20.6.06

A REALIDADE - 2

O João Villalobos, saudoso "companheiro" de outras "guerras", interpela-me por causa disto. Apenas duas ou três observações. Nunca me passou pela cabeça que Cavaco Silva fosse "o paladino da oposição". Estou-me nas tintas para a "oposição". Pelo contrário, sempre escrevi que era a melhor escolha para evitar a quase inevitável degradação do regime e que, nem que fosse pelo "feitio", se entenderia melhor com Sócrates do que, por exemplo, o indisciplinado Mário Soares. Daí a ser um mero ersatz do governo é que vai, naturalmente, um passo. O governo já tem quem lhe trate da propaganda, não precisa do Chefe do Estado. Depois o João está absolutamente equivocado. Cavaco é um político que, no desempenho desta função, tem de ser forçosamente "profissional" e jamais "apolítico". Não existe, aliás, cargo mais político do que o que ele exerce. Se se lhe tirar a "política", não sobra nada. Apartidário, sê-lo-á sempre. Jamais intrigará com o seu partido de origem para derrubar quem quer que seja. O que tiver que cair, cairá por si ou não cairá. E, se isso acontecer, o Presidente certamente aparecerá. Para isso não precisa de apoiar este ou aquele membro do executivo ou "lançar indirectas". Basta-lhe falar a bom recato com o primeiro-ministro, sem microfones ansiosos. O que é preciso é que o Presidente, sempre que a realidade lhe bater à porta, a deixe entrar.

3 comentários:

João Villalobos disse...

Caro João,

Tens toda a razão. Onde escrevi «apolítico» deveria estar obviamente «apartidário».

Abraço e penitência

Anónimo disse...

... já tenho "saudades" dos seus "geniais" textos

... de qualquer forma este é "EXCELENTE"

obrigada

Anónimo disse...

O think thank do costume....