6.2.19

Outra mala de cartão: RESENHA HISTÓRICO-MILITAR DAS CAMPANHAS DE ÁFRICA ...

Outra mala de cartão: RESENHA HISTÓRICO-MILITAR DAS CAMPANHAS DE ÁFRICA ...: Não tem a ver com este livro mas, antes, com outro lá atrás, de Francisco Lucas Pires, O Ultramar e a revisão constitucional, de 1971. Ainda o terá disponível? Cordialmente, João Gonçalves joaogoncalv@gmail.com

23.1.12

PORTUGALDOSPEQUENINOS.BLOGS.SAPO.PT




O Portugal dos Pequeninos está no SAPO:

http://portugaldospequeninos.blogs.sapo.pt/

22.1.12

UMA GRANDE BIOGRAFIA


Lida com o vagar e o gozo que merece, a biografia de Pacheco, do João Pedro George, é um grande livro. Para além de Pacheco, é o "meio literário português" da época (escusam de procurar porque esse "meio" morreu há muito de morte natural dele e dos que o constituíram) que corre pelas linhas do autor e do biografado, todas doseadas como deve ser. Assim, de repente, só "apanhei" uma imprecisão e é política. Na página 422 é feita menção ao Governo do dr. Balsemão e ao "seu" ministro da Cultura, Coimbra Martins. Coimbra Martins só chegou a ministro da Cultura em 1983, depois das eleições de Abril do mesmo ano, no Governo do chamado Bloco Central dirigido por Mário Soares. O ministro da Cultura de Balsemão era Francisco Lucas Pires. Dito isto, o João Pedro George está de parabéns. E puta que os pariu!

OS NOSSOS POBRES MONÁRQUICOS* ET AL

Bem visto aqui. Depois há meia dúzia de bravos parvos da esquerda-baixa que almejam "destituir" o PR através da já tradicional "petição", fora os tolinhos que contam os aplausos e as vaias de Guimarães praticamente como votos. Cada vez mais me convenço, com Pascoaes, que ser português é uma "arte" difícil de dominar.

*a expressão é do Doutor Salazar que, muito adequadamente, nunca quis saber da "polémica" República/Monarquia para nada.

NO SAPO


Amanhã, dia 23, e ao fim de mais de oito anos de "emissão" através do blogspot, este blogue migra para o portal SAPO. Com um novo design concebido pela competente equipa "Blogs do Sapo", o Portugal dos Pequeninos muda apenas de aspecto e aparecerá com novas "funcionalidades". A migração inclui naturalmente o arquivo que permanece indemne desde o primeiro post. Isto facilita a vida aos patrulheiros de diversas proveniências que o percorrem com a avidez típica das ténias. Em vez de um, passam a dispor de dois já que este endereço blogspot não desaparecerá. Os mais diligentes burgessos podem, assim, "conferir" permanentemente ambos não vá escapar-lhes qualquer coisinha. Todavia, e permitindo-me parafrasear Wittgenstein livremente, tudo o que ainda não escrevi é mil vezes mais interessante que tudo o que já escrevi. Podem crer.

«TUDO ISTO É DEMOCRACIA»

«Ouvindo e sabendo tudo o que Cavaco Silva disse e fez esta semana, temos duas hipóteses. Ou seguimos a corrente e ficamos indignados porque caiu muito mal o choradinho do Presidente, cidadão da classe média alta, queixando-se da falta de dinheiro para pagar as despesas, ou descontamos essa infelicidade e atendemos ao papel relevante, mas discreto, que o Presidente da República teve e tem em matérias demasiado importantes para o futuro do País. Se seguimos a corrente estamos conversados, se queremos olhar para o que importa na nossa vida então temos de aplaudir o papel de Cavaco no sucesso da Concertação Social (foi sua a luta, por exemplo, para fazer cair a meia hora de trabalho a mais) e na tentativa de salvar a Madeira da bancarrota, arquipélago onde um louco político ameaça seguir para o abismo e levar toda a gente com ele. Tudo isto é Democracia. É a critica às palavras infelizes do Presidente, o elogio à sua actuação política, os prós e os contra do Acordo de Concertação Social e até a loucura de Alberto João Jardim. É, se calhar, por tudo isto que um estudo sobre a qualidade da Democracia, feito por Pedro Magalhães e António Costa Pinto, mostra que apenas 56% dos portugueses acreditam que a Democracia é o melhor dos sistemas e mais de 75% dos entrevistados estão convencidos de que "os políticos se preocupam apenas com os seus próprios interesses". Há uma solução para gostarmos um pouco mais da Democracia, chama-se cidadania activa e apela a que cada um de nós comece por ser mais exigente consigo próprio para poder exigir mais do resto da sociedade. Implica que lutemos pela defesa dos nossos interesses, mas implica igualmente que saibamos ceder em defesa dos interesses colectivos. A Democracia é o Presidente, o Governo e a Oposição, o sindicato que assina e o que não assina e é o patronato reunido em associação. Mas é, acima de tudo, a liberdade de cada um conduzir a sua vida no sentido que entender.»

Paulo Baldaia, DN

21.1.12

VOZ NUMA PEDRA

Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento

Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal


Mário Cesariny

BOM PROVEITO

No momento em que escrevo, estão a abrir - vejo na RTP - a "Guimarães 2012". Já tínhamos visto coisas semelhantes. De Lisboa ao Porto, e um pouco por todo o país com esses monumentos à glorificação pátria que são os estádios de futebol erguidos para o "euro 2004". 1994, 1998, 2001 ou 2004 são verdadeiros "marcos" no progresso de Portugal como se pode constatar amplamente em 2012. A retórica (o termo é de Maria Filomena Mónica em Cenas da Vida Portuguesa, de 1999, mal ela sabia que ainda faltavam o Porto, o referido "euro" e esta "Guimarães") é sempre a mesma. As sucessivas entrevistas que a RTP realizou são eloquentes a esse respeito. Mas, parece, escassa é a gente que consegue sobreviver sem um pouco de "magia", "ilusão" ou outra parolice qualquer. Bom proveito.

A ÉTICA REPUBLICANA DO SERVIÇO PÚBLICO

«Faltam bons exemplos. A começar pelo do Presidente da República, que num contexto de tão dramáticas dificuldades, que de resto ele permanentemente enfatiza, não esteve à altura da dignidade do cargo quando decidiu optar pelas suas pensões de reforma, em vez de assumir o salário das funções que o povo português lhe confiou directamente pelo voto. E sobram exemplos lamentáveis, como os que o jornalista António Sérgio Azenha analisa com objectividade no seu tão silenciado livro Como os políticos enriquecem em Portugal (ed. Lua de Papel, 2011), onde mostra como a passagem pela política pode viabilizar aumentos salariais de 3.000%, ao mesmo tempo que transfigura alguns vulgares militantes partidários em inesperados “senadores” da República...»

Manuel Maria Carrilho

AUGUSTO, O SABEDOR

Pode não se concordar com ele - é o meu caso - mas a inocuidade não é o forte deste militante socialista que Sócrates roubou ao "alegrismo" para fazer dele uma peça essencial dos seus seis anos de regime. Sabe-a toda.

UM PORTUGAL DOS PEQUENINOS


Dois jornais ditos de referência, o Público e o Expresso, mobilizaram respectivamente seis e quatro jornalistas (no primeiro caso, um deles é a própria directora) para a redacção da notícia relativa à remoção do dr. Mega Ferreira do CCB e à sua substituição por Vasco Graça Moura, um dos mais persistentes e consistentes críticos do detestável "acordo ortográfico". Esta extravagância jornalística só se explica pelo complacente temor reverencial que a Mega figura inspira junto do "meio" comunicacional e cultural português. Tratado praticamente como um venerando soba a quem só se acede por via taumatúrgica, Mega deixa por aí um cortejo de viúvas e viúvos crónicos destas coisas. Um certo Portugal dos pequeninos também é feito disto.

20.1.12

ADIEU

Mega Ferreira foi substituído na presidência do CCB. Mais vale tarde que nunca. Mega ainda há bem pouco tempo anelava pelo regresso de Sócrates à pátria: não tinha dúvidas de que "o país precisa de pessoas como o anterior primeiro-ministro". Em compensação, a impunidade de anos e anos de mandarinato "cultural" permitiram-lhe "não lhe ocorrer" o nome do actual primeiro-ministro. M. Ferreira representa a pior soberba do chamado "meio" cultural português - a mania que a "cultura" tem "donos". Que coisa mais provinciana, dr. Mega. Adieu.

A CAPITAL


Começa, com o cerimonial típico destes eventos (o famoso país de eventos que o Medeiros uma vez anunciou na televisão como uma das serventias para o nosso desenvolvimento e concomitante progresso), a "Guimarães 2012". É a terceira "capital" portuguesa da cultura depois de Lisboa e do Porto, em 2001, cujas peripécias iniciais não deixaram de ser deliciosas. Por natureza, desconfio sempre destes "eventos" e os prolegómenos desta "Guimarães" não foram propriamente os mais auspiciosos. São coisas que se sabe como começam mas raramente se sabe como e quando terminam. A Expo 98, por exemplo, parece que só agora começa a acabar. Mas ainda não acabou. E assim sucessivamente, como diria o saudoso César Monteiro que deveria adorar estes momentos de exaltação nunca se sabe bem de quê.

19.1.12

COISAS QUE IMPORTAM

«Foram já alcançados progressos significativos na execução da agenda de transformação estrutural. Tal foi confirmado na segunda avaliação da missão da UE-FMI-BCE, que concluiu que o programa de reformas estruturais está globalmente no bom caminho. Desde essa data foram tomadas medidas adicionais de grande importância. Em algumas áreas, como na reforma do mercado de trabalho, fomos inclusive além dos compromissos assumidos no Programa de Assistência Económica e Financeira. Permitam-me referir algumas das iniciativas mais importantes adoptadas desde o início do Programa:

• Os direitos especiais doo Estado e as golden shares foram eliminados. A privatização da EDP foi concluída no final de Dezembro de 2011 (um pouco antes do prazo estabelecido) com a entrada de um grande investidor estratégico internacional – a China Three Gorges Corporation – que adquiriu 21,35% do capital social da empresa. A receita da privatização ascendeu a 2,7 mil milhões de euros (o que representa mais de metade do montante total de receitas do pacote de privatizações previstas nos Memorandos do programa MEFP/MoU). A operação decorreu de acordo com os mais elevados padrões de equidade e transparência. O processo para a privatização da REN está no bom caminho para a conclusão em Fevereiro de 2012. Estas duas operações, que tiveram lugar em condições particularmente adversas, são exemplos claros da competitividade real da economia portuguesa hoje.

• A reestruturação do sector empresarial do Estado está também em curso. Pretende-se com a reestruturação ajustar a dimensão do sector público de modo a assegurar a prestação de serviços essenciais à população, garantindo ao mesmo tempo a sustentabilidade financeira das empresas. A reforma é muito abrangente e contempla a redução do número de empresas públicas, a privatização e/ou a concessão, a harmonização das regras de governo das sociedades e de reporte de informação, a adopção de rigorosos mecanismos de controlo e correcção e diminuir o pesado encargo da dívida. O plano estratégico para o sector dos transportes representa um dos elementos mais relevantes do plano de reestruturação, dado o peso relativo das empresas deste sector. O objectivo é garantir o equilíbrio operacional até ao final de 2012, estando já a ser tomadas as medidas necessárias para tal.

• Um outro passo de grande alcance foi o acordo de concertação entre o Governo e os parceiros sociais sobre Crescimento, competitividade e emprego (assinado ontem). Este acordo ilustra uma vez mais o grau de consenso em Portugal em torno do Programa de Ajustamento. O acordo é muito importante. Em primeiro lugar, porque incorpora um vasto conjunto de alterações estruturais, em particular no mercado de trabalho, que irão contribuir para melhorar a competitividade da nossa economia. Em segundo lugar porque permite que isso seja feito num contexto de diálogo social e mostra que muito pode ser alcançado através da acção colectiva voluntária. Devemos orgulhar-nos desta capacidade.

• No que diz respeito à melhoria do quadro de desenvolvimento da actividade empresarial, a reforma do sistema judicial tem um carácter prioritário. Foi apresentado um conjunto de medidas concretas para acelerar a resolução das pendências em tribunais. Foi aprovada a Lei da Arbitragem para facilitar a resolução extrajudicial. Foi apresentada uma proposta de alteração do código da insolvência e recuperação de empresas, com enfoque na celeridade, simplificação e criação de uma fase extrajudicial de recuperação de empresas. Está já em fase de conclusão a proposta de revisão da Lei da Concorrência - harmonizada com o quadro jurídico da UE e que reforça o poder da autoridade da concorrência. Além disso, o novo tribunal especializado em concorrência, regulação e supervisão está prestes a entrar em funcionamento.

Portugal enfrenta uma grave crise económica e financeira. Esta crise é o resultado de desequilíbrios macroeconómicos e financeiros e de fragilidades estruturais acumuladas durante mais de uma década. O endividamento do sector público e do sector privado não financeiro atingiu níveis insustentáveis. O ajustamento da economia portuguesa é, por conseguinte, inevitável. Neste contexto, o Programa de Assistência Económica e Financeira dá-nos condições para uma correcção ordenada destes desequilíbrios e para recuperar a credibilidade dos mercados financeiros . Com os três pilares do Programa - consolidação orçamental, estabilidade financeira e reformas estruturais – Portugal será capaz de eliminar os seus desequilíbrios macro económicos e criar condições para um crescimento sustentado e para a criação de emprego . Não tenho dúvida que um ajustamento ordeiro é no melhor interesse de Portugal. »

Vìtor Gaspar, 19.1.12

EM BREVE

13.1.12

CANALHICE

«A América não tem, decididamente, compleição para reinar sobre a orbe.»

DOIS CONSELHOS

O primeiro, ao meu caro amigo dr. Guilherme Silva, para sugerir a pessoas como esta que, caso tenham uma, usem a cabeça. O segundo, ao Banco de Portugal que deve rever a "política" de manutenção dos subsídios quando é uma prestigiada instituição pública e o esforço (remoção dos 13º e 14º meses) foi exigido a todas as instituições públicas.

12.1.12

FORAM SEIS

Não gosto de bola. Mas achei alguma piada que o novo presidente da Liga Portuguesa de Futebol tivesse sido eleito à revelia dos três clubes santarrões que apoiavam o derrotado. Por um voto se ganha, por um voto se perde. Foram seis.

BOA PERGUNTA


«Por que é que não se fala dos jornalistas maçónicos?»

OS MALES DA EXISTÊNCIA

Aqui há uns anos fui a Queluz com um amigo - que entretanto deixou de o ser por decisão sua unilateral - assistir à feitura do primeiro número de uma nova revista. A coisa prolongou-se pela madrugada fora. Chovia à brava e foi muito divertido. Leio entretanto na Lusa que essa revista acabou. Lamento sempre o fecho de órgãos de comunicação social. Mas julgo que tal "mundo" devia reflectir sobre o que lhe está a acontecer. E se não souber reflectir, meta explicador.

EVITAR MEDIR AS COISAS BOAS PELO NÍVEL DA PORCARIA


«Quando nós estamos de longe, temos pelo menos uma possibilidade, que é escapar àquele problema que sempre existe de, no meio da floresta, não se ver floresta por causa das árvores. E também aos erros de perspectiva, que fazem a gente julgar que uma árvore pequenina que está ao pé de nós é muito grande, e que uma árvore muito grande que está longe de nós é muito pequenina. E é exactamente isso: quando a gente está de longe vê-se melhor, corrigem-se melhor as coisas. Além do mais, eu penso que [...] ninguém tem a obrigação de ser o registo civil de tudo que se publica num país. A gente tem sempre tempo de esperar algum tempo, de saber quem é que se afunda e desaparece, quem é que fica. E aqueles que ficam a gente vai ler depois. Não há necessidade de ler todas as semanas tudo o que se publica. Até porque eu acho [...] que todas as literaturas normalmente são feitas de obras notáveis e de obras relativamente medíocres. E se a gente passar todas as semanas a ler 80% de porcarias e 20% de obras boas, a gente acaba por medir as coisas boas pelo nível da porcaria, não é?». (Jorge de Sena, 1972) Estas percentagens aplicam-se a uma data de coisas hoje em dia. É mesmo de evitar medir as coisas boas pelo nível da porcaria.

11.1.12

CORRENTE SOPORÍFERA


Também adormeci.

10.1.12

ÉPOCA DE CAÇA


Não me recordo de, nas várias ocasiões - e foram muitas - em que o PS mandou no governo e no país (absoluta ou não absolutamente), ver tanto pernóstico a "exigir" que os maçons revelem que o são.

EM BREVE


Aqui.

9.1.12

OPOSIÇÃO À TAPEÇARIA

Na livraria do Instituto Franco-Português adquiri, juntamente com o Dictionnaire Malraux, um livrinho de menos de 70 páginas com uma conversa entre Michel Foucault e Claude Bonnefoy. Foucault fala da sua escrita como qualquer coisa oposta à tapeçaria. Parece que adivinhava no que se viria a transformar a "literatura", os meios académicos, as relações em geral. Uns quatro anos antes desta conversa, por carta, o nosso Jorge de Sena escrevia ao também nosso Vergílio Ferreira; «E eu não me zango, meu caro, já me convenci de que [a] humanidade é irremediavelmente vil, com algumas horas bonitas de vez em quando, e não podemos exigir-lhe mais do que pode dar. A minha concepção dessa humanidade é mais ou menos esta: amemos quem aceitou partilhar a nossa solidão; usemos dos corpos que valha a pena aproveitar, sem os comprometermos com o nosso «espírito»; façamos aquilo que sentimos não poder deixar de fazer; e é tudo.» Qualquer coisa, em suma, oposta à tapeçaria.


SERVIÇO PÚBLICO


Passou ontem, pela primeira vez, no National Geographic e vai continuar. «Hitler a cor, com a sua cor real, documentado com exactidão através de imagens originais, é algo que nos é muito mais próximo. Vemos que está próximo historicamente, que não é alguém de um passado remoto. Isto pareceu-me especialmente importante para os jovens, o preto e branco distancia

Adenda (via mail, do crítico televisivo Eduardo Cintra Torres): «A notícia do Público tem uma falsidade, julgo que motivada por pressa por ignorância. Diz que o documentário tem imagens raríssimas a cores quando, como a própria notícia afirma adiante, as tais fotografias são a preto e branco mas foram colorizadas pelos documentaristas. Isto é, foram falsificadas quanto à sua verdade histórica. Daí que sejam "raríssimas": não é costume aldrabar-se fotos históricas. Se pusessem o Bambi por trás do Htiler a série ainda tinha mais audiência jovem.»

8.1.12

A SOCIEDADE ANÓNIMA DE IRRESPONSABILIDADE ILIMITADA


«O anonimato só é aceitável quando visa proteger alguém da repressão sob qualquer forma. Só se justifica, em termos análogos a outros segredos – como o segredo de voto –, quando é condição do exercício, sem constrangimentos, da liberdade de opinião. Não deve servir para praticar ameaças, injúrias, difamações ou outras condutas criminosas. De facto, não se pode proibir a burka na rua e admitir aos anónimos que intervenham ilimitadamente no espaço público da internet. Aliás, os anónimos que reclamam essa liberdade e o acesso irrestrito a todos os segredos mantêm, contraditoriamente, o segredo sobre si próprios, negando às restantes pessoas o acesso às razões mais profundas do seu agir.»

Fernanda Palma, CM

O CRIADOR E AS CRIATURAS

Aparentemente o ministério da Justiça "deve" dinheiro à Estamo barra Parpublica por causa de uns imóveis do Estado cuja venda ou arrendamento gerem. Conto sempre esta história. No dia seguinte a sentar-me na cadeira do conselho directivo do São Carlos, em 2002, recebi um telefonema do presidente da Parpublica a reclamar duas ou três rendas do Teatro Camões como se não estivéssemos todos dentro do mesmo "perímetro", o sustentado pelos contribuintes através do orçamento do Estado. Passaram estes anos todos e o Estado (de que as referidas empresas, em modalidade societária e através de indemnizações compensatórias, fazem parte) parece que continua refém destas suas maravilhosas criações. Quando é que o criador resolve, de vez, o "problema" das criaturas?

DOS PEDREIROS LIVRES AOS ALARVES-LIVRES

«Só agora é que descobriram que há Maçonaria? É tão interessante Portugal! De repente, põem - se a discutir uma matéria velha como se fosse nova. É sempre assim. Só descobriram as PPPs há pouco tempo. Não conheciam, não faziam ideia. Da Maçonaria, também não. Nem sonhavam... Ao Sábado à noite, no meio do zapping, às vezes deparamo-nos com uns alarves (dois) a rirem do que não sabem, a falarem a sério do que desconhecem e a ofenderem quem os ignora. Hoje falavam do tema do dia com o mesmo ar alarve de sempre. Triste Portugal.»

Pedro Santana Lopes

7.1.12

UM PAÍS SEM TRICOTEUSES


Visita a Penela. Um dia glorioso de sol, de ar puro e com gente boa. E chanfana, claro. Há outro país que se está muito adequadamente nas tintas para a tagarelice e para a mesmice. Deve deixar-se o "meio" entregue ao seu tricot inútil e seguir em frente. Penela aparentemente faz assim. E faz muito bem.

6.1.12

PÉ DE ORELHA


Segunda-feira, Sarkozy e Merkel retomam as conversinhas a dois que tanto sucesso trouxeram à Europa em 2011. Entre Abril e Maio, os franceses escolhem o presidente, ou seja, a possibilidade de Merkel mudar de interlocutor. Todavia, e apesar da remoção abrupta de Strauss-Kahn (cem vezes melhor que o incumbente ou do que qualquer seu putativo sucessor), Sarkozy não deve ser subestimado. A Europa pode esperar.

O GOSTO

«Os dez programas de televisão mais vistos em 2011 foram todos de futebol, com predomínio para os jogos da selecção nacional. A TVI liderou em novelas e "reality shows", mas a informação foi da RTP. A SIC conseguiu voltar ao segundo lugar e o conjunto dos canais do cabo estabeleceu-se como uma alternativa seguida por um quarto dos espectadores com acesso ao serviço de televisão por subscrição, praticamente já 70% do total do universo.»

Manuel Falcão, Jornal de Negócios

SUCEDEU-ME A MIM


A converseta em curso sobre a Maçonaria recorda-me o verso famoso do Régio: "há, nos olhos meus, ironias e cansaços". Entrei para o o GOL (Grande Oriente Lusitano) em 1988 e cheguei a ajudar a fundar uma Loja, a Fénix, no ano seguinte. Não aqueci o lugar. Regressei mais tarde a uma outra Loja do GOL, no final dos anos 90, mas sinceramente não me recordo do seu nome mas percebi que já era outra coisa e que os "irmãos", não todos, pretextavam a Maçonaria para diversificados fins. Tive a honra, nessa altura, de participar numa sessão na Loja do Dr. Fernando Valle, em Coja. Mas voltei a não aquecer o lugar. Para usar o termo canónico, estou "adormecido" vai para quinze anos. A Maçonaria interessa-me no sentido que interessava a figuras como, por exemplo, Oliveira Marques ou o referido Fernando Valle. Julgo que os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade constituem património civilizacional indisputável e pacífico. Deploro que ramos "modernaços" da Maçonaria levem a que aquela apareça condenada na praça pública apenas porque alguns dos seus alegados membros a ela se juntaram a pensar noutras coisas que não nos seus ideais nobres. Da mesma forma que considero uma imbecilidade atacar a Igreja porque há membros seus que cometeram crimes de natureza sexual ou outra, ou as ordens de advogados e as magistraturas por albergarem putativos arguidos e réus. Este post do José António Barreiros, com uma ou outra nuance, e "obreiro" em efectividade de funções, vai no mesmo sentido. «O facto de a sociedade dos pedreiros-livres se prestar a conluio e a perversões é tão antiga como a sua existência. A sua defesa e os ataques contra ela são parte da História Contemporânea. Trata-se de uma entidade que já recebeu como irmão o ditador Augusto Pinochet e de que fizeram parte a quase totalidade dos Presidentes dos Estados Unidos da América e grande número de membros da Família Real Inglesa. Além de uma multidão de pessoas que, em termos de importância social, são nada. E gente decente que nada tira e tudo dá. Há nela de tudo. E há sobretudo quem esteja nela pelas mais díspares razões, incluindo as moralmente honestas. E quem a abandone pelos mais variados motivos, incluindo os miseráveis e até pela inconsciência de ter estado. E o seu contrário. Alexandre Herculano, ao ter saído, mal entrara, escreveu, em 1876: «Uma das minhas rapaziadas foi ser pedreiro livre. Não tardei a deixá-la (à Maçonaria). Achei a coisa mais inepta, mais inútil e muito mais ridícula que uma irmandade de carolas». Sucedeu a muitos.» Sucedeu-me a mim.

5.1.12

MOZART



Mozart. Requiem. Herbert von Karajan. Wiener Philharmoniker. Wiener Singverein. Anna Tomowa-Sintow, Helga Müller Molinari, Vinson Cole, Paata Burchuladze. 1986.

UM FOCO


«Seria bom que em 2012 se conseguisse transformar a política num instrumento um pouco mais lúcido, eficaz, respeitado, e sobretudo mais focalizado no interesse comum. Porque é justamente isto que tem faltado: um foco que indique o essencial e o equacione com intuição, com conhecimento e com pedagogia.»

M. M. Carrilho, DN

4.1.12

DECÊNCIA


Álvaro Santos Pereira - fora do ruído habitual e alheio a provocações - está a trabalhar, livre de obsessões "curto-termistas", no contexto complexo que assola a economia portuguesa. É bom que assim seja. Os problemas não se resolvem com espectáculo. Resolvem-se com seriedade, discrição e decência. É o caso.

IDEAIS ESQUECIDOS


É mais ou menos isto.

3.1.12

METRO PORTELA

Uma boa notícia para Lisboa e para quem sempre contrariou a maravilhosa "ideia" de fechar a Portela para a transformar num belo jardim aos dispor das caganitas do melhor amigo do homem.

2.1.12

DO GÉNIO


O mérito de Hockney.

ACORDO ORTOGRÁFICO?


Claro que não, salvo em documentos oficiais porque a "aparelhagem" já foi formatada. Aqui não entra. Como escreveu Sousa Tavares no Expresso (que pratica a coisa há muito tempo, mas nem ele, Mexia ou Cutileiro o fazem e não deve ser por acaso), «a história do acordo ortográfico é um exemplo brilhante de como, por passividade e deixar andar, se consuma um crime contra o património». Com a agravante que, dos oito países falantes da língua, apenas três ratificaram isto enquanto cinco continuam com o português - cito de novo MST - «que nós traímos».

1.1.12

«QUEREMOS CONTINUAR A VIVER DE CABEÇA ERGUIDA»


«A crise que Portugal atravessa é uma oportunidade para nos repensarmos como País. Orgulhamo-nos da nossa história e queremos continuar a viver de cabeça erguida. Durante muito tempo vivemos a ilusão do consumo fácil, o Estado gastou e desperdiçou demasiados recursos, endividámo-nos muito para lá do que era razoável e chegámos a uma “situação explosiva”, como lhe chamei há precisamente dois anos, quando adverti os Portugueses para os riscos que estávamos a correr. Agora temos de seguir um rumo diferente, temos de mudar de vida e construir uma economia saudável. Somos todos responsáveis. Esta é a hora em que todos os portugueses são chamados a dar o seu melhor para ajudar Portugal a vencer as dificuldades. Trabalhando mais e apostando na qualidade, combatendo os desperdícios, preferindo os produtos nacionais. Deixando de lado os egoísmos, a ideia do lucro fácil e o desrespeito pelos outros. Nenhum Português está dispensado deste combate pelo futuro do seu País.»

Cavaco Silva, 1.1.12

MATOS EM SÃO CARLOS



Auspiciosa a abertura do São Carlos em 2012. O "concerto de ano novo" demonstrou, uma vez mais, a qualidade dos corpos artístico-musicais do Teatro, a saber, a Orquestra Sinfónica Portuguesa (com uma saudação muito especial para a Irene Lima) e o Coro. E confirmou a Matos como uma grande intérprete mundial. Estão de parabéns o João Villa-Lobos e o César Viana enquanto responsáveis pela gestão da casa em tempos difíceis.

AO GRISO DE JANEIRO

Eu vi gelar as putas da Avenida

ao griso de Janeiro e tive pena

do que elas chamam em jargão a vida

com um requebro triste de açucena

vi-as às duas e às três falando

como se fala antes de entrar em cena

o gesto já compondo à voz de mando

do director fatal que lhes ordena

essa pose de flor recém-cortada

que para as mais batidas não é nada

senão fingirem lírios da Lorena

mas a todas o griso ia aturdindo

e eu que do trabalho tinha vindo

calçando as luvas senti tanta pena


Fernando Assis Pacheco

31.12.11

UM PRINCÍPIO FELIZ DE ALGUMA COISA



Do fim, «o que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa.» (Agustina Bessa-Luís, 90 anos em 2012). É esse princípio feliz de alguma coisa que aqui fica como desejo fraterno e realista dirigido a todos os Leitores.

Clip: As vozes pertencem a Marilyn Horne e Joan Sutherland e a música é de Jacques Offenbach.


O EMBLEMA DA DECADÊNCIA


Durou até ao dia 21 de Junho. Se dependesse dele e dos seus acólitos, ainda hoje durava. Parecia qualquer coisa e acabou em coisa nenhuma. Sobraram dele uns quantos devotos medíocres acolitados em diversas instâncias de poder formal e informal. Dá-se por alguns (pelo seu confrangedor exibicionismo mediático que tem tanto de estúpido como de perigoso precisamente pela estupidez que exala) e dá-se menos por outros o que não quer dizer que sejam menos perigosos que os primeiros. A manha tem tantas fórmulas (más, evidentemente) como as do diabo. Pacheco, o Pacheco que tem dias, resume-o: «à volta dele o desastre absoluto», «mestre da propaganda, mestre no voluntarismo despesista, mestre no dolo, mestre na arrogância autoritária», «o seu nome tornou-se um insulto, cujo pathos ele renova com convicção e zelo, como nas declarações sobre a "gestão da dívida".» E Pulido Valente também: «o que admira neste homem é ele ter chegado a chefe de um grande partido e a primeiro-ministro. Tudo o resto se explica: a ignorância, a irresponsabilidade, o autoritarismo e a noção de que a política era uma forma de teatro. Mesmo assim, ganhou a confiança de gente que devia saber mais e os portugueses só correram com ele no último momento. Irá com certeza ficar como o emblema da decadência do regime.»