Por causa da "concertação social", esse mito inventado, salvo erro, nos tempos do "bloco central", o sr. Presidente da República apelou ao ethos patriótico dos trabalhadores e dos patrões, em particular, e de todos nós, de uma maneira geral. Sampaio, que não se quis meter demasiadamente na primeira versão do "filme" do défice, protagonizada estoicamente por Manuela Ferreira Leite - nessa altura, é bom lembrar, "havia mais vida para além" dele -, decidiu agora acudir aos trabalhos de Sócrates nesta remake colorida do mesmo filme. Tirando Sampaio que, para sua felicidade, vive consoladamente em estado permanente de utopia, suspeito que o apelo ao patriotismo não surta grande efeito. As coisas foram longe demais para que alguém esteja disposto, de ânimo leve, a abdicar da sua vida "videirinha". Sobretudo quando se olha para os últimos três anos e se recorda que, afinal, a montanha nem sequer chegou a parir um rato. Como disse Vasco Pulido Valente, este pathos converteu-se numa "anarquia mansa" na qual verdadeiramente nada nem ninguém é levado excessivamente a sério. Compreendo, por isso, a melancolia presidencial. Ao fim de dois mandatos, Jorge Sampaio não conseguiu entender o país que o elegeu.
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