CORTE NA ALDEIA
Durante quatro dias o Governo passeou e inaugurou na zona norte. Onde escrevo "Governo", deve ler-se Durão Barroso. A seu lado, de vez em quando, apareceram alguns "ajudantes-ministros", inteiramente decorativos e surdos-mudos. Já passou o tempo suficiente para se perceber que este Governo é uma entidade macrocéfala que obriga o Primeiro Ministro a ser praticamente um "ministro com todas as pastas". Do "número um" passa-se quase instantaneamente para o deserto. Por muito resistente que Barroso seja, não é aceitável que um Governo, ainda por cima "de maioria", tenha esta fisiologia medíocre. Descontando o folclore inauguracional do costume, a digressão do chefe do Governo serviu para passar duas mensagens. A primeira, e porventura a mais significativa, a de que estamos a chegar ao fim do ciclo dos famosos "quadros comunitários de apoio". Barroso incitou os "planos de desenvolvimento regional" a explorar à exaustão as "potencialidades" financeiras dos apoios comunitários antes de estes se virarem para o centro e leste europeus. Daqui a uns anos, voltamos, pois, a ter que contar com o que temos e, sobretudo, com o que não temos, e suspeito que a generalidade da Pátria ainda não percebeu isto. A segunda mensagem é mais banal e prende-se com o anúncio e a promessa de realizações, de betão, de "associações inter municipais" (?) e de outras coisas, previstas concluir até e para lá de 2010. Ninguém resiste a estas bagatelas, e Barroso sabe que alguém, a seu tempo como sempre, pagará as novas sinecuras, a água, o comboio, a luz e o cimento.
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