A dois dias do referendo em França, importa recensear alguma coisa que possamos aproveitar para o "day after" e, sobretudo, para nós. No Sítio do Não Francês convém ler este "Não da Esperança" de alguém que participou na redacção do tratado constitucional e da Carta dos Direitos Fundamentais e que é presidente da Comissão Económica e Monetária do Parlamento Europeu. É insuspeito: é membro do Partido Socialista Francês. Das razões apresentadas, traduzo (livremente) as que me parecem mais pertinentes para o "nosso" debate.
Os chefes de Estado e de Governo:
- suprimiram do texto final da Constituição a exigência de transparência que a Convenção pretendia impôr aos trabalhos do Conselho;
- não eliminaram a referência à "herança religiosa" e simultaneamente desvalorizaram o papel da Carta dos Direitos Fundamentais;
- retiraram da Constituição os tímidos avanços obtidos na Convenção na luta contra os "paraísos fiscais";
- retiraram os poderes do Parlamento Europeu em matéria de negociação do orçamento;
- consagraram uma Europa estilo "barco ébrio"/"bateau ivre", sem bússola nem farol que a oriente;
- não podem esperar a adesão a um texto que Tony Blair "venderá" aos ingleses sob o lema "isto-não-muda-nada";
- consagraram ligeiras correcções em relação a Nice, porém sem cuidarem de um projecto que faça avançar a Europa.
E conclui: "Depois do "não" francês, os europeístas sinceros, aqueles com os quais queremos ir em frente, deverão despir-se de preconceitos. E poderão fazê-lo a partir da dinâmica que será criada pelo "não" francês e no sentido de se relançar o projecto europeu, por forma a que a Europa possa funcionar sobre uma outra sustentação que não a do Tratado de Nice".
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