O sr. Kumba Ialá, autócne da Guiné-Bissau e seu putativo Presidente, decidiu ontem voltar ao trono. Com a subtileza que caracteriza a gestão política nas ex-colónias portuguesas, o sr. Kumba não se preocupou um segundo com as repercussões do seu gesto. O presidente interino parece que continua a ser presidente e interino. E o governo deve estar à espera de ver o que é que as forças armadas vão fazer. Pelo meio existe Nino Vieira que quer ser o Valentim Loureiro das eleições de Junho próximo. A coisa, em suma, promete. Esta palhaçada protagonizada pelo sr. Kumba deve muito a Portugal. Depois do eufemismo chamado "independência", não houve cão nem gato que não corresse para a Guiné para "cooperar". Então em matéria de direito, nem se fala. Juristas a despontarem para o sucesso e reputados universitários das nossas faculdades de direito espalharam os seus conhecimentos por toda a Guiné com os resultados amplamente "pedagógicos" que estão à vista. Nababos do negócio e empresários "imaginativos" fizeram o que puderam para ganhar "o deles", sempre, naturalmente, a favor da emancipação local. O próprio sr. Kumba é um produto da nossa bendita colonização. Até foi jogador do "Louletano"... Ao fim destes séculos todos, continua-se sem se entender muito bem o que é que estivemos a fazer em África. Tudo bem espremido, acabámos verdadeiramente a semear apenas "Kumbas Ialás" e "Ninos Vieira" por todo o lado. Eles também são o que nós somos. E nós somos - nunca fomos outra coisa - o que eles são.
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