Os muito novos talvez não se lembrem. Em 1980, logo a seguir à vitória da AD e no auge das presidenciais que opunham Sá Carneiro a Eanes - Soares Carneiro verdadeiramente não contava -, o então presidente deu uma conferência de imprensa a explicar, entre outras coisas, que o seu "modelo" não se afastava assim tanto do da coligação vencedora. Mário Soares, à altura secretário-geral do PS, amuou e mandou, com a delicadeza habitual, retirar as hostes da comissão eleitoral de Eanes. A maior parte daqueles que hoje mandam ou mandaram no PS, não lhe obedeceram e ficaram com Eanes, com Guterres e Sampaio à cabeça. Soares fez então o inesquecível "número" de "auto-suspender-se" das funções de chefe do partido. Todavia não aguentou estar calado. Em plena campanha presidencial, concedeu uma entrevista à única televisão da época na qual atacou Eanes e subtilmente declarou que votaria sempre num candidato que representasse o "espírito de Abril". Anos depois soube-se que tinha sido Galvão de Melo. Vem isto a propósito da brevíssima ressurreição de Santana Lopes às mãos do ódio de estimação do candidato Soares, a SIC. Já se tinha percebido que Lopes encontrou neste "Soares 3" a melhor representação de si mesmo há um ano atrás. E que isso não passa incólume a insuspeitos apoiantes de Soares que elogiam "a boa forma" de Santana Lopes, ou seja, que já estão por tudo. Até na história foi mimético. Lopes, nesta patética versão multiusos, deu mais uma vez prova de que não entendeu nada do que lhe aconteceu em Fevereiro de 2005. Para o ajudar, o dia 22 de Janeiro será como que a segunda volta do resultado que obteve o ano passado. Será, aliás, a única.
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