Este post acerca da indicação de Tomás Taveira para o "conselho consultivo do IPPAR" e das reacções que a mesma suscitou é muito oportuno. O "lobby" dos arquitectos, capitaneado pela voluntarista-mor do reino, a emotiva Roseta, mandou o mais que pôde no IPPAR até à emergência de Elísio Summavielle. Tomás Taveira, por razões maiores ou menores que não vêm ao caso e que só olham para onde não devem, tem sido o "bombo da festa" destas magníficas cumplicidades. Pode-se gostar ou não gostar do homem, todavia tem obra e percebe da obra. "Se há arquitecto que protagonizou dos últimos e interessantes debates sobre cidade e arquitectura em Lisboa e Portugal, com todos a terem e darem a sua opinião, terá sido Tomás Taveira. Mesmo antes das suas aventuras pela cinematografia. Que não gostem do homem, tudo bem, também não gosto. Que se censure a sua arquitectura, nada do outro mundo, mas é pelo menos uma obra é passível de crítica, (ao contrário do grosso da construção das nossas cidades). Que se pretenda afastá-lo da história da arquitectura portuguesa contemporânea, já é menos sério. Lançar o anátema do cu da menina Kookai sobre ele é que me parece de uma mesquinha vingançazita de quem não tem obra visível e discutida tanto pela mulher de limpezas como pela Maria Filomena Mónica.", lembra bem o autor. O "Portugal dos Pequeninos" de que aqui se fala todos os dias também é feito destas misérias paroquiais denunciadas pelo João. "Sobre a intervenção do IPPAR na sociedade e na cidade haveria muito a dizer: dos tráficos de influências a arquitectos que num ápice adquirem uma valiosa carteira de clientes e ainda mais depressa uma exposição de trabalhos – trabalhos??? – no Centro Cultural de Belém, a promotores que obtêm a anuência do Instituto para o derrube de velhas sanitas de Garrett enquanto que outros, na mesma rua, num lote contíguo, por não serem amigos do IPPAR, não obtêm o mesmo deferimento. Todo um rol de actividades que no fundo no fundo mais não são que a ressonância da forma como a sociedade portuguesa se organiza.No meio dos pedreiros, dos arquitectos e engenheiros, há lobbys. Estes são legítimos. São, porventura, úteis. Neste momento o mais óbvio é o dos paneleiros. Controla a crítica, promove o rabo uns dos outros. Qualquer pequena e irrelevante obra é pretexto para um texto no suplemento cultural de um diário, de uma aparição no único programa dedicado à disciplina emitido na televisão portuguesa – Tempo e Traço, na SicNotícias – onde se debitam discursos à volta do “bar da Laranja Mecânica e da capa de um cd do Triky” como grandes linhas programáticas que orientam um projecto pouco menos que socialmente irrelevante."
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