A Carla, na sua infinita bondade e agudo "sentimento estético da existência" sem o qual não sobrevivemos, desafia a minha "sensibilidade literária" no que ao escrever em português diz respeito. Fala-me de Agustina e eu aceito. É uma ironista que me acompanha há anos e com quem partilhei, ao serviço do "Semanário" dos tempos Cunha Rego, uma conversa "minuciosa e inacabada" no Campo Alegre. Fiz o mesmo - eu e o Jerónimo Pimentel - com António Lobo Antunes por altura do "Auto dos Danados", nas instalações da D. Quixote. Lobo Antunes ainda não era o conversador aceitável em que se tornou tempos depois e dele prefiro, a muitos dos livros, as crónicas. Saramago não me impressiona, nem como escritor, nem como carácter. Não estremeci de comoção com o Nobel e não me intimida a sua soberba. Dispenso-o. De Mário Cláudio recordo sobretudo os cartões que trocámos por causa da sua "coluna" no referido "Semanário" e as conversas, em Lisboa, acerca de "Amadeu" e de "Guilhermina". Ao contrário de si, eu não sei o que é um "maior escritor vivo". Se tivesse de escolher, ia para a poesia ou para o ensaio e ficava-me pelo Joaquim Manuel Magalhães. Todavia, contraditório como sou, podia ser injusto ou infeliz nesse apontar egoísta. É que, dos verdadeiros "maiores escritores", apenas podemos dizer, como Mário Cláudio no final de "Guilhermina", que partiram e que "muito longe demoram". Um beijinho do JG.
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