Não sei bem porquê, tirei de uma estante o livro de Victor Cunha Rego, Os Dias de Amanhã. Fui parar a um texto intitulado "A Coragem do Papa". Foi escrito por ocasião dos 15 anos do pontificado de João Paulo II e da publicação da encíclica Veritatis Splendor. Dizia o Victor que "João Paulo II tem tido a coragem de dizer que não há "direito à felicidade", sendo esta a consequência dos nossos comportamentos e não a consequência dos nossos "desejos" e inclinações". E continuava. "João Paulo II continua a pregar no meio do barulho ensurdecedor do materialismo de tantos chefes de Estado e de Governos e que procuram dar-nos deste mundo a imagem do sucesso e da Disneylândia. João Paulo II é para os leigos e laicos, uma personagem histórica discutível. Mas ninguém ousará negar que traz no rosto as marcas da luta pelas suas ideias de salvação do mundo. O Papa defende, em muitos casos, valores absolutos e dogmas. O tempo dirá se seria essa a sua obrigação". Este é o primeiro "13 de Maio" sem João Paulo II à frente da Igreja Católica. Conhecemos a devoção que Wotjila dedicava a Fátima e ao culto mariano. E lembramo-nos das suas três visitas a Portugal, nesta ocasião, como "peregrino entre peregrinos". Ainda é cedo para fazer o balanço de que falava Cunha Rego. Uma coisa é certa. Daquela terrível fragilidade humana dos últimos anos, sobrou indiscutivelmente uma força interior que perdura e a que, por exemplo, os milhares de peregrinos de Fátima continuam a dar um sentido inexplicável. Se substituir, no texto citado, o nome de João Paulo II pelo de Bento XVI, as palavras permanecem ferozmente válidas. A reflexão de Ratzinger, de 1985, acerca de Fátima, é um sinal de que, no meio das "multidões de solitários mergulhados num barulho apregoado de progresso" (C. Rego), há uma ténue luz que brilha. Desse lugar foi lançado um sinal severo, que investe contra a falta de reflexão reinante, um apelo à seriedade da vida e da história, uma recordação dos perigos que pairam sobre a humanidade. É o que o próprio Jesus lembra muitíssimas vezes, não temendo dizer: "Se não vos converterdes, perecereis todos" (Lc 13,3). A conversão - e Fátima recorda-o plenamente - é uma exigência perene da vida cristã.
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
12.5.05
FÁTIMA
Não sei bem porquê, tirei de uma estante o livro de Victor Cunha Rego, Os Dias de Amanhã. Fui parar a um texto intitulado "A Coragem do Papa". Foi escrito por ocasião dos 15 anos do pontificado de João Paulo II e da publicação da encíclica Veritatis Splendor. Dizia o Victor que "João Paulo II tem tido a coragem de dizer que não há "direito à felicidade", sendo esta a consequência dos nossos comportamentos e não a consequência dos nossos "desejos" e inclinações". E continuava. "João Paulo II continua a pregar no meio do barulho ensurdecedor do materialismo de tantos chefes de Estado e de Governos e que procuram dar-nos deste mundo a imagem do sucesso e da Disneylândia. João Paulo II é para os leigos e laicos, uma personagem histórica discutível. Mas ninguém ousará negar que traz no rosto as marcas da luta pelas suas ideias de salvação do mundo. O Papa defende, em muitos casos, valores absolutos e dogmas. O tempo dirá se seria essa a sua obrigação". Este é o primeiro "13 de Maio" sem João Paulo II à frente da Igreja Católica. Conhecemos a devoção que Wotjila dedicava a Fátima e ao culto mariano. E lembramo-nos das suas três visitas a Portugal, nesta ocasião, como "peregrino entre peregrinos". Ainda é cedo para fazer o balanço de que falava Cunha Rego. Uma coisa é certa. Daquela terrível fragilidade humana dos últimos anos, sobrou indiscutivelmente uma força interior que perdura e a que, por exemplo, os milhares de peregrinos de Fátima continuam a dar um sentido inexplicável. Se substituir, no texto citado, o nome de João Paulo II pelo de Bento XVI, as palavras permanecem ferozmente válidas. A reflexão de Ratzinger, de 1985, acerca de Fátima, é um sinal de que, no meio das "multidões de solitários mergulhados num barulho apregoado de progresso" (C. Rego), há uma ténue luz que brilha. Desse lugar foi lançado um sinal severo, que investe contra a falta de reflexão reinante, um apelo à seriedade da vida e da história, uma recordação dos perigos que pairam sobre a humanidade. É o que o próprio Jesus lembra muitíssimas vezes, não temendo dizer: "Se não vos converterdes, perecereis todos" (Lc 13,3). A conversão - e Fátima recorda-o plenamente - é uma exigência perene da vida cristã.
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