A converseta em curso sobre a Maçonaria recorda-me o verso famoso do Régio: "há, nos olhos meus, ironias e cansaços". Entrei para o o GOL (Grande Oriente Lusitano) em 1988 e cheguei a ajudar a fundar uma Loja, a Fénix, no ano seguinte. Não aqueci o lugar. Regressei mais tarde a uma outra Loja do GOL, no final dos anos 90, mas sinceramente não me recordo do seu nome mas percebi que já era outra coisa e que os "irmãos", não todos, pretextavam a Maçonaria para diversificados fins. Tive a honra, nessa altura, de participar numa sessão na Loja do Dr. Fernando Valle, em Coja. Mas voltei a não aquecer o lugar. Para usar o termo canónico, estou "adormecido" vai para quinze anos. A Maçonaria interessa-me no sentido que interessava a figuras como, por exemplo, Oliveira Marques ou o referido Fernando Valle. Julgo que os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade constituem património civilizacional indisputável e pacífico. Deploro que ramos "modernaços" da Maçonaria levem a que aquela apareça condenada na praça pública apenas porque alguns dos seus alegados membros a ela se juntaram a pensar noutras coisas que não nos seus ideais nobres. Da mesma forma que considero uma imbecilidade atacar a Igreja porque há membros seus que cometeram crimes de natureza sexual ou outra, ou as ordens de advogados e as magistraturas por albergarem putativos arguidos e réus. Este post do José António Barreiros, com uma ou outra nuance, e "obreiro" em efectividade de funções, vai no mesmo sentido. «O facto de a sociedade dos pedreiros-livres se prestar a conluio e a perversões é tão antiga como a sua existência. A sua defesa e os ataques contra ela são parte da História Contemporânea. Trata-se de uma entidade que já recebeu como irmão o ditador Augusto Pinochet e de que fizeram parte a quase totalidade dos Presidentes dos Estados Unidos da América e grande número de membros da Família Real Inglesa. Além de uma multidão de pessoas que, em termos de importância social, são nada. E gente decente que nada tira e tudo dá. Há nela de tudo. E há sobretudo quem esteja nela pelas mais díspares razões, incluindo as moralmente honestas. E quem a abandone pelos mais variados motivos, incluindo os miseráveis e até pela inconsciência de ter estado. E o seu contrário. Alexandre Herculano, ao ter saído, mal entrara, escreveu, em 1876: «Uma das minhas rapaziadas foi ser pedreiro livre. Não tardei a deixá-la (à Maçonaria). Achei a coisa mais inepta, mais inútil e muito mais ridícula que uma irmandade de carolas». Sucedeu a muitos.» Sucedeu-me a mim.
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