Medeiros Ferreira, na "estreita curva final desta campanha", vê abrirem-se "horizontes mais largos" para o "povo de esquerda que se tem escondido das sondagens". Esta visão, um híbrido entre o misticismo tardio do dr. Soares e os "amanhãs-que-ainda-podem-cantar" comum a todas as candidaturas da "esquerda", assenta na frequência dos últimos comícios de Soares e de Jerónimo de Sousa. Se fossemos por aí, Jerónimo já era o campeão desta maçadora campanha. Acontece que nem ele, nem nenhum dos outros três, a começar por Soares, o são. Por uma razão muito simples. O "povo de esquerda", de que certas elites se imaginam donas perpétuas, dilui-se nesta eleição por vários candidatos, Cavaco incluído. Uma das coisas estimulantes que tem a candidatura de Cavaco Silva é justamente acabar com esta mitologia arcaica e ressabiada. Tem, pois, razão MF quando escreve que o "povo de esquerda" está a aparecer. Todavia - e, quase no fim, ainda não perceberam o que é que está a acontecer - parece que está a "aparecer" onde, de acordo com o cânone, não convinha que aparecesse. É a vida.
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