22.1.12

«TUDO ISTO É DEMOCRACIA»

«Ouvindo e sabendo tudo o que Cavaco Silva disse e fez esta semana, temos duas hipóteses. Ou seguimos a corrente e ficamos indignados porque caiu muito mal o choradinho do Presidente, cidadão da classe média alta, queixando-se da falta de dinheiro para pagar as despesas, ou descontamos essa infelicidade e atendemos ao papel relevante, mas discreto, que o Presidente da República teve e tem em matérias demasiado importantes para o futuro do País. Se seguimos a corrente estamos conversados, se queremos olhar para o que importa na nossa vida então temos de aplaudir o papel de Cavaco no sucesso da Concertação Social (foi sua a luta, por exemplo, para fazer cair a meia hora de trabalho a mais) e na tentativa de salvar a Madeira da bancarrota, arquipélago onde um louco político ameaça seguir para o abismo e levar toda a gente com ele. Tudo isto é Democracia. É a critica às palavras infelizes do Presidente, o elogio à sua actuação política, os prós e os contra do Acordo de Concertação Social e até a loucura de Alberto João Jardim. É, se calhar, por tudo isto que um estudo sobre a qualidade da Democracia, feito por Pedro Magalhães e António Costa Pinto, mostra que apenas 56% dos portugueses acreditam que a Democracia é o melhor dos sistemas e mais de 75% dos entrevistados estão convencidos de que "os políticos se preocupam apenas com os seus próprios interesses". Há uma solução para gostarmos um pouco mais da Democracia, chama-se cidadania activa e apela a que cada um de nós comece por ser mais exigente consigo próprio para poder exigir mais do resto da sociedade. Implica que lutemos pela defesa dos nossos interesses, mas implica igualmente que saibamos ceder em defesa dos interesses colectivos. A Democracia é o Presidente, o Governo e a Oposição, o sindicato que assina e o que não assina e é o patronato reunido em associação. Mas é, acima de tudo, a liberdade de cada um conduzir a sua vida no sentido que entender.»

Paulo Baldaia, DN

2 comentários:

floribundus disse...

gostava de saber quanto devia ser a reforma de Cavaco Silva enquanto trabalhador.

na minha aldeia dizia-se ao falar-se da inveja e ódio que caracteriza os portugueses e eatá presente na blogosfera
'não podem ver uma camisa lavada a um pobre'

Carlos Alves da Silva disse...

Este Baldaia mudou muito desde o dia 7 de Junho do ano passado, convenhamos.
Ele e o Marcelino.
Qualquer dia, mudam de novo, é claro.