrados pelos contabilistas habituais (já nos idos de 80 faziam contas para provar que a Aliança Democrática de Sá Carneiro era "minoritária" mesmo vencedora), correspondem a mais 334 341 votos do que os esmagadores 55,76% de Jorge Sampaio (2 411 150 votos);
  • quatro criaturas que fizeram do combate a Cavaco Silva o respectivo programa de candidatura, alternando apenas no primarismo, na "imaginação" e no "tempo" de apresentação do programa;
  • o indeciso, essa categoria de português "mole" que gosta de ver passar os comboios.

7 comentários:

Anónimo disse...

Você esqueceu-se de juntar mais estes ao exército dos derrotados: os funcionários públicos a afins, que não perceberam (mas vão perceber...) que , com Cavaco em Belém ,Sócrates está muito mais apoiado para a aplicação das inevitáveis medidas duras. Ainda bem!

Anónimo disse...

Fantastico resumo desta campanha!
A vitoria de Cavaco é que foi o verdadeiro "Ensaio sobre a Lucidez".

Anónimo disse...

Apesar de poder concordar com todas as outras opiniões expostas neste post, há uma com a qual este «contabilista» de trazer por casa não pode deixar de ficar perplexo: a que compara o número de votos obtidos por Cavaco Silva nestas eleições com os obtidos por Sampaio, em 2001, contra Ferreira do Amaral, quando a abstenção foi, segundo a CNE, de 51% - i.e., apenas a maior de sempre em eleições presidenciais. Eleições, recorde-se, em que o «passeio» de Sampaio estava mais do que garantido e Ferreira do Amaral fez o frete ao PSD de se candidatar sabendo perfeitamente que iria perder. Porque não comparar com os resultados de qualquer outra eleição presidencial desde o 25 de Abril? As únicas eleições, para além das de 2001, em que o candidato mais bem colocado à partida teve um resultado inferior ao de Cavaco Silva foi precisamente a dos «idos de 80», quando Freitas do Amaral teve 2 629 597 votos, na primeira volta... Uma diferença, em relação aos agora obtidos por Cavaco Silva, pouco superior à soma dos votos nulos e brancos nestas mesmas eleições. Porque não comparar com as de 1991, em que a reeleição de Soares também estava garantida e registou-se a 2.ª maior abstenção de sempre (38%), e mesmo assim Mário Soares conseguiu apenas 3459521, uns «míseros» 714030 votos a mais do que Cavaco Silva neste seu passeio triunfal?
Sem lhe querer tirar mérito, o facto é que, se para além de percentagem de votos, tivermos em conta a abstenção (a 3.ª maior de sempre, a registar os 37,39%) que, segundo a maioria dos analistas, terá vindo principalmente do eleitorado de centro-esquerda, e que, também segundo os analistas, um percentagem considerável de votos em Cavaco Silva terá vindo do próprio PS, parece-me que a vitória de Cavaco Silva foi mesmo tangencial.
O que não deixará de lhe condicionar consideravelmente a actuação em relação ao Governo, tendo em vista as próximas eleições presidenciais.
Mas enfim, como já dizia um prémio nobel da economia, há números para todos os gostos (e para todos os contabilistas...) e cada um vê neles o que quer...

Anónimo disse...

Com tantas contas ainda vão descobrir que Cavaco perdeu as eleições e que quem ganhou foi o Louçã.

Diesel disse...

Grande apreciação JG.

sonia disse...

os míseros 50,59% de Cavaco Silva, foram os sufucientes para ganhar, não entendo é porque é que os apoiantes da esquerda, não referem o facto de terem perdido logo á primeira volta, por não se terem unido. Se ao invés do rol de candidatos de esqueda, tivessem entre todos feito uma coligaçãozinha, teriam ganho mais ... mas pronto, o poder, é sempre o poder, é dificil de partilhar, mesmo quando se luta pela derrota do Professor.

António Luís disse...

Subscrevo integralmente!
E sublinho o péssimo seviço que a Sr. Anabela Neves da SIC fez ao jornalismo, com as suas aparições junto do Eleito Presidente, antes e após a eleição.
A ver se na SIC aprendem qualquer coisa e a colocam onde deverá estar.
Já dei conta disso no meu humilde blog!...

A. Luís