«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
31.5.05
TRABALHO DE CASA
LER...
POR QUE...
A FRENTE DA RECUSA...
La France de 2005 présente donc tous les signes d'une angoisse sociale majeure. Car ce n'est pas seulement un rejet des institutions européennes qui s'est exprimé. C'est aussi la peur que font peser sur chacun le chômage et la mondialisation. Et la profonde défiance des électeurs à l'égard de leurs représentants politiques (...) Mais le ralliement majoritaire à un vote protestataire s'accompagne d'un nouveau phénomène, qui est aussi un enjeu pour l'ensemble des partis de gouvernement : la forte défiance des jeunes générations. Comme en 1992, les plus de 65 ans ont voté oui, dimanche. Mais toutes les autres tranches d'âge de la population ont voté non. Le traité a ainsi été rejeté par 59 % des Français ayant entre 18 et 24 ans, mais aussi, dans la même proportion, chez les 25-34 ans. C'est pourtant chez les 35-49 ans que le non atteint son plus haut niveau (65 %). Il y a treize ans, cette génération-là, alors âgée de 22 à 36 ans, avait voté à 52 % pour Maastricht.
Vejam lá se, por cá, conseguem perceber.
SETE PALMOS DE TERRA
MELANCOLIA PRESIDENCIAL
30.5.05
ENTENDER OU ENGANAR?
FINANÇAS À PARTE
QUENTE E FRIO
É VERDADE QUE...
Adenda: Em alguma blogosfera também perpassa um sentimento fúnebre por causa do voto francês. Não vale a pena. A "honra perdida" dos burocratas redime-se, entre nós, em Outubro, num momento verdadeiramente à nossa altura. Vital Moreira, Marcelo, Vitorino, Freitas, Marques Mendes, Ribeiro e Castro, Paulo Portas, Santana Lopes, Jorge Coelho, Medeiros Ferreira, Edite Estrela, Cavaco Silva, Sócrates, Eduardo Lourenço, E. Prado Coelho, Graça Moura e tutti quanti vão partilhar o "debate europeu" - que se espera "profundo" e "esclarecedor" - com a tagarelice dos autarcas e dos candidatos a autarcas os quais, obviamente, estarão interessadissimos nesse "debate". É que a "Europa" não dá nada e o Major Valentim Loureiro, por exemplo, sempre dá ou já deu frigoríficos.
29.5.05
LER...
POR CÁ...
Vasco Pulido Valente
A EUROPA DA BOA CONSCIÊNCIA E A CONSCIÊNCIA DA EUROPA
28.5.05
A ANATOMIA DO "MONSTRO"...
OS ALVOS CERTOS
A BOA RESPOSTA É "NÃO"
"Uma derrota da Constituição não será a catástrofe que os eurófilos parecem temer: a vida vai continuar, mesmo em Bruxelas, e uma União que viveu durante meio século será certamente suficientemente forte para se acomodar a uma desfeita ocasional dos eleitores. Se fizer uma pausa para reflectir, isso poderá mesmo vir a ser rentável", defende a Economist. A revista considera que "as divergências de pontos de vista e os preconceitos nacionais na União Europeia são de tal forma consideráveis que é errado tentar fazer entrar cada vez mais domínios num quadro único." Um tal processo centralizador "tem limites".
A BEM DA NAÇÃO
27.5.05
ANATOMIA DO "MONSTRO" - 6
ANATOMIA DO "MONSTRO" - 5
APRENDAM!
DEPOIS DO "NÃO"
SIGILOS
ANATOMIA DO "MONSTRO" - 4
ANATOMIA DO "MONSTRO" - 3
Portugal prepara-se para gastar em 2005 :
Juros Bonificados para habitação : 400 milhões de Euros.
Formação Profissional : 900 Milhões de Euros.
Pagamento às SCUTS em 2005 : 400 Milhões de Euros.As taxas de juros hoje, não justificam hoje, a manutenção de um encargo tão elevado para o Estado. Mas mais grave é alguém conseguir explicar como pode o Estado português gastar 900 Milhões de Euros em formação profissional, quando todos os dias, ouvimos, que o nosso problema é a falta de qualificação dos nossos trabalhadores. No que às SCUTS diz respeito, que sentido faz insistir num modelo que daqui para à frente será cada vez mais oneroso.Estão aqui, grosso modo, 1,7 mil milhões de euros. Metade da despesa pública que Campos e Cunha, quer que em 2008, não exista. Basta querer.
26.5.05
O SENHOR QUE SE SEGUE
ESQUIZOFRENIA
CHANTAGEM
25.5.05
ANATOMIA DO "MONSTRO" - 2
ANATOMIA DO "MONSTRO"- 1
Acompanhei esta manhã a visita do Senhor Ministro da Justiça a um dos centros de reeducação de menores, geridos pelo IRS (...não, é o outro, o Instituto de Reinserção Social).O Centro conta com modelares instalações, nas quais não faltam piscina e picadeiro e estábulo com vários cavalos, para aulas de equitação. Nele trabalham 31 funcionários administrativos, de todas as categorias, desde director e sub-director a tratador de cavalos. Para além destes 31 administrativos, conta ainda com a indispensável colaboração de 9 professores, médico e até um sacerdote, embora estes últimos não trabalhem ali a tempo integral. Ao todo são mais de 50 (cinquenta) funcionários e prestadores de serviços que, diariamente, ali labutam de forma esforçada, em prol da reinserção social de jovens que, por uma razão ou por outra, se desviaram das normas sociais estabelecidas ou, como dirá o sacerdote, que pecaram. Um último pormenor: estão internados neste centro 9 (nove) jovens.
A EUROPA DOS CRETINOS
L’Europe des crétins
por Michel ONFRAY
Les gens qui vont voter Non à la constitution européenne sont des crétins, des abrutis, des imbéciles, des incultes. Petit pouvoir d’achat, petit cerveau, petite pensée, petits sentiments. Pas de diplômes, pas de livres chez eux, pas de culture, pas d’intelligence. Ils habitent en campagne, en province. Des paysans, des pécores, des péquenots, des ploucs. Ils n’ont pas le sens de l’Histoire, ne savent pas à quoi ressemble un grand projet politique. Ils ignorent le grand souffle du Progrès. Ils crèvent de peur.
Jadis, ces mêmes débiles ont voté non à Maastricht ignorant que le oui allait apporter le pouvoir d’achat, la fin du chômage, le plein emploi, la croissance, le progrès, la tolérance entre les peuples, la fraternité, la disparition du racisme et de la xénophobie, l’abolition de toutes les contradictions et de toute la négativité de nos civilisations post-modernes, donc capitalistes, version libérale.
L’électeur du Non est populiste, démagogue, extrémiste, mécontent, réactif. C’est le prototype de l’homme du ressentiment. Sa voix se mêle d’ailleurs à tous les fascistes, gauchistes, alter mondialistes et autres partisans vaguement vichystes de la France moisie, cette vieille lune dépassée à l’heure de la mondialisation heureuse. Disons le tout net : un souverainiste est un chien.
En revanche, l’électeur du Oui est génial, lucide, intelligent. Gros carnet de chèque, immense encéphale, gigantesque vision du monde, hypertrophie du sentiment généreux. Diplômé du supérieur, heureux possesseur d’une bibliothèque de Pléiades flambant neufs, doté d’un savoir sans bornes et d’une sagacité inouïe, il est propriétaire en ville, urbain convaincu, parisien si possible. Il a le sens de l’Histoire, d’ailleurs il a installé son fauteuil dans son sens et ne manque aucune des manies de son siècle. Le Progrès, il connaît. La Peur ? Il ignore. Le debordien Sollers, le sartrien BHL [Bernard Henry-Lévy] et le kantien Luc Ferry vous le diront.
Bien sûr le Ouiste a voté oui à Maastricht et constaté que, comme prévu, les salaires s’en sont trouvé augmentés, le chômage diminué et fortifiée l’amitié entre les communautés. Le votant du Oui est démocrate, modéré, heureux, bien dans sa peau, équilibré, analysé de longue date. Sa voix se mêle d’ailleurs à des gens qui, comme lui, exècrent les excès : le démocrate chrétien libéral, le chiraquien de conviction, le socialiste mitterrandien, le patron humaniste, l’écologiste mondain. Dur de ne pas être Ouiste...
Citoyens, réfléchissez avant de commettre l’irréparable !
O MESMO?
SÓ FALTA ELE
24.5.05
SEM COMENTÁRIOS
"Em 1928 era assim:
Mas não tenhamos ilusões: as reduções de serviços e despesas importam restrições na vida privada, sofrimentos, portanto. Teremos de sofrer em vencimentos diminuídos, em aumento de impostos, em carestia de vida... é a ascensão dolorosa de um calvário. Repito: é a ascensão dolorosa de um calvário. No cimo podem morrer os homens, mas redimem-se as pátrias.(Salazar)"
EM FRANÇA...
A FÁBULA
Adenda: Nem tudo foi mau. Eduardo Catroga - praticamente todo -, o ECORDEP (Estrutura de Coordenação da Reforma da Despesa Pública) de Pina Moura, algo que o "bonzinho" Guterres ignorou, e a "lei de estabilidade orçamental" de Manuela Ferreira Leite constituem progressos interrompidos pelas intermitências políticas. Francamente má, apesar de se tratar de uma excelente pessoa, foi a passagem de Guilherme Oliveira Martins pela Praça do Comércio. O Centro Nacional de Cultura assenta-lhe melhor. Por pudor, devia pura e simplesmente abster-se de "comentar" estas matérias.
23.5.05
OUTRO?
VIAGEM AO FIM DA NOITE
22.5.05
LER OS OUTROS
A EUROPA DIVINA
De toute façon les jeux sont faits puisque si le non l'emporte cette fois, on nous fera revoter jusqu'à ce que le oui l'emporte, comme on l'a fait pour le Danemark et l'Irlande (donc, autant voter oui tout de suite...). Ceci nous laisse toute liberté pour nous interroger sur la flambée du non en avril et sur les raisons de cette dissension tenace et silencieuse. Car cela seul a fait événement. La reprise en main du oui n'étant que celle d'une normalisation inexorable, seul le non fait mystère. Un non qui n'est pas du tout celui de ses défenseurs officiels, dont l'argumentation politique est aussi hétéroclite que celle du oui. D'ailleurs, le non d'inspiration politique n'aurait jamais suffi à faire flamber les sondages, et c'est lui qui régresse lentement sous la pression du oui... Le plus intéressant, la seule chose passionnante dans ce référendum en trompe l'oeil, c'est ce non qui se cache derrière le non officiel, ce non d'au-delà de la raison politique, car c'est celui-là qui résiste, et il faut qu'il y ait là quelque chose de bien dangereux pour que se mobilisent ainsi toutes les énergies, tous les pouvoirs confondus pour la défense du oui. Cette conjuration panique est bien le signe qu'il y a un cadavre dans le placard. Ce non est bien évidemment une réaction automatique, immédiate, à l'ultimatum qu'a été dès le début ce référendum. Réaction à cette coalition de la bonne conscience, de l'Europe divine, celle qui prétend à l'universel et à l'évidence infaillible, réaction à cet impératif catégorique du oui, dont les promoteurs n'ont même pas supposé un seul instant qu'il pouvait constituer un défi et donc un défi à relever. Ce n'est donc pas un non à l'Europe, c'est un non au oui, comme évidence indépassable. Personne ne supporte l'arrogance d'une victoire a priori quelles que soient ses raisons (lesquelles, dans le cas précis de l'Europe, ne sont rien moins que virtuelles). Le jeu est fermé d'avance, et tout ce qu'on sollicite, c'est le consensus. Oui au oui : derrière cette formule devenue banale se cache une terrible mystification. Le oui lui-même n'est plus exactement un oui à l'Europe, ni même à Chirac ou à l'ordre libéral. Il est devenu un oui au oui, à l'ordre consensuel, un oui qui n'est plus une réponse, mais le contenu même de la question. Ce qu'on nous fait subir, c'est un véritable test d'europositivité. Et ce oui inconditionnel génère spontanément, par une réaction à la fois d'orgueil et d'autodéfense, un non tout aussi inconditionnel. Je dirais pour ma part que le vrai mystère, c'est qu'il n'y ait pas une réaction plus violente, plus majoritaire encore, pour le non et contre cette oui-trification. Il n'y a même pas besoin de conscience politique pour avoir ce réflexe : c'est le retour de flamme automatique contre la coalition de tous ceux qui sont du bon côté de l'universel les autres étant renvoyés dans les ténèbres de l'Histoire. Ce sur quoi les forces du oui et du Bien se sont trompées, c'est sur les effets pervers de cette supériorité du Bien, et sur cette sorte de lucidité inconsciente qui nous dit qu'il ne faut jamais donner raison à ceux qui l'ont déjà. Déjà, lors de Maastricht et du 22 avril, les forces politiquement correctes, qu'elles soient de droite ou de gauche, n'ont rien voulu savoir de cette dissidence silencieuse. Car ce non en profondeur n'est pas du tout l'effet d'un «travail du négatif» ou d'une pensée critique. C'est une réponse en forme de défi pur et simple à un principe hégémonique venu d'en haut, et pour lequel la volonté des peuples n'est qu'un paramètre indifférent, voire un obstacle à franchir. Il est évident que pour cette Europe conçue selon un modèle de simulation qui doit être projeté à tout prix dans le réel et auquel chacun est sommé de s'adapter, pour cette Europe virtuelle, copie conforme de la puissance mondiale, les populations ne sont qu'une masse de manoeuvre qu'il faut annexer de gré ou de force au projet pour lui servir d'alibi. Et les pouvoirs ont bien raison de se méfier partout du référendum et de toute expression directe d'une volonté politique qui, dans le cadre d'une véritable représentation, risquerait de tourner mal pour eux. Ce sont donc les parlements qui, la plupart du temps, seront chargés de blanchir l'opération et d'avaliser l'Europe en douce. Mais nous sommes habitués à cette malversation de l'opinion et de la volonté politique. Il n'y a pas si longtemps, la guerre d'Irak a eu lieu grâce à une coalition internationale de tous les pouvoirs contre la volonté exprimée, massive et spectaculaire, de toutes les populations. L'Europe est en train de se faire exactement sur le même modèle. Je m'étonne d'ailleurs que les partisans du non ne fassent pas usage de cet exemple éclatant, de cette grande première dans le mépris total pour la voix des peuples. Tout cela dépasse de loin l'épisode du référendum. Cela signifie la faillite du principe même de la représentation, dans la mesure où les institutions représentatives ne fonctionnent plus du tout dans le sens «démocratique», c'est-à-dire du peuple et des citoyens vers le pouvoir, mais exactement à l'inverse, du pouvoir vers le bas, par le piège d'une consultation et d'un jeu de question/réponse circulaire, où la question ne fait que se répondre oui à elle-même. C'est donc, au coeur même du politique, la faillite de la démocratie. Et si le système électoral, déjà miné par l'abstention, doit être sauvé à tout prix (avant même de répondre oui, l'impératif catégorique est de voter à tout prix), c'est qu'il fonctionne à l'envers d'une véritable représentation, dans l'induction forcée de décisions prises «au nom du peuple» même si, secrètement, celui-ci pense le contraire. Il y a donc, derrière l'abréaction immédiate à la «pensée unique» de l'Europe, incarnée par le oui pensée libérale d'une Europe qui, faute d'inventer une autre règle du jeu, n'a d'autre solution que de se dilater et de s'agrandir par annexions successives (à l'image de la puissance mondiale), il y a donc, dans le non dont nous parlons, dans le refus de cette Europe-là, le pressentiment d'une liquidation bien plus grave que l'emprise du marché et des institutions supranationales la liquidation de toute représentation véritable , au terme de quoi les populations seront définitivement assignées à un rôle de figuration, dont on sollicitera de temps en temps l'adhésion formelle. Quant au résultat final, un certain suspense demeure : si c'est bien, selon toute vraisemblance, l'hégémonie insolente du oui qui a suffi à générer le sursaut révulsif du non, alors la recrudescence de la campagne en faveur du oui devrait logiquement engendrer un renforcement du non. Mais il n'est pas sûr que ce non venu des profondeurs de ce qu'on a pu appeler jadis les majorités silencieuses, résiste à une intoxication massive. Il y a fort à parier que nous allons repartir vers une régulation consensuelle, sous l'autorité spirituelle de tous les pouvoirs. Quel que soit le résultat d'ailleurs, ce référendum, coincé entre le oui et le non comme entre le 0/1 du calcul numérique, n'est qu'une péripétie. L'Europe elle-même n'est qu'une péripétie de plus sur la voie d'une échéance bien plus grave, celle d'une déperdition de la souveraineté collective à l'horizon de quoi se dessine un autre profil que celui du citoyen passif ou manipulé : celui du citoyen-otage, du citoyen pris en otage par les pouvoirs, c'est-à-dire la prise d'otage étant devenue la figure même du terrorisme une forme démocratique de terrorisme d'Etat.
Adenda: Ler no Sobre o Tempo que Passa, O Sim através do Não.
CONTRA O OPTIMISMO OBTUSO
A INCREDULIDADE ...
OS PEQUENOS INIMIGOS
21.5.05
PARA O ARGUMENTÁRIO DO "NÃO"
LER...
PAUL RICOEUR (1913-2005)
DE RABO NA BOCA
SAÍDAS
20.5.05
CAVACO
O "SR. EUROPA"
19.5.05
SE...
LER...
18.5.05
É A VIDA
O SÍTIO DO "NÃO" II
Circunspectos e desconfiados, os chefes de estado e de governo da União Europeia foram a Roma subscrever a “Constituição europeia”. Apesar das poses de circunstância e da gravitas exigida pelo momento, ninguém ignora que este transe não é seguramente dos melhores. Mesmo assim, não há plumitivo que não manifeste a sua “fé” neste extraordinário texto jurídico-político supostamente destinado a elevar a nossa condição de “cidadãos europeus” e a glorificar a burocracia de Bruxelas. Entre nós, nem mesmo o dr. Sampaio resistiu a exibir uma prosa melancólica nos jornais em defesa da “Constituição”, enquanto Santana Lopes, pouco à-vontade, se estreava nestas lides e José Sócrates apelava vigorosamente ao voto positivo em futuro referendo. Tudo isto se passou no rescaldo da infeliz prestação de Durão Barroso por causa da sua Comissão. Ao ceder ao “politicamente correcto” perante um PE tão reforçado pelas disposições do novo tratado como diminuído no perfeito equívoco da sua representatividade política, Barroso ficou prisioneiro de um sistema que, contrariamente ao que se supõe, não augura nada de bom para o futuro próximo da Europa. Na realidade, a “Constituição europeia”, um produto exclusivamente gerado entre os salões das cimeiras e os corredores anódinos do funcionalismo europeu, pouco ou nada diz ao “cidadão europeu” que tanto é citado. Aliás, a construção de uma “Europa virtual”, feita no sossego dos gabinetes e entre duas ou três chamadas de telemóvel, deverá custar caro aos seus virtuosos promotores, já que a “cidadania europeia” permanece na mais profunda ignorância em relação ao que efectivamente se passa. Também é verdade que as actuais lideranças políticas da Europa não ajudam ao exercício. A elas cabe a difícil tarefa de tentar convencer os respectivos cidadãos nacionais da bondade do tratado que subscreveram. Porém, que tipo de confiança pode gerar nas opiniões públicas nacionais e europeia a generalidade das criaturas que compareceram em Roma na semana passada? Suponho que muito pouca. A política doméstica já prepara um “consenso” albanês para o “sim” no referendo anunciado para a Primavera de 2005, sob o alto patrocínio do Senhor Presidente da República. Os poucos que ousarem opor-se a este artificialismo doentio, em nome de uma ideia diferente e verdadeiramente cosmopolita da Europa, deverão ser sumariamente considerados como anti-patriotas mal formados ou marginais enfurecidos. Eu, pelo menos, não me importo.
O SÍTIO DO "NÃO"
VALE A PENA?
17.5.05
O MÁGICO NÚMERO SETE...
Ninguém saberá quantificar ao certo o nosso deficit orçamental. Já aconteceu o mesmo com a França no ANCIEN REGIME. Quando começaram as contas de Necker, começou A REVOLUÇAO. Deste modo o recente número 7 é um verdadeiro número mágico. Tanto pode pecar por excesso como não. Qual será o próximo número? E porque se tolera tanto os erros dos orçamentistas?
O JOVEM CULTO II
"No pólo oposto ao de Heiden e Domenach está Kimberley Cornish, filósofo australiano descendente de ingleses, alemães e judeus, que em 1998 publicou um livro algo estranho, The Jew of Linz (Londres, Century Books) cujo subtítulo esclarece tratar-se de uma digressão sobre "Wittgenstein, Hitler e a sua secreta batalha pelo espírito". Nem menos. Batalha pelo espírito ou pela mente o original reza mind. Na exposição seguinte usarei a tradu- ção francesa (Wittgenstein contre Hitler, Paris PUF), que, saída no mesmo ano, corrige erros do texto original, reordena os seus capítulos e acrescenta um interessante prefácio do autor. É um livro com duas dimensões:
a) Uma, filosófica, aborda precisamente o problema da natureza do espírito (ou da mente). De acordo com Cornish, Hitler coincide com Wittgenstein quando este nega que cada pessoa tenha o seu espírito e que haja tantos espíritos quantas as pessoas (um comentador chama a isto "teoria da não-propriedade privada do espírito"), mas afasta-se dele quando nega que o espírito seja universal, comum a todos os homens, afirmando muito pelo contrário a existência de um espírito ariano, exclusivo da "boa raça". O filósofo australiano não pretende que Hitler tenha chegado a esta concepção por razões essencialmente intelectuais ou que "fosse capaz de a defender num seminário em Cambridge"; e antes pensa que ele "simplesmente partilhou a visão mística" de Ludwig Wittgenstein, à qual este "só mais tarde deu revestimento lógico". Mas nem por isso deixa de filiar o pensamento de ambos em Schopenhauer, cuja filosofia muito frequentada terá sido pelo jovem Adolf; e censura quem ao considerar o nazismo se recusa a reconhecer-lhe profundidade filosófica.
b) Histórica, a outra dimensão assenta no facto - desconhecido até 1987 - de Hitler e Wittgenstein terem sido contemporâneos na Realschule de Linz, estabelecimento de ensino secundário; e explora a hipótese de eles aí se terem enfrentado num conflito ao qual o Mein Kampf faz alusão e que os terá marcado para sempre. Não havendo nenhuma positiva notícia de que os dois rapazes, que não frequentavam o mesmo ano, se deram realmente um com o outro (há uma fotografia colegial onde surgem juntos, mas, nela, a identidade de W., muito provável, não é absolutamente evidente), Cornish acha todavia inverosímil que "duas personalidades tão dominadoras", dois tamanhos "prodígios da linguagem" - um teórico dela por excelência e o outro grande mestre da sua prática - tenham andado na mesma escola, ao mesmo tempo, sem se tocarem. E, não se conformando com esta ideia põe-se a investigar minuciosamente a passagem de ambos por Linz, bem como a inserção da poderosa família Wittgenstein nos círculos económicos, políticos e culturais, austríacos e não só; e, ainda, as relações que com essa família Hitler e a sua terão estabelecido. Chegando a extraordinárias conclusões. Por um lado, a de que o ódio de Hitler pelos judeus, além de precoce e não tardio como pretendem conceituados historiadores, foi de origem muito pessoal, fruto do seu recontro com W. e com a família deste Karl Meier-Wittgenstein, pai de Ludwig, grande industrial e mecenas, apoiou pintores da Secessão vienense, aos quais Hitler se opunha, e protegeu músicos judeus (e não judeus, como Brahms) inimigos do seu amado Wagner; para já não falarmos da possibilidade, mais vaga, de uma avó de Hitler ter ficado grávida de um príncipe Sayn-Wittgenstein em cujo palácio serviu... (os Meier- -W. também gostavam de passar por príncipes mas não eram). À luz de tudo isto, Cornish, concordando com quem diz que "sem Hitler não teria havido Holocausto", julga que "sem os Wittgenstein não teria havido Hitler". E não é tudo. Por outro lado, a de que sem Hitler não teria havido um certo Wittgenstein, tão influenciado pelo futuro Führer quanto este o foi por ele um Wittgenstein anti-hitleriano e militante comunista, que terá contribuído decisivamente para a derrota nazi na Segunda Guerra Mundial, fornecendo ao Exército Vermelho "as técnicas de decifração de cifras e códigos alemães que possibilitaram as vitórias russas na frente leste". Portanto, Wittgenstein acabou por vencer, salvando in extremis muitos milhares de membros de um povo para cuja desgraça involuntariamente contribuíra e do qual não julgara aliás fazer parte, sendo judeu de raça mas não de religião. Claro que o nosso australiano se congratula com essa acção salvífica; mas também julga ter descoberto que a militância de Ludwig, "estalinista puro e duro", o levou a servir a União Soviética à custa da Inglaterra, sua pátria de adopção, por ele traída quando recrutou Kim Philby e os outros espiões do círculo de Cambridge. No termo de uma minuciosa análise das actividades de W. em Cambridge, Cornish é obrigado a confessar que não obteve provas cabais disto mas tão-só múltiplos indícios que fazem do filósofo o mais verosímil suspeito do dito recrutamento, feito quase com certeza por alguém pertencente aos meios académicos por ele frequentados, sobre os quais exercia uma influência intelectual e política maior. Mais longe do que isto não consegue Cornish ir.Característica geral do seu método é acumular indícios que sozinhos pouco ou nada provam - e sobre os quais ele se lança, cheio de wishful thinkings que não tenta disfarçar - mas que tomados no seu conjunto se tornam impressionantes, compondo uma História que parece ora tentadora ora delirante. Não tenho aqui de escolher entre a sedução e a repulsa, porque, quanto ao meu assunto, as análises de Cornish, não demonstrando embora que o pensamento do Führer foi tão profundo como o pinta, bastam para vermos que esteve precoce e seriamente ligado aos debates fundamentais do seu tempo; e para pressentirmos que não foi por acaso que um Heidegger julgou poder servir-se do nazismo.Como veremos para a semana, os mais famosos biógrafos do Führer contam-nos coisas que rimam com este pressentimento, embora o não façam seu."
DUPLA PERSONALIDADE
O ESTILO MANUELINO
16.5.05
O MUNDO SEGUNDO CONSTÂNCIO
O NOSSO KUMBA
A ÚNICA QUESTÃO...
... este rapaz, bem parecido e oriundo do "lado bom da força",...
... foi tomado pelo "lado negro"...
... e se transformou num dos melhores "maus da fita" de todos os tempos e, indiscutivelmente, um dos meus preferidos. No cinema como na vida, percebe-se no fim da saga -já visto no "episódio VI" - que, afinal, por detrás do pior vilão se esconde uma boa alma. Desconfiem, pois, sempre dos "bonzinhos". E fujam dos sobreiros e do défice, a nossa pequenina e pacóvia "guerra das estrelas". Que a força, seja lá ela qual for, nos acompanhe. Ámen.