18.6.06

OS ASSESSORES


Deus sabe como não sou dado a invejas. Tudo o que anseio é que me deixem em paz e que cada um faça da sua vidinha o que melhor entender. Acontece que o propósito do governo é justamente não me deixar em paz. Paz de espírito, quero eu dizer. À autoridade política há que somar - convém, digo eu, somar - a autoridade moral ou ética. Isto vem a propósito do controlo da despesa pública. A atabalhoada "reforma do Estado" - supostamente em curso e cuja evidência maior é a liquidação pura e simples da noção de serviço público a bem de uma alternativa que o próprio governo desconhece qual seja - pretende apenas poupar. Ao menos o angustiado Hamlet tinha um método na sua loucura. Nesta matéria, o governo não tem rumo nem método. Tem uma carteira com trocos e um porco como mealheiro. Como "reforma", convenhamos, é poucochinho. No meio disto, sobra a propaganda. E essa tem de ser paga a preço de ouro. Já sabíamos que os gabinetes dos membros do governo são uma espécie de "saco de gatos" de controlo duvidoso. O custo dos assessores de imprensa , revelado pelo Público, é esclarecedor do desígnio. Por exemplo, o dr. Duarte Moral, do dr. Costa, merece o que ganha. O argumentário surpreendente acerca do combate a incêndios (que metia lareiras e conta-gotas) brotou da sua excelsa cabeça e o secretário de Estado Ascenso Simões repetiu-o à exaustão com o sucesso que as televisões mostraram. Também Carneiro Jacinto "parece" o verdadeiro ministro dos Negócios Estrangeiros e colmata, com manifesta eficácia e com uma fluência digna da Feira do Relógio, o "cansaço" do prof. Amaral. O caso da assessora das Finanças é mais difícil de compreender já que são os titulares dos gabinetes quem se encarrega dos salamaleques e de explicar praticamente o inexplicável. Agora é fácil. Cada vez que algum governante aparecer em público a pedir "poupança" e míngua sem se rir, peçam para falar com o assessor. Ele ou ela é que sabem. É para isso, pelos vistos, que lhes pagam.

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves, bem sei que com esta onda futobolistica, parece não haver mais nada para tratar, ainda por cima choveu e os fogos estão adiados por agora...creia que o leio com muito agrado, mas este assunto, por favor, não merece a sua pena, é mesmo muito pequenino

Anónimo disse...

O anônimo disse que eram minudências? Só foram indicados 3 e se fossem listados TODOS os que estão por conta para nos contarem as histórias muito bonitas?
Já não seriam minudências...

Anónimo disse...

O falecido jornalista Neves de Sousa chamava Memé Jacinto ao Carneiro Jacinto. Ele lá sabia porquê...

Anónimo disse...

Este assunto, primeiro aónimo, não é nada pequenino. Diz muito sobre a natureza do regime. Não necessariamente deste governo ou de outro qualquer, mas do regime. Pense um bocadinho e veja quanto pagam aos assessores que têm efectivamente de fazer alguma coisa que não seja tratar da "imagem", tipo produzir papeletas, legislação e outras coisas do género.

Anónimo disse...

Sou uma anónima sua leitora diaria. Estou de acordo que é uma questão de regime, claro, mas é uma questão tão recorrente que a mim, talvez pela minha idade, já me cansa. Enfim, talvez já não tenha ilusões...

Unknown disse...

Por ser de regime é que cansa... nunca foi eliminada. Se o tivesse sido, já não seria hoje uma questão de regime, como não é em países "a sério"!