A Constança escreve na "Sábado" sobre Mário Soares a pretexto de "velhos". Eu subscrevo todo o artigo. Até a frase nuclear que, lida ao contrário, justifica a recandidatura de Soares: os velhos "não podem candidatar-se contra ninguém". Daqui para diante, julgo que não vale a pena tratar Soares como um amaciador de roupa. Nenhum gesto de Soares é gratuito. Não existe, na sua candidatura, um mínimo de beatitude. Soares avançou por dois motivos eventualmente nobres mas que, até hoje, não "entram" na cabeça dos eleitores. O primeiro, digamos, o mais doméstico, consistiu em evitar a candidatura de um socialista "menor", Alegre, e a de um "centrista" suficientemente ambíguo para se tornar no candidato do PS "institucional", Freitas do Amaral. Como é sabido, Alegre avançou, Freitas amuou e Soares conseguiu a extraordinária proeza de dividir o eleitorado originário do seu partido. O segundo motivo, o mais obsessivo, chama-se Cavaco Silva. Não têm faltado provas disso. O curso da campanha propriamente dita mostra que Soares quer acabar como começou, ou seja, a agitar fantasmas e a levantar barricadas. Nunca foi outro o programa deste "jovem de espírito". É por isso que as imagens "ternurentas" de Soares não me impressionam. Parece que uma das dificuldades junto da opinião pública é, injustamente, a idade. Todavia eu não vou por aí. Soares está num combate político para ganhar ou perder e não propriamente num exercício manso para se tonificar. Nessa medida, deve ser combatido ou apoiado. Não há meio-termo nem palavras "bonitas", algo que ele jamais usaria em plena "acção". Porque Soares não "brinca", mesmo quando parece, "em serviço". O "velho" merece, como sempre mereceu, a minha admiração e o meu respeito. O candidato, desta vez, apenas podia ter a minha oposição.
Sem comentários:
Enviar um comentário