«Quando nós estamos de longe, temos pelo menos uma possibilidade, que é escapar àquele problema que sempre existe de, no meio da floresta, não se ver floresta por causa das árvores. E também aos erros de perspectiva, que fazem a gente julgar que uma árvore pequenina que está ao pé de nós é muito grande, e que uma árvore muito grande que está longe de nós é muito pequenina. E é exactamente isso: quando a gente está de longe vê-se melhor, corrigem-se melhor as coisas. Além do mais, eu penso que [...] ninguém tem a obrigação de ser o registo civil de tudo que se publica num país. A gente tem sempre tempo de esperar algum tempo, de saber quem é que se afunda e desaparece, quem é que fica. E aqueles que ficam a gente vai ler depois. Não há necessidade de ler todas as semanas tudo o que se publica. Até porque eu acho [...] que todas as literaturas normalmente são feitas de obras notáveis e de obras relativamente medíocres. E se a gente passar todas as semanas a ler 80% de porcarias e 20% de obras boas, a gente acaba por medir as coisas boas pelo nível da porcaria, não é?». (Jorge de Sena, 1972) Estas percentagens aplicam-se a uma data de coisas hoje em dia. É mesmo de evitar medir as coisas boas pelo nível da porcaria.
2 comentários:
É a sensação que também eu tenho quando vou ao estrangeiro e volto. Acho tudo isto muito pequenino,muito enredado nos tricôs da política e da informção miudinha. É raríssimo, num jornal estrangeiro, encontrar uma notícia sobre Portugal. Serão eles desatentos ou nós é que somos insignificantes?
Por razões familiares e profissionais costumo ir ao estrangeiro, á Europa "civilizada" e lá como cá a porcaria enunciada no post aplica-se na perfeição. Com a diferença que eles, por lá suicidam-se mais. Não escrevem nos jornais sobre nós porque não lhes interessa, nem nos conhecem...mas isso não significa que sejamos "insignificantes" apenas demonstra a burrice reinante nessa Europa "civilizada".
Ass: Romão
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