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9.1.12

SERVIÇO PÚBLICO


Passou ontem, pela primeira vez, no National Geographic e vai continuar. «Hitler a cor, com a sua cor real, documentado com exactidão através de imagens originais, é algo que nos é muito mais próximo. Vemos que está próximo historicamente, que não é alguém de um passado remoto. Isto pareceu-me especialmente importante para os jovens, o preto e branco distancia

Adenda (via mail, do crítico televisivo Eduardo Cintra Torres): «A notícia do Público tem uma falsidade, julgo que motivada por pressa por ignorância. Diz que o documentário tem imagens raríssimas a cores quando, como a própria notícia afirma adiante, as tais fotografias são a preto e branco mas foram colorizadas pelos documentaristas. Isto é, foram falsificadas quanto à sua verdade histórica. Daí que sejam "raríssimas": não é costume aldrabar-se fotos históricas. Se pusessem o Bambi por trás do Htiler a série ainda tinha mais audiência jovem.»

20.2.11

«SEM EMENDA»


«Vários comentadores exibiram a sua indignação ou o seu desprezo pelas dúvidas que manifestei sobre a possibilidade de se estabelecer um regime democrático no Egipto. Esquecendo por agora os pormenores do caso, isto levanta um problema interessante: o problema da diferença entre a visão da política de um historiador académico e a de qualquer outro especialista. Sou um historiador académico e, ainda por cima, estudo principalmente o século XIX e o século XX. Como é natural, perante as manifestações da Praça Tahrir, como da Praça Vermelha ou, se me permitem, do Rossio, as minhas preocupações são sempre duas. Primeiro, perceber as sociedades em que essas manifestações sucederam. Segundo, comparar a situação de que elas nasceram ou criaram com o que sei sobre casos análogos, embora a analogia seja discutível ou ténue. Numa história geral de França, François Furet, encarregado do volume sobre a revolução, escolheu duas datas que, para ele, a limitavam: 1789 e 1870. Porquê? Porque achou, e provavelmente bem, que só com a III República (quase cem anos depois da tomada da Bastilha) se chegou a uma democracia estável, geralmente aceite pela população. E, mesmo assim, não contou com Vichy e com o voto feminino, que teve de esperar por 1944. Houve entretanto duas repúblicas (agora estamos na quinta), três monarquias, Napoleão (o grande) e Napoleão III (o pequeno). Este tumulto endémico em que viveu a França veio directamente da resistência ao Governo representativo e, a seguir, ao Estado laico e ao sufrágio universal da democracia. A França não é o Egipto. Pois não. A França passou, à sua maneira, pelo "iluminismo" e, na literatura, como na pintura, e parcialmente na filosofia, a França era o exemplo do mundo. Em França, existia uma aristocracia "liberal", uma burguesia "progressista" e um eleitorado urbano de "esquerda". E a própria Igreja se submeteu à autoridade civil. E, no entanto, o caminho para o que hoje nós tomamos por "normalidade" foi longo e foi duro. Pensar que 80 milhões de egípcios (na esmagadora maioria, muçulmanos), neste momento "governados" por uma junta militar anónima, encontrarão depressa o regime democrático que lhes convém é, com certeza, um testemunho de virtude cívica. Mas basta pensar em Portugal (ou em Espanha) para perceber que é também um acto de ingenuidade e esperança, que ignora militantemente a realidade e a história. Quanto ao que me disseram os novos missionários da liberdade, repete letra a letra o que os velhos me disseram em 1991, quando a URSS se desfez.»

Vasco Pulido Valente, Público

20.4.09

HITLER SEM MISTÉRIO OU O TRIUNFO DO HOMEM COMUM


«Hitler [que nasceu faz hoje 120 anos ] foi um agitador ou um político sem cultura política, nunca um estadista, pois fez tábua rasa de quase tudo o que antes existira. Só uma civilização invertebrada, atomizada e sem rumo poderia ter produzido um caso tão bem sucedido de triunfo pessoal, pois tivesse nascido trinta ou quarenta anos antes, Hitler jamais teria ultrapassado os umbrais da fama. Hitler não é um génio; é a caixa de ressonância do mundo moderno, aberto a todo o aventureirismo e a todo a improviso. É o triunfo do homem comum.»

Miguel Castelo-Branco, Combustões

11.5.08

CONTRA OS PROCESSADORES DE DADOS


Vitorino Magalhães Godinho concedeu uma entrevista ao Expresso. Lamento ler nela - em papel porque não tenho acesso à totalidade, na net - não tanto as palavras do historiador mas a "leitura" das palavras de Magalhães Godinho conforme foi feita pelos entrevistadores. Godinho está à beira dos noventa com a mesma lucidez dos trinta ou dos quarenta. É discutível como toda a gente que pensa deve ser. Pena que os mais novos não possam - ou não queiram - usufruir do seu ensino, traduzido, felizmente, em livros de entre os quais se reeditou "A expansão quatrocentista portuguesa" (Dom Quixote). A nossa pobre "classe política", se lesse um livrinho seu intitulado " A Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa" (Arcádia), não seria certamente tão despropositada e vazia. Ninguém, aliás, devia ser "admitido" na política sem saber história. «Não estamos numa sociedade de pensamento, mas apenas de acumulação de dados», disse Godinho ao Expresso. É nisto que estamos, pastoreados por meros processadores de dados. Nada mais.

7.7.07

DOS LIVROS - 1



O João Távora - e não apenas ele, dá-me ideia que é uma coisa em forma de "cadeia" - pede-me livros. É tema sério - dos poucos que eu levo a sério - e serve para uma longa conversa a que tenciono dar lastro, na próxima semana, a partir do Vau. Ao contrário de mim, o veraneante Mário Soares, que já lá anda, tenciona regressar a Lisboa no dia 15 ou antes para votar. "É um dever cívico", foi o cliché que ele arrancou quando o abordei no lançamento deste livro e lhe afirmei que me estava nas tintas para o evento municipal. Pois é. Leio a Zita Seabra, por todos os motivos e mais um. Tempero com livros sobre filosofia e história que me permitem continuar, como Hemingway, com "grace under pressure". Para já, dois. Um "Guia de filosofia para pessoas inteligentes", de Roger Scruton (Guerra & Paz), e "As putas do Diabo", de Arnelle Le Bras-Chopard (Círculo de Leitores e Temas & Debates). Todavia, a mala do carro leva outras coisas de que se falará oportunamente. Até, imagine-se, livros de direito. E não perco, claro, a leitura semanal dos fascículos das memórias de José Hermano Saraiva, editadas pelo Sol. Agora tu, Francisco, conta lá o que é que levas para ler no Sal.