QUESTÕES DE CONFIANÇA
Quando a Princesa Diana desapareceu, nas condições trágicas que se conhecem, Agustina Bessa Luis escreveu vagamente sobre o assunto e sobre a Princesa, e saiu qualquer coisa como isto: Diana não tinha sabido estar à altura do seu estatuto de princesa. No meio da comoção mundial do momento, a revista que publicou o texto foi inundada de cartas de protesto e o que se seguiu é conhecido. Ocorreu-me esta ironia agustiniana reflectindo sobre as palavras do nosso Chefe do Estado, ontem à noite. Só que agora, opto pelo sentido contrário ao dado então por Agustina. Sampaio soube estar à altura do mandato popular que lhe foi conferido, enquanto Primeiro Magistrado da Nação. Demonstrou aos fariseus e aos cobardes que não é um Presidente de uma República das bananas e de "bananas", apesar dos muitos que por aí vegetam. É uma questão de confiança. A bimbalhada comentadeira ( com o Sr. Delgado à cabeça, como "comentador ofical do regime", uma espécie "democrática" de Dutra Faria... ) não perdeu tempo, ora a elogiar sonsamente, ora a zurzir. Se Sampaio não tem falado, era mau, mas como falou, também é forçoso arranjar qualquer defeito. Podia ter ido mais longe, como sugeriram alguns, levando à demissão do PGR. Eu acho que não se perdia nada de substancial se o episódio ocorresse, mas imagino- e julgo que imagina Sampaio- o que não se diria. Do alto do seu frio e distante maoísmo reciclado, D. Barroso, não fugindo à estafada "confiança" que passa a vida a dizer que tem na justiça (como qualquer um de nós, não deve ter nenhuma...), decidiu finalmente secundar o Chefe do Estado, dando um sinal. O Estado de Direito democrático que supostamente nos vela, e em que Sampaio e Barroso mandam, precisa que se rompa este cerco de mediocridade que o envolve e que não deixa que se veja mais nada. Se calhar, esse também é outro problema, o de não haver mais nada para ver. São, afinal, questões de confiança.
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